São Paulo, terça-feira, 25 de julho de 2006

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Anac pressiona Varig a definir nova malha

Empresa aérea tenta redefinir destinos com apenas seis aeronaves; serviços têm mais um dia de caos nos aeroportos

Caso a aérea não apresente o roteiro, agência diz que definirá vôos por conta própria; funcionários não sabem como será demissão

JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

A Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) determinou ontem que a Varig informe imediatamente a nova malha que deverá operar durante o chamado "período de emergência". Caso a Varig não apresente os destinos, a agência vai definir por conta própria as rotas. A Varig informou que ainda não foi notificada da decisão da agência e que não podia divulgar a nova malha ontem. A Folha apurou que a principal dificuldade no fechamento de um acordo é a redução no número de aeronaves. Até o leilão de venda das operações da companhia, na última quinta-feira, a Varig operava com 13 aviões. A VarigLog arrematou a companhia aérea em leilão e anunciou no mesmo dia a suspensão de todos os vôos, com exceção da ponte aérea. No dia seguinte, a Anac reagiu e disse que não poderia aceitar tal redução da oferta de vôos. O principal desafio dos novos donos da companhia é retomar o diálogo com as empresas de leasing. Atualmente, a Varig opera com seis aviões. Durante reunião da diretoria da Anac, a Varig chegou a propor a manutenção de vôos de ponte aérea, para Porto Alegre, Nova York, Miami e Frankfurt. O presidente da Varig, Marcelo Bottini, informou ontem à agência que a empresa se compromete a oferecer refeições em caso de espera acima de quatro horas e a oferecer acomodação caso não haja vôo no mesmo dia. Além disso, cabe à empresa orientar o passageiro a buscar assento em outras companhias. Os passageiros deverão ser avisados dos cancelamentos por meio do serviço de atendimento da Varig. A Anac informou que, caso hotéis e serviços de alimentação não aceitem vouchers da Varig, os passageiros devem pagar as despesas e guardar as notas e recibos de embarque para buscar ressarcimento da Varig. A TAM informou ontem que realizará, a pedido da Anac, mais quatro vôos de reforço entre hoje e amanhã para o Nordeste para atender a demanda extra por vôos domésticos. O ponto crítico da negociação é a aceitação de bilhetes da Varig por companhias aéreas estrangeiras, já que a companhia foi excluída da câmara de compensação de bilhetes da Iata (Associação Internacional de Transporte Aéreo). Ontem, a VarigLog depositou US$ 75 milhões (R$ 164 milhões) para investimentos na Varig, conforme o previsto no edital do leilão da companhia. Segundo Denise Abreu, diretora da Anac, a agência já pediu ao juiz Luiz Roberto Ayoub, da 8ª Vara Empresarial, que defina com a Varig o tamanho da malha que ela vai operar. Os "slots" (espaços e horários para pousos e decolagens) nos aeroportos foram "congelados" por decisão judicial para tornar a companhia mais atraente em leilão. Com base no desenho da malha, será contabilizado o prazo de 30 dias previsto em lei para que a União retome as concessões. A Andec (Associação Nacional dos Consumidores de Crédito), com sede em Belo Horizonte, ajuizou ação civil coletiva na Justiça Federal contra a Varig e a Varig Log para tentar garantir o ressarcimento dos "prejuízos materiais e morais" sofridos pelos passageiros nos últimos meses.

Demissões
Enquanto a Varig tenta redesenhar sua nova malha com poucas aeronaves, os funcionários ainda não sabem como serão demitidos. Os sindicatos tiveram reunião ontem com Bottini, mas a Varig não informou o número de demitidos nem quando ocorrerão os cortes. A companhia apresentou uma estimativa de R$ 170 milhões para os custos de rescisão, que incluem R$ 58 milhões em salários atrasados de abril a junho.


Colaboraram PAULO PEIXOTO , da Agência Folha, em Belo Horizonte, e a Reportagem Local

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