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Brasil deve crescer 4% no próximo ano, prevê OCDE
Retomada da expansão deverá começar já neste 2º semestre; para 2009, entidade estima que haverá retração de 0,8%
Ao constatar que os ricos já
teriam superado a pior fase,
estudo traça um cenário
otimista das perspectivas do
Brasil nos próximos meses
MARCELO NINIO
ENVIADO ESPECIAL A PARIS
A economia brasileira sofrerá contração de 0,8% em 2009,
mas já deve retomar o crescimento no segundo semestre do
ano e ter forte expansão em
2010, sustentada pela demanda
doméstica e pela recuperação
da atividade industrial.
As projeções fazem parte do
relatório anual da OCDE (Organização para a Cooperação e
o Desenvolvimento Econômico), divulgado ontem em Paris.
O estudo traça um cenário
otimista das perspectivas econômicas do Brasil nos próximos meses, em meio à avaliação de que o pior da crise nos
países ricos provavelmente está perto do fim.
Levando em conta a queda
no PIB no primeiro trimestre, a
OCDE reavaliou negativamente a previsão anterior sobre a
economia brasileira, divulgada
em março, de contração de
0,3% em 2009. Mas elevou a
previsão de crescimento em
2010: de 3,8% para 4%.
"A produção industrial está
se expandindo, especialmente
no setor automotivo. A demanda interna tende a ganhar força
no segundo semestre de 2009",
diz o estudo da entidade, da
qual o Brasil não faz parte.
As condições para a concessão de crédito no país permanecem restritas, observa o relatório, mas começam a dar "sinais de melhora". Os empréstimos de bancos a indivíduos já
se aproximam dos níveis anteriores à crise e os custos do crédito estão caindo em relação ao
pico registrado no fim de 2008.
Sobre a inflação, o estudo
prevê índice de 4,2% para este e
o próximo ano, pouco abaixo do
centro da meta do governo, de
4,5%. "As pressões inflacionárias derivadas da significativa
depreciação do câmbio ocorrida no segundo semestre de
2008 foram reduzidas pela desaceleração econômica."
Políticas
Para o economista Luiz de
Mello, responsável pela parte
brasileira do estudo, as políticas fiscal e monetária implementadas pelo governo criaram condições domésticas favoráveis para a retomada do
crescimento. Os principais riscos para o Brasil são externos,
diz ele, sobretudo o aperto no
crédito e a queda do comércio.
"A composição dos riscos é
predominantemente de fontes
externas, mas elas podem afetar a dinâmica interna, como a
retomada das exportações de
setores importantes, como a indústria automobilística e a
agricultura", disse ele.
Entretanto, Mello crê que a
forte contração do comércio
mundial -segundo a OCDE,
deve chegar neste ano a 16%, a
maior desde a Segunda Guerra- não terá necessariamente
impacto significativo no Brasil.
A OCDE lembra que o BC
cortou as taxas de juros em 4,5
pontos percentuais, de 13,75%
para 9,25% ao ano, e afirma que
há espaço para novas reduções.
Para a entidade, o "relaxamento" da política fiscal, com a redução da meta de superávit primário para este ano, é recomendável, mas só como medida temporária.
Isenções de impostos pontuais, como as aplicadas sobre
veículos, são alvo de críticas da
organização.
"Não somos fãs de políticas
seletivas", disse à Folha o economista-chefe da OCDE, Jorgen Elmeskov, que, no entanto,
reconhece o bom desempenho
do governo em matéria fiscal.
"No plano geral, o Brasil é um
exemplo de país emergente
que, graças a um comportamento virtuoso no passado,
abriu espaço para alguma flexibilidade fiscal na situação
atual", afirmou.
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