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Desemprego sobe e é o maior em 15 meses
Indicador do IBGE contraria expectativa para o início do segundo semestre e atinge 10,7% em julho, maior marca desde abril de 2005
Pela primeira vez no ano, renda do trabalhador teve queda; para instituto, aumento da demanda por vagas pressionou índice
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Na contramão das expectativas e do seu padrão histórico, a
taxa de desemprego começou o
segundo semestre em alta: bateu em 10,7% em julho, na
maior marca desde abril 2005
(10,8%), segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística). Outra má notícia
foi a queda de 0,7% no rendimento de junho para julho (R$
1.028,50), na primeira retração
desde janeiro deste ano.
Com mais gente à procura de
trabalho, o contingente de pessoas desocupadas nas seis principais regiões metropolitanas
do país atingiu 2,430 milhões,
retornando ao patamar de desempregados registrado em julho de 2004 (2,442 milhões).
De acordo com Cimar Azeredo Pereira, gerente da Pesquisa
Mensal de Emprego do IBGE, o
mercado de trabalho frustrou
as expectativas, a julgar pelo
comportamento passado da taxa de desemprego, que sempre
recua no segundo semestre,
quando aumenta a oferta de
postos de trabalho.
"O mercado de trabalho está
menos favorável do que em junho. Esperávamos neste ano
que a desocupação fosse ceder
a partir de maio. Só que isso não
aconteceu. Há uma pressão
muito grande de entrada no
mercado, e essa demanda não
consegue ser atendida pelos
postos criados", disse Pereira.
De junho para julho, foram
abertos 84 mil postos de trabalho (+0,4%). A geração de vagas,
porém, foi insuficiente para cobrir o aumento de 174 mil pessoas na População Economicamente Ativa (inclui quem está
empregado ou em busca de trabalho). Neste ano, o desemprego não cedeu na comparação
mensal nenhuma vez. De janeiro a julho, a taxa média de desocupação ficou em 10,2%, mesma marca dos sete primeiros
meses de 2005.
Uma das hipóteses para a
maior busca por emprego, segundo ele, é o calendário eleitoral, que aquece a procura por
trabalho. Em tese, não há tanto
emprego neste pleito por causa
das regras mais restritivas à
campanha.
Já Marcelo de Ávila, economista do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), diz
acreditar que a recuperação do
rendimento nos últimos meses
acabou atraindo mais pessoas
para o mercado de trabalho,
que antes relutavam em procurar um emprego.
"O mercado de trabalho está
inchando muito rápido e mais
cedo do que em outros anos. A
perspectiva de se empregar
com uma renda mais alta pode
estar trazendo pessoas da inatividade", afirmou.
Para Fábio Romão, da LCA,
os trabalhadores estão "vislumbrando uma possibilidade
maior de se empregar" agora, o
que inflou o mercado de trabalho e pressionou a taxa de desemprego. O economista também acredita no efeito das eleições -a hipótese, porém, é menos provável, afirma.
Uma outra explicação, diz
Pereira, é a redução, ainda que
pontual, do rendimento, de junho para julho. Tal fenômeno,
segundo ele, pode ter levado
mais pessoas de uma mesma família a procurar trabalho com o
objetivo de complementar o orçamento familiar.
Na avaliação de Ávila, do
Ipea, não há no cenário macroeconômico justificativa para o fraco desempenho do mercado de trabalho, já que as políticas fiscal e monetária são "expansionistas" -ou seja, gasto
em alta e juros em baixa.
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