|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Vale fica mais dependente de exportações para a China
Volume embarcado é recorde e faz empresa avançar sobre concorrentes no país; vendas a chineses ajudam a superar pior fase da crise
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Cada vez mais dependente da
China, a Vale vive a mais difícil
negociação de preço dos últimos anos com o país, o único
mercado que reagiu com vigor
após o tombo sofrido pela indústria siderúrgica mundial
com o agravamento da crise.
Ontem, o diretor financeiro
da Vale, Fábio Barbosa, disse
que as importações de minério
de ferro da China cresceram
26% de janeiro a maio -mês no
qual atingiram o pico mensal de
56 milhões de toneladas.
A Vale ampliou as vendas para o país e destinou 34 milhões
de toneladas de minério de ferro no primeiro trimestre (último dado disponível).
O executivo ressaltou que tal
volume embarcado para a China é recorde e fez com que a
empresa avançasse sobre as
concorrentes. A Vale obteve
participação de 26% nas importações de minério da empresas chinesas, maior percentual da história da companhia.
Para Barbosa, o setor de mineração foi fortemente abalado
pela crise ao final de 2008, mas
já saiu do "fundo do poço" graças à recuperação do consumo
na China. "O fundo do poço já
foi atingido e estamos começando a nos afastar dele", disse.
Pressionada pelas usinas chinesas, a Vale já concede hoje
um desconto de 20% no preço
do minério de ferro nas cargas
vendidas à vista, mas as empresas querem mais. Pleiteiam
uma redução de 45% no produto e alegam que a demanda enfraquecida justifica o preço.
De sua parte, a Vale tenta negociar redução menor, de 28%
-mesmo percentual aplicado
nos contratos fechados com siderúrgicas da Coreia e do Japão
e com a gigante ArcelorMittal.
O fato é que a Vale reconhece
que, hoje, a China é um dos
poucos lugares que garantem
dinamismo à mineração.
Redução de custos
Para enfrentar a crise, Barbosa disse que a Vale adotou um
programa de diminuição de
custo, que implementou um
maior controle nas compras e
um detalhamento maior de
projetos, entre outras medidas.
Dentro desse espírito, a Vale
investirá R$ 305 milhões para
produzir o biodiesel que movimentará até 2014 todas as locomotivas da estrada de ferro de
Carajás e as máquinas utilizadas nas minas da região Norte.
Todo óleo será produzido a
partir da palma de dendê -cuja
produtividade é dez vezes
maior do que a soja, responsável pela produção de 85% do
biodiesel do país. A Vale diz que
só usará terras degradadas por
pastagens no interior do Pará
para o projeto, que envolve
2.000 famílias. Será ocupada
área de 130 mil hectares- 60
mil servirão ao plantio da palma. O restante passará por um
reflorestamento com espécies
de floresta nativa da região.
Tal iniciativa vai gerar uma
economia da ordem de R$ 150
milhões em gastos com combustível, de acordo com a Vale.
Texto Anterior: Crise derruba em 15% o número de milionários no mundo Próximo Texto: Chinesa leva petrolífera por US$ 7,2 bi Índice
|