São Paulo, domingo, 25 de maio de 2008

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Líderes concentrarão ainda mais seus mercados

DA REPORTAGEM LOCAL

Economistas e empresários são unânimes em um ponto: a concentração de mercado das maiores empresas do país tende a continuar crescendo nos próximos anos.
Segundo eles, essas companhias deixaram de ter atuação local e tornaram-se competidoras globais. Como a maioria delas é fabricante de commodities (os produtos básicos usados pelas indústrias), as empresas buscam agora escala para ganhar competitividade mundial e, nessa corrida, continuarão com as aquisições.
"Numa área de margens estreitas como o varejo de petróleo, a escala é muito importante", diz André Covre, diretor do Grupo Ultra. "Hoje, competimos com concorrentes globais e continuaremos buscando a liderança e a consolidação."
Nas outras grandes empresas de capital aberto, o discurso é o mesmo, com pequenas variações. Na Braskem, por exemplo, o plano é continuar aumentando a produção com investimentos no país e também no exterior. "Além de expandir a capacidade no Brasil, estamos montando uma base de exportações para a América do Norte e o Atlântico na Venezuela e outra, no Peru, para a Ásia e a Costa Oeste americana", afirma José Carlos Grubisich, presidente da Braskem.
Segundo Roberto Castello Branco, diretor da Vale, a empresa desenvolveu um modelo para vencer resistências a sua presença em outros países. Isso porque, hoje, 25% dos funcionários da empresa estão no exterior e, seguida a tendência de consolidação do setor, o percentual tende a aumentar.
"O fato de a indústria continuar rodando nessa velocidade, a despeito do câmbio, mostra que houve grande ganho de escala e competitividade", diz Francisco Pessoa, economista da LCA Consultores. "O problema é que corremos o risco de continuarmos sendo só produtores de commodities se não houver políticas ativas para que outras áreas atinjam os mesmos patamares."
A entrada de empresas de outros setores no mercado de capitais é um começo para a diversificação do modelo econômico. Pessoa, no entanto, cita a redução da burocracia, da carga tributária e a melhoria da educação como alguns dos fatores essenciais para o avanço de empresas com produtos mais sofisticados e caros.
"Vender commodities bem precificadas, de maneira sustentada no tempo e consolidando a posição de liderança no mundo, é bom", diz Grubisich. "Só que ficar somente nisso não basta: temos de investir na pesquisa, no desenvolvimento e na criação de marcas globais."
Segundo ele, políticas do BNDES de apoio à internacionalização das empresas brasileiras e mesmo a criação do fundo soberano são importantes para essa expansão. (CB)


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