São Paulo, terça-feira, 25 de maio de 2004

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REGRA DO JOGO

Abdo questiona corte

Aneel critica projeto de agências reguladoras

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

O diretor-geral da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), José Mário Abdo, criticou ontem pontos do projeto de lei que define poderes e atribuições das agências reguladoras e reclamou do fato de o órgão que comanda ter sido alvo do contingenciamento orçamentário feito pelo governo no início do ano.
Na visão dele, a proposta do governo de criar um contrato de gestão a ser assinado entre agências e ministérios "fere o princípio de independência das agências" e cria uma "submissão hierárquica" das agências ao Executivo. Pelo contrato, a liberação de recursos estará vinculada ao cumprimento de metas pelas agências.
Abdo participou no Rio da Reunião Ibero-americana de Reguladores de Energia.
Segundo ele, o contrato ainda institucionalizará a prática, a seu ver inadequada, de cortes no orçamento das agências, já que os desembolsos serão regulados de acordo com o cumprimento de metas "muitas vezes difíceis de serem avaliadas".
No início do ano, a Aneel teve 50% do seu orçamento -ou R$ 85 milhões- contingenciado pelo Tesouro para que fosse garantido o cumprimento da meta de superávit fiscal. Isso, segundo Abdo, paralisou boa parte das ações de fiscalização da agência.
Para Abdo, o corte no orçamento é ilegal e poderá ser alvo de contestações judiciais, uma vez que os recursos da agência são "carimbados" e provenientes de uma taxa de fiscalização -0,5% da conta de luz.
"Alertamos o governo para o risco de ações judiciais. Isso porque é dinheiro do consumidor que está parado na conta da Aneel, que não presta um serviço que é da sua missão."
Em 2003, outros R$ 85 milhões foram cortados do orçamento da agência. Em 2002, a cifra foi mais baixa: R$ 20 milhões, diz Abdo. Embora numa proporção menor, outras agências também sofrem com o contingenciamento.
A Agência Nacional do Petróleo teve corte de R$ 26,5 milhões (17% do orçamento) e a Agência Nacional de Telecomunicações, de R$ 23,6 milhões -ou 7,7%.

Outro lado
Procurada pela Folha, a assessoria de imprensa da Casa Civil, responsável pela redação final do projeto de regulamentação das agências, não havia comentado as declarações de Abdo até o fechamento desta edição.


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