São Paulo, sexta-feira, 25 de maio de 2007

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Vagas não seguem aquecimento econômico

Taxa de desemprego no país fica estável em 10,1% no mês passado; rendimento avança 5% em relação a abril de 2006

Segundo o IBGE, não são criadas vagas suficientes para reduzir o desemprego; economista prevê melhora para os próximos meses


PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Sem refletir ainda o aquecimento da economia, o mercado de trabalho no país vive um 2007 considerado "frio" e de estagnação da taxa de desemprego, que ficou em 10,1% no mês passado, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Trata-se exatamente da mesma marca registrada em março.
Desde janeiro, a taxa está em ascensão e não são criadas vagas em quantidade suficiente para reduzir o desemprego.
Para Cimar Azeredo Pereira, gerente da Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE, o dinamismo da economia ainda não é suficiente para gerar postos de trabalho em número necessário para baixar a taxa.
A julgar pelo comportamento histórico, diz Pereira, o mercado de trabalho já deveria estar mais aquecido em abril.
Na média das seis regiões metropolitanas pesquisadas, o número de pessoas ocupadas caiu 0,3% de março para a abril -menos 68 mil pessoas. "Embora não seja estatisticamente significativo, o dado aponta uma tendência de queda da ocupação", afirmou Pereira.

Reação
Sem a contrapartida do aumento de vagas para enfrentar a maior procura, a taxa de desemprego se manteve elevada em abril, afirma Pereira. No mês, o contingente de desempregados teve variação negativa de 0,4% -9.000 pessoas.
"A gente já vê o comércio e a indústria aquecidos. No entanto a melhora do emprego não foi substancial até agora. A taxa de desemprego pouco variou, mas acredito que a economia vai acelerar e o mercado de trabalho reagirá melhor", avalia a economista Claudia Oshiro, da Tendências.
Segundo ela, é fato que o mercado de trabalho sempre reage com defasagem em relação ao aumento do nível de atividade econômica.
Ainda assim, Oshiro não considera ruim o resultado de abril. É que a taxa está abaixo da registrada no mesmo mês de 2006, quando era de 10,4%.
Para Lauro Ramos, do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, vinculado ao Ministério do Planejamento), o crescimento de 3,2% da ocupação (mais 640 mil pessoas) ante abril de 2006 é um fato "bastante positivo".
"Não houve avanços notáveis, mas o que a gente percebe são alguns progressos, como o fato de o rendimento subir e o emprego formal crescer", disse Ramos.

Rendimento maior
Na média, o rendimento dos trabalhadores subiu 0,3% de março para abril, estimado em R$ 1.114. A alta foi de 5% ante abril de 2006.
Os dados do IBGE mostram, porém, que nem todos se beneficiaram igualmente do reajuste do salário mínimo desde 1º de abril. Pelo contrário: o aumento fez crescer o contingente dos sub-remunerados, que passou de 15,8% da população ocupada em março para 20,4% em abril.
O reajuste explica ainda a queda na renda dos trabalhadores sem carteira (1,5%) e dos por conta própria (2,7%) de março para abril. Beneficiados pelo reajuste, os com carteira tiveram alta de 1,8%.
Segundo Pereira, a tendência é que, com o passar dos meses, os informais tenham seus salários alinhados ao mínimo, reduzindo o percentual dos sub-remunerados.


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