|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
INFRA-ESTRUTURA
Valor é necessário para ampliar geração e distribuição até 2020
Energia precisa de US$ 4,8 bi por ano
JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
O Brasil terá que investir US$
4,8 bilhões por ano no setor elétrico para sustentar um crescimento
""moderado" da economia.
A estimativa, preparada pela
Abdib (associação do setor de infra-estrutura e indústrias de base), usa como premissa uma expansão média anual de 3% o PIB
(Produto Interno Bruto). Essa expansão ""moderada" da economia
a que se refere o setor supera a expectativa deste ano. Para o Ipea
(Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas), por exemplo, o
PIB deve crescer no máximo 1,6%
neste ano. Expansão de 3%, prevê
o Ipea, somente em 2004.
Pelo estudo da Abdib, até 2020,
o Brasil terá que aumentar em 85
mil megawatts (MW) sua capacidade de produção de energia elétrica -ou seja, cerca de 5.000
MW/ano. Significa praticamente
dobrar a capacidade produção
hoje instalada -de 90 mil MW.
Nesse período, 1,8 milhão de residências teriam que ser ligadas à
rede de distribuição de energia.
Em 17 anos, os investimentos precisariam somar US$ 82,3 bilhões.
Os investimentos em usinas (hidrelétricas) devem demandar
US$ 68 bilhões (82% do pacote de
que o setor necessita até 2020).
Outros US$ 12 bilhões teriam que
ser empregados na expansão do
sistema de transmissão e US$ 2,3
bilhões na universalização (fazer a
energia chegar aos usuários).
Para a Abdib, o país não corre o
risco, nos próximos dois anos, de
sofrer uma nova crise no setor,
como a de 2001, que impôs a aplicação de racionamento e de plano
emergencial de construção de usinas termelétricas. Mas a Abdib faz
ressalva: o risco está afastado desde que não sejam interrompidos
os investimentos já contratados.
O vice-presidente da Abdib,
Eduardo Bernini, afirma que dois
fatores colaboram para um desafogo no setor elétrico. Primeiro, a
queda do consumo doméstico,
que não se recuperou desde o racionamento. Atualmente, o consumo está nos mesmos níveis de
1999. Depois, o menor consumo
industrial, diretamente ligado ao
pífio desempenho da economia
brasileira -queda nos indicadores do setor produtivo, aumento
de desemprego, perda de renda e
de consumo das famílias.
"O que teremos de capacidade
instalada nos próximos dois anos
é resultado de decisões tomadas
em 2000, 2001. Assim, o olhar deve ser para os investimentos que
terão que ser iniciados agora e que
também só vão começar a atender
a necessidades do país em quatro
anos", diz Bernini. Ele exemplifica: a construção de uma usina hidrelétrica de médio porte se estende por ao menos 40 meses.
Com a falência de grandes grupos do setor, como a Enron, uma
das alternativas apontadas pela
Abdib para a captação de investimentos seriam os fundos de previdência. ""Mas, para que optem
por investimentos de longo prazo, e não de curtíssimo, precisamos de estabilidade dos marcos
jurídicos [respeito aos contratos e
definição do modelo], além de
uma taxa de juros mais baixa."
Texto Anterior: Opinião econômica: A arte do faz-de-conta Próximo Texto: Panorâmica - Agro 1: Rodrigues propõe fundo para tecnologia Índice
|