São Paulo, quinta-feira, 25 de junho de 2009

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Vale fica mais dependente de exportações para a China

Volume embarcado é recorde e faz empresa avançar sobre concorrentes no país; vendas a chineses ajudam a superar pior fase da crise

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Cada vez mais dependente da China, a Vale vive a mais difícil negociação de preço dos últimos anos com o país, o único mercado que reagiu com vigor após o tombo sofrido pela indústria siderúrgica mundial com o agravamento da crise.
Ontem, o diretor financeiro da Vale, Fábio Barbosa, disse que as importações de minério de ferro da China cresceram 26% de janeiro a maio -mês no qual atingiram o pico mensal de 56 milhões de toneladas.
A Vale ampliou as vendas para o país e destinou 34 milhões de toneladas de minério de ferro no primeiro trimestre (último dado disponível).
O executivo ressaltou que tal volume embarcado para a China é recorde e fez com que a empresa avançasse sobre as concorrentes. A Vale obteve participação de 26% nas importações de minério da empresas chinesas, maior percentual da história da companhia.
Para Barbosa, o setor de mineração foi fortemente abalado pela crise ao final de 2008, mas já saiu do "fundo do poço" graças à recuperação do consumo na China. "O fundo do poço já foi atingido e estamos começando a nos afastar dele", disse.
Pressionada pelas usinas chinesas, a Vale já concede hoje um desconto de 20% no preço do minério de ferro nas cargas vendidas à vista, mas as empresas querem mais. Pleiteiam uma redução de 45% no produto e alegam que a demanda enfraquecida justifica o preço.
De sua parte, a Vale tenta negociar redução menor, de 28% -mesmo percentual aplicado nos contratos fechados com siderúrgicas da Coreia e do Japão e com a gigante ArcelorMittal.
O fato é que a Vale reconhece que, hoje, a China é um dos poucos lugares que garantem dinamismo à mineração.

Redução de custos
Para enfrentar a crise, Barbosa disse que a Vale adotou um programa de diminuição de custo, que implementou um maior controle nas compras e um detalhamento maior de projetos, entre outras medidas.
Dentro desse espírito, a Vale investirá R$ 305 milhões para produzir o biodiesel que movimentará até 2014 todas as locomotivas da estrada de ferro de Carajás e as máquinas utilizadas nas minas da região Norte.
Todo óleo será produzido a partir da palma de dendê -cuja produtividade é dez vezes maior do que a soja, responsável pela produção de 85% do biodiesel do país. A Vale diz que só usará terras degradadas por pastagens no interior do Pará para o projeto, que envolve 2.000 famílias. Será ocupada área de 130 mil hectares- 60 mil servirão ao plantio da palma. O restante passará por um reflorestamento com espécies de floresta nativa da região.
Tal iniciativa vai gerar uma economia da ordem de R$ 150 milhões em gastos com combustível, de acordo com a Vale.


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