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Bolsa de SP cai 3,3% e recua ao menor nível em 6 meses
No primeiro pregão após Copom subir juro, Bovespa desce para 57.434 pontos
Estrangeiros seguem com
venda de ações brasileiras;
Bolsas dos EUA têm queda
devido à baixa dos papéis dos maiores bancos do país
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A Bovespa teve ontem um de
seus piores pregões de 2008 e
terminou as operações com
queda de 3,34%, aos 57.434
pontos. A baixa arrastou a Bolsa a seu menor patamar desde
21 de janeiro. No mês, as perdas
acumuladas já chegam a
11,66%; no ano, estão em 10,1%.
Os estrangeiros mantiveram-se na ponta de venda, o
que puniu os papéis das maiores empresas da Bolsa paulista.
Na lista das quedas mais fortes
de ontem, apareceram Usiminas, Gerdau, Vale e Petrobras,
companhias que costumam estar entre as preferidas dos investidores externos.
Depois da saída recorde da
Bolsa em junho, quando o saldo
das operações feitas com capital externo ficou negativo em
R$ 7,4 bilhões, os estrangeiros
têm seguido com a venda pesada de ações brasileiras. No mês,
até o dia 21, as vendas feitas por
esses investidores bateram as
compras em R$ 5,7 bilhões.
Desde o pico de 20 de maio,
quando bateu em 73.516 pontos, a Bovespa já perdeu 21,9%
-entrou em um "bear market",
expressão usada na gíria financeira americana para falar de
um mercado que já caiu mais de
20% desde sua máxima.
Apesar de não ter sido um fator decisivo, o fato de o Copom
ter elevado a taxa básica de
12,25% para 13% anuais na noite de quarta colaborou para o
clima negativo do mercado. A
expectativa predominante era
que a taxa ficasse em 12,75%.
Quando as taxas sobem, seduzem os investidores a trocarem a Bolsa -que carrega
maiores riscos- por aplicações
atreladas a juros, como renda
fixa, CDB e títulos públicos.
"A Bolsa brasileira é muito
associada às commodities e
acaba por sofrer com isso em
momentos como o atual, em
que os papéis de Petrobras, Vale e outras siderúrgicas têm
perdido muito", afirma Alexandre Maia, economista-chefe da
Gap Asset Management.
"O mercado vai permanecer
neste segundo semestre sob intensa instabilidade. Os focos de
preocupação ainda são intensos, havendo muitas dúvidas
sobre a crise de crédito norte-americana, a ameaça inflacionária e a desaceleração das economias", afirma Maia.
Nos EUA, o dia também foi
ruim. Os dados que mostraram
queda nas vendas de imóveis
usados no país em junho estragaram a recuperação que as
ações do setor financeiro vinham ensaiando nos últimos
pregões em Wall Street.
O Dow Jones encerrou em
baixa de 2,43%, influenciado
pela queda dos papéis dos bancos, que têm tido pesados prejuízos com a crise imobiliária.
As ações do Merrill Lynch caíram 14,11%; Citigroup, 9,75%; e
Bank of America, 8,37%.
A Nasdaq recuou 1,97%.
No mercado brasileiro, apesar de os bancos não terem sido
abalados pela crise de crédito
americana, também houve
queda nas ações do setor: Unibanco Unit caiu 4,76%, seguida
por Itaú PN, que recuou 4,08%,
e Bradesco PN, com -3,41%.
No setor siderúrgico, as quedas mais pesadas ficaram com
Usiminas PNA (-6,71%), Gerdau PN (-6,11%) e Vale PNA
(-5,04%). Mesmo com a recuperação do petróleo no fim do
dia, a ação ON da Petrobras
caiu 4,86%, e a PN, 4,43%.
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