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Câmbio flutuante corrigirá deficit, afirma Meirelles
DO ENVIADO A WASHINGTON
O presidente do Banco
Central, Henrique Meirelles,
afirmou ontem que "não é
possível" o Brasil manter por
muito tempo a atual trajetória de aumento de seu deficit
em conta-corrente. E que,
com o câmbio flutuante, haverá "uma correção natural".
Deficit ou superavit em
conta-corrente são o resultado das transações financeiras e comerciais de um país
com o mundo. No Brasil, a
tendência tem sido de aumento por conta de fortes
importações para suprir a
demanda interna. O FMI estima que o deficit dobrará
neste ano, atingindo 3% como proporção do PIB, mas
que se estabilizará em 2011.
Para que o deficit não cause valorização excessiva do
dólar, o país tem de encontrar outras fontes de financiamento (além da balança
comercial positiva), como ingresso de investimentos.
Na sexta-feira, o deputado
Ciro Gomes (PPS) afirmou
que o Brasil poderá ter uma
crise cambial nos próximos
anos, com forte valorização
do dólar, como resultado do
aumento no deficit. Em resposta, Meirelles disse que o
Brasil entrou na crise com
US$ 205 bilhões em reservas
e hoje tem US$ 245 bilhões.
"Se a tendência do deficit em
conta-corrente se tornar insustentável, haverá uma correção natural por conta do
regime de câmbio flutuante,
que existe para isso", disse.
Se o deficit aumentar muito, o dólar tende a se valorizar, o que tem impacto negativo nas importações e positivo nas exportações. Isso
ajuda o pais a, com o tempo,
recuperar o fluxo positivo de
entrada de dólares. Segundo
Meirelles, o deficit vem sendo financiado mais por investimentos produtivos.
Mantega
Em discurso ontem no
FMI, o ministro Guido Mantega (Fazenda) afirmou que
o Brasil segue "decepcionado" com a falta de "ambição"
do Fundo em aumentar a
participação dos emergentes
nas decisões do órgão. Há
anos o FMI estuda esse aumento, que deve se dar com a
transferência de pelo menos
cinco pontos percentuais dos
votos dos países ricos para os
emergentes. O Brasil quer
pelo menos sete pontos.
(FCZ)
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