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Prazo para obter o seguro-desemprego poderá dobrar
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Preocupado com o avanço
anual dos gastos com o seguro-desemprego, o Palácio do Planalto encomendou à equipe
técnica do Ministério do Trabalho um estudo, ainda em fase
embrionária, para buscar opções de freio aos custos desse
benefício. Uma das idéias em
discussão prevê restringir o
acesso ao pedido de concessão
do benefício.
Entre as diferentes opções do
governo federal, de acordo com
o que a Folha apurou, essa restrição seria feita por meio da
polêmica alternativa de ampliar de seis meses para um ano
o prazo de trabalho obrigatório, com registro em carteira,
exigido para a solicitação do
benefício.
O governo federal estima que
em 2011 o volume de gastos
com o seguro-desemprego
atingirá R$ 22 bilhões, contra
R$ 15 bilhões previstos para este ano.
O trabalho de encontrar fórmulas para estancar o custo bilionário e cada vez maior do benefício permanece restrito à
equipe técnica do Ministério
do Trabalho. Quando concluído, será levado ao ministro do
Trabalho, Carlos Lupi, e, a seguir, ao presidente Luiz Inácio
Lula da Silva e à equipe econômica.
Resistência
Antes de seguir ao Congresso
Nacional, as propostas de mudanças terão de passar pela
avaliação de conselhos de governo e das centrais sindicais.
Não há prazo para que entre
nessa fase.
Polêmicas, as propostas, se
enviadas aos congressistas, deverão enfrentar dificuldades
para serem aprovadas. Outro
possível foco de resistência à
ampliação do prazo são as centrais sindicais.
A idéia inicial do governo é
encaminhar as sugestões de
mudanças por meio de um projeto de lei complementar, com
a regulamentação do parágrafo
4º do artigo 239 da Constituição, que diz: "O financiamento
do seguro-desemprego receberá uma contribuição adicional
da empresa cujo índice de rotatividade da força de trabalho
superar o índice médio da rotatividade do setor, na forma estabelecida por lei".
Ou seja, as empresas que demitirem acima da média do setor seriam punidas de alguma
forma, diante de uma avaliação
oficial de que os 40% de multa
sobre o FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço)
não têm conseguido frear a rotatividade dos trabalhadores, o
que, na prática, mantém em alta o valor global do seguro-desemprego.
Demissão sem justa causa
No início do ano, o governo
federal enviou ao Congresso
Nacional o pedido de ratificação da Convenção 158 da OIT
(Organização Internacional do
Trabalho), que acaba com a demissão sem justa causa e, entre
outros efeitos, caso aprovada,
poderá acabar com a multa rescisória de 40% do FGTS e, ao
mesmo tempo, frear a elevada
rotatividade no mercado de
trabalho.
Hoje o seguro-desemprego é
pago a trabalhadores demitidos
sem justa causa e que tenham
recebido salário nos seis meses
anteriores à demissão. O benefício varia de três a cinco parcelas (entre R$ 415 e R$ 776,46
por mês), dependendo do tempo em que o trabalhador permaneceu no emprego.
O seguro-desemprego está
hoje concentrado na região Sudeste do país. Os beneficiários
atendidos pelo programa têm o
seguinte perfil: atuaram no setor de serviços, comércio ou da
indústria de transformação,
possuem o segundo grau completo (32%) e têm entre 30 e 39
anos de idade (28%).
"Ele [o seguro-desemprego]
reflete exatamente a realidade
do mercado de trabalho brasileiro. O seguro-desemprego fotografa a situação do emprego
no Brasil", disse o secretário de
Políticas Públicas de Emprego
do Ministério do Trabalho,
Ezequiel do Nascimento.
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