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GOVERNO
Petista aponta "falta de coragem" para ter mudado rumos da economia em ano eleitoral; ex-presidente evita comentar
No Chile, Lula critica política cambial de FHC
LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTIAGO DO CHILE
Pouco antes de deixar Santiago
(Chile) ontem para seguir até
Quito (Equador), o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva criticou a
política econômica do governo de
seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso.
Sem citá-lo nominalmente, Lula
fez alusão ao que definiu como
falta de "coragem" de FHC para
ter mudado os rumos da economia quando isso contrariava interesses em ano eleitoral.
Lula fazia uma referência ao ano
de 1998, quando FHC era candidato à reeleição e deixou de desvalorizar o real -segundo a oposição na época, a moeda foi mantida sobrevalorizada para beneficiar a candidatura de FHC, que
acabou reeleito.
"O Brasil, durante muitos anos,
viveu subordinado a duas moedas
que não eram reais. O real nunca
valeu um dólar, e o peso [moeda
argentina que ficou atrelada ao
dólar por lei] nunca valeu um dólar", disse Lula, ao comentar a relação do país no Mercosul.
"Portanto, a falta de iniciativa
para mudar a política cambial no
momento certo fez com que um
país do tamanho do Brasil acumulasse durante muitos anos seguidos um déficit comercial sem
precedentes na nossa história. E
não foi por falta de aviso. Quando
se trata de política econômica,
muitos governantes não têm a coragem de fazer as mudanças no
tempo certo se a política econômica estiver rendendo algum dividendo eleitoral", acrescentou.
Curiosamente, ele fez tal comentário poucos minutos depois
de ter citado FHC como um de
seus amigos que receberam acolhida no Chile durante o regime
militar brasileiro (1964-85).
"O Chile tem significado especial para nós, brasileiros. No momento mais difícil da história política do Brasil, em que muitos jovens não puderam fazer política,
foi o Chile que abriu suas portas e
estendeu as mãos para que os brasileiros pudessem encontrar um
pouco de tranqüilidade."
Lula continuou: "Está certo que
não foi tão duradoura essa tranqüilidade, mas não deixou de ser
importante. Por aqui [Chile], passaram o ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso e vários companheiros que fazem parte do governo, como meu assessor especial Marco Aurélio Garcia, que
aqui lecionou por três anos".
Lula disse ainda que seu governo está "reconstruindo" o Mercosul. "Com todas as fragilidades
que ainda temos, achamos que está sendo reconstruído do ponto
de vista político." Em diversos
momentos, Lula defendeu a unidade do Mercosul como essencial
para aumentar as exportações e
para ser "tão duro quanto os
EUA" ao defender seus interesses
nas negociações comerciais. "É o
que mais admiro neles." Lula fez
essas declarações durante o seminário "Como fazer negócios com
o Brasil". Cerca de 400 empresários chilenos compareceram.
A assessoria de comunicação do
Instituto Fernando Henrique
Cardoso, que intermedeia o contato entre os assessores do ex-presidente e os órgãos de imprensa,
informou ontem que ele não comenta as declarações de Lula.
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