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São Paulo, quarta-feira, 25 de junho de 2003

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INFRA-ESTRUTURA

Valor é necessário para ampliar geração e distribuição até 2020

Energia precisa de US$ 4,8 bi por ano

JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

O Brasil terá que investir US$ 4,8 bilhões por ano no setor elétrico para sustentar um crescimento ""moderado" da economia.
A estimativa, preparada pela Abdib (associação do setor de infra-estrutura e indústrias de base), usa como premissa uma expansão média anual de 3% o PIB (Produto Interno Bruto). Essa expansão ""moderada" da economia a que se refere o setor supera a expectativa deste ano. Para o Ipea (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas), por exemplo, o PIB deve crescer no máximo 1,6% neste ano. Expansão de 3%, prevê o Ipea, somente em 2004.
Pelo estudo da Abdib, até 2020, o Brasil terá que aumentar em 85 mil megawatts (MW) sua capacidade de produção de energia elétrica -ou seja, cerca de 5.000 MW/ano. Significa praticamente dobrar a capacidade produção hoje instalada -de 90 mil MW.
Nesse período, 1,8 milhão de residências teriam que ser ligadas à rede de distribuição de energia. Em 17 anos, os investimentos precisariam somar US$ 82,3 bilhões.
Os investimentos em usinas (hidrelétricas) devem demandar US$ 68 bilhões (82% do pacote de que o setor necessita até 2020). Outros US$ 12 bilhões teriam que ser empregados na expansão do sistema de transmissão e US$ 2,3 bilhões na universalização (fazer a energia chegar aos usuários).
Para a Abdib, o país não corre o risco, nos próximos dois anos, de sofrer uma nova crise no setor, como a de 2001, que impôs a aplicação de racionamento e de plano emergencial de construção de usinas termelétricas. Mas a Abdib faz ressalva: o risco está afastado desde que não sejam interrompidos os investimentos já contratados.
O vice-presidente da Abdib, Eduardo Bernini, afirma que dois fatores colaboram para um desafogo no setor elétrico. Primeiro, a queda do consumo doméstico, que não se recuperou desde o racionamento. Atualmente, o consumo está nos mesmos níveis de 1999. Depois, o menor consumo industrial, diretamente ligado ao pífio desempenho da economia brasileira -queda nos indicadores do setor produtivo, aumento de desemprego, perda de renda e de consumo das famílias.
"O que teremos de capacidade instalada nos próximos dois anos é resultado de decisões tomadas em 2000, 2001. Assim, o olhar deve ser para os investimentos que terão que ser iniciados agora e que também só vão começar a atender a necessidades do país em quatro anos", diz Bernini. Ele exemplifica: a construção de uma usina hidrelétrica de médio porte se estende por ao menos 40 meses.
Com a falência de grandes grupos do setor, como a Enron, uma das alternativas apontadas pela Abdib para a captação de investimentos seriam os fundos de previdência. ""Mas, para que optem por investimentos de longo prazo, e não de curtíssimo, precisamos de estabilidade dos marcos jurídicos [respeito aos contratos e definição do modelo], além de uma taxa de juros mais baixa."


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