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Bolsa tem 2º pior pregão do ano e cai 3,8%
Preocupações com o setor imobiliário americano derrubam Bolsas pelo mundo; Nova York recua 1,6%, e Londres, 1,9%
Tensão global faz risco-país do Brasil subir 4,14%; dólar avança 1,1% diante do real
e BC mantém compra da moeda americana
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O mercado de ações teve ontem um de seus piores dias do
ano. Perdas importantes foram
registradas nas principais praças financeiras do mundo. Na
Bovespa, o pregão de ontem registrou baixa de 3,86% -o pior
desde o de 27 de fevereiro,
quando a Bolsa de Xangai, na
China, despencou e assustou o
mundo financeiro global.
Mais uma vez, o epicentro foi
o mercado imobiliário americano. Resultados ruins da
maior empresa de financiamento imobiliário dos EUA desencadeou nova onda de temores. Junto a isso, somaram-se
relatórios de bancos alertando
para as incertezas que ainda
rondam o segmento de dívidas
hipotecárias dos EUA.
A queda da Bolsa de Nova
York, que atingiu há poucos
dias seu pico histórico de 14 mil
pontos, ficou em 1,62%. A Bolsa
eletrônica Nasdaq, onde são
negociados papéis de companhias de alta tecnologia, caiu
um pouco mais, 1,89%.
"O mercado já abriu preocupado com o setor imobiliário e
só piorou durante o dia. Quando esses movimentos de realização de lucro começam, um
investidor vai atrás do outro e
se desfaz de ações que não venderia em um pregão normal",
afirmou Álvaro Bandeira, diretor da corretora Ágora.
O volume financeiro movimentado na Bovespa mostra o
quanto as vendas foram fortes.
O pregão terminou com giro de
R$ 5,83 bilhões, montante 42%
acima da média diária do ano,
que é de R$ 4,08 bilhões. E a
queda foi generalizada. Apenas
2 das 59 ações que compõem o
índice Ibovespa terminaram
em terreno positivo.
Na Europa, houve desvalorizações fortes nas Bolsas de
Londres (-1,90%), Milão
(-1,89%), Frankfurt (-1,73%) e
Paris (-1,69%). Entre os latino-americanos, perdas afetaram
principalmente as Bolsas de
Buenos Aires (-2,69%) e México (-2,20%).
O anúncio da Countrywide
Financial, a maior empresa
americana de financiamento
imobiliário, de que seu lucro no
segundo trimestre sofreu queda de 33% assustou o mercado,
que esperava recuo menor.
Desde o primeiro trimestre
do ano, os investidores têm se
mostrado cada vez mais preocupados com a inadimplência
no mercado de "subprime" (financiamento imobiliário para
clientes de maior risco nos
EUA) e suas conseqüências para o resto da economia.
"Além do resultado ruim da
Countrywide Financial, houve
um relatório feito pelo Citigroup que mostrou preocupação com a inadimplência em hipotecas de menor risco. E isso
só piorou o clima", disse Gustavo Barbeito, analista da Prosper Gestão de Recursos.
O que assusta o mercado
mundial são os efeitos que um
aprofundamento da crise no
setor imobiliário pode ter sobre
a economia americana. Para
piorar o humor do mercado,
balanços mais fracos que o esperado de grandes empresas,
como American Express e DuPont, foram divulgados ontem.
Os próximos dias contarão
com relevantes dados econômicos -entre esses, o PIB dos
EUA na sexta. Assim, os analistas não sabem prever se haverá
recuperação das Bolsas até o
fim da semana. Na agenda de
hoje, há a divulgação do chamado livro bege -compilação de
dados econômicos feita pelo
Fed (banco central dos EUA).
Por trazer um amplo panorama
da maior economia do mundo,
o documento pode mexer com
o mercado financeiro mundial.
O mercado de câmbio brasileiro respondeu às tensões do
dia com alta nas cotações do
dólar. O pregão desfavorável à
moeda brasileira não alterou a
tática do Banco Central, que
não deixou de fazer leilão para
comprar moeda. O dólar terminou as operações vendido a R$
1,863, em alta de 1,14%.
O risco-país brasileiro teve
forte elevação de 4,14%, terminando a 176 pontos. A alta do
risco ocorreu por causa de vendas expressivas de títulos da dívida brasileira no exterior.
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