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Agência busca saída para evitar risco financeiro às operadoras
DA REPORTAGEM LOCAL
A Procuradoria-Geral da Fazenda enviou documento à
Anatel, no início deste ano, solicitando que a secretária-executiva da agência, Simone Souza,
preparasse um informe a ser
enviado ao conselho diretor da
Anatel para que decidisse se
entraria como interessada nas
ações que exigem a devolução
dos valores do PIS e da Cofins
cobrados dos consumidores.
A Folha apurou que o assunto nunca foi discutido oficialmente pelos conselheiros da
agência, mas a Anatel respondeu ao informe dizendo que
não havia motivos para intervenção nos processos. Resultado: acabou sendo incorporada
nos processos pelo STJ, na
ação que será julgada em maio.
Não é a primeira vez que decisões importantes do setor de
telecomunicações são tomadas
pela Justiça, e não pela agência
reguladora. Um dos exemplos
ocorreu há um ano, quando a
Justiça Federal em Brasília exigiu que a agência deixasse claro
nos contratos de concessão assinados com as teles que a rede
por onde elas prestam o serviço
de internet seria devolvida ao
Estado após o fim do contrato.
A ação foi movida pela Pro
Teste, instituição que defende
os direitos do consumidor. Enquanto negociava com as teles,
a agência ficou impedida pela
Justiça de cobrar das operadoras pelo cumprimento das metas de expansão da banda larga.
No caso do suposto repasse
de PIS/Cofins aos consumidores, decisões judiciais indicam
que falta clareza da Anatel na
definição das regras de tarifação da telefonia fixa, abrindo
brechas para contestações.
De acordo com elas, a agência falhou ao definir o cálculo
da tarifa livre de impostos e de
contribuições. E também ao
permitir a repercussão econômica dos custos das contribuições nas tarifas (repasse do PIS
e da Cofins, encarados como
custos pelas operadoras).
Há divergências sobre o assunto até dentro da própria
Anatel, que, atualmente, estuda as implicações jurídicas de
sua fórmula de cálculo e o impacto que ela pode causar no
setor. A Folha apurou que todos os conselheiros já estão a
par do assunto e tentam, nos
bastidores, encontrar uma saída para evitar que as operadoras possam ter um problema de
caixa, caso sejam obrigadas a
ressarcir os clientes.
Segundo as regras, um revés
desse tipo poderia levar, em última instância, à revisão dos
contratos de concessão das
operadoras fixas. Só assim seria possível criar uma forma de
compensar o desequilíbrio econômico que uma decisão judicial dessas causaria às teles.
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