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Anac pressiona Varig a definir nova malha
Empresa aérea tenta redefinir destinos com apenas seis aeronaves; serviços têm mais um dia de caos nos aeroportos
Caso a aérea não apresente o roteiro, agência diz que definirá vôos por conta própria; funcionários não sabem como será demissão
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
A Anac (Agência Nacional de
Aviação Civil) determinou ontem que a Varig informe imediatamente a nova malha que
deverá operar durante o chamado "período de emergência".
Caso a Varig não apresente os
destinos, a agência vai definir
por conta própria as rotas.
A Varig informou que ainda
não foi notificada da decisão da
agência e que não podia divulgar a nova malha ontem.
A Folha apurou que a principal dificuldade no fechamento
de um acordo é a redução no
número de aeronaves. Até o leilão de venda das operações da
companhia, na última quinta-feira, a Varig operava com 13
aviões. A VarigLog arrematou a
companhia aérea em leilão e
anunciou no mesmo dia a suspensão de todos os vôos, com
exceção da ponte aérea. No dia
seguinte, a Anac reagiu e disse
que não poderia aceitar tal redução da oferta de vôos.
O principal desafio dos novos
donos da companhia é retomar
o diálogo com as empresas de
leasing. Atualmente, a Varig
opera com seis aviões. Durante
reunião da diretoria da Anac, a
Varig chegou a propor a manutenção de vôos de ponte aérea,
para Porto Alegre, Nova York,
Miami e Frankfurt.
O presidente da Varig, Marcelo Bottini, informou ontem à
agência que a empresa se compromete a oferecer refeições
em caso de espera acima de
quatro horas e a oferecer acomodação caso não haja vôo no
mesmo dia. Além disso, cabe à
empresa orientar o passageiro
a buscar assento em outras
companhias.
Os passageiros deverão ser
avisados dos cancelamentos
por meio do serviço de atendimento da Varig. A Anac informou que, caso hotéis e serviços
de alimentação não aceitem
vouchers da Varig, os passageiros devem pagar as despesas e
guardar as notas e recibos de
embarque para buscar ressarcimento da Varig.
A TAM informou ontem que
realizará, a pedido da Anac,
mais quatro vôos de reforço entre hoje e amanhã para o Nordeste para atender a demanda
extra por vôos domésticos.
O ponto crítico da negociação é a aceitação de bilhetes da
Varig por companhias aéreas
estrangeiras, já que a companhia foi excluída da câmara de
compensação de bilhetes da Iata (Associação Internacional
de Transporte Aéreo).
Ontem, a VarigLog depositou US$ 75 milhões (R$ 164 milhões) para investimentos na
Varig, conforme o previsto no
edital do leilão da companhia.
Segundo Denise Abreu, diretora da Anac, a agência já pediu
ao juiz Luiz Roberto Ayoub, da
8ª Vara Empresarial, que defina com a Varig o tamanho da
malha que ela vai operar.
Os "slots" (espaços e horários para pousos e decolagens)
nos aeroportos foram "congelados" por decisão judicial para
tornar a companhia mais
atraente em leilão. Com base
no desenho da malha, será contabilizado o prazo de 30 dias
previsto em lei para que a
União retome as concessões.
A Andec (Associação Nacional dos Consumidores de Crédito), com sede em Belo Horizonte, ajuizou ação civil coletiva na Justiça Federal contra a
Varig e a Varig Log para tentar
garantir o ressarcimento dos
"prejuízos materiais e morais"
sofridos pelos passageiros nos
últimos meses.
Demissões
Enquanto a Varig tenta redesenhar sua nova malha com
poucas aeronaves, os funcionários ainda não sabem como serão demitidos. Os sindicatos tiveram reunião ontem com Bottini, mas a Varig não informou
o número de demitidos nem
quando ocorrerão os cortes.
A companhia apresentou
uma estimativa de R$ 170 milhões para os custos de rescisão, que incluem R$ 58 milhões
em salários atrasados de abril a
junho.
Colaboraram PAULO PEIXOTO , da Agência Folha, em Belo Horizonte, e a Reportagem Local
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