São Paulo, sexta-feira, 25 de julho de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Bolsa de SP cai 3,3% e recua ao menor nível em 6 meses

No primeiro pregão após Copom subir juro, Bovespa desce para 57.434 pontos

Estrangeiros seguem com venda de ações brasileiras; Bolsas dos EUA têm queda devido à baixa dos papéis dos maiores bancos do país

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A Bovespa teve ontem um de seus piores pregões de 2008 e terminou as operações com queda de 3,34%, aos 57.434 pontos. A baixa arrastou a Bolsa a seu menor patamar desde 21 de janeiro. No mês, as perdas acumuladas já chegam a 11,66%; no ano, estão em 10,1%.
Os estrangeiros mantiveram-se na ponta de venda, o que puniu os papéis das maiores empresas da Bolsa paulista. Na lista das quedas mais fortes de ontem, apareceram Usiminas, Gerdau, Vale e Petrobras, companhias que costumam estar entre as preferidas dos investidores externos.
Depois da saída recorde da Bolsa em junho, quando o saldo das operações feitas com capital externo ficou negativo em R$ 7,4 bilhões, os estrangeiros têm seguido com a venda pesada de ações brasileiras. No mês, até o dia 21, as vendas feitas por esses investidores bateram as compras em R$ 5,7 bilhões.
Desde o pico de 20 de maio, quando bateu em 73.516 pontos, a Bovespa já perdeu 21,9% -entrou em um "bear market", expressão usada na gíria financeira americana para falar de um mercado que já caiu mais de 20% desde sua máxima.
Apesar de não ter sido um fator decisivo, o fato de o Copom ter elevado a taxa básica de 12,25% para 13% anuais na noite de quarta colaborou para o clima negativo do mercado. A expectativa predominante era que a taxa ficasse em 12,75%.
Quando as taxas sobem, seduzem os investidores a trocarem a Bolsa -que carrega maiores riscos- por aplicações atreladas a juros, como renda fixa, CDB e títulos públicos.
"A Bolsa brasileira é muito associada às commodities e acaba por sofrer com isso em momentos como o atual, em que os papéis de Petrobras, Vale e outras siderúrgicas têm perdido muito", afirma Alexandre Maia, economista-chefe da Gap Asset Management.
"O mercado vai permanecer neste segundo semestre sob intensa instabilidade. Os focos de preocupação ainda são intensos, havendo muitas dúvidas sobre a crise de crédito norte-americana, a ameaça inflacionária e a desaceleração das economias", afirma Maia.
Nos EUA, o dia também foi ruim. Os dados que mostraram queda nas vendas de imóveis usados no país em junho estragaram a recuperação que as ações do setor financeiro vinham ensaiando nos últimos pregões em Wall Street.
O Dow Jones encerrou em baixa de 2,43%, influenciado pela queda dos papéis dos bancos, que têm tido pesados prejuízos com a crise imobiliária. As ações do Merrill Lynch caíram 14,11%; Citigroup, 9,75%; e Bank of America, 8,37%.
A Nasdaq recuou 1,97%.
No mercado brasileiro, apesar de os bancos não terem sido abalados pela crise de crédito americana, também houve queda nas ações do setor: Unibanco Unit caiu 4,76%, seguida por Itaú PN, que recuou 4,08%, e Bradesco PN, com -3,41%.
No setor siderúrgico, as quedas mais pesadas ficaram com Usiminas PNA (-6,71%), Gerdau PN (-6,11%) e Vale PNA (-5,04%). Mesmo com a recuperação do petróleo no fim do dia, a ação ON da Petrobras caiu 4,86%, e a PN, 4,43%.


Texto Anterior: Luiz Carlos Mendonça de Barros: Um mundo mais equilibrado
Próximo Texto: Juros: BM&F tem forte ajuste com alta da Selic para 13%
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.