São Paulo, sábado, 25 de agosto de 2007

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Preços de leite e derivados aumentam 34% no ano

Maiores altas foram registradas no leite pasteurizado (52%) e no leite em pó (29%)

Reajustes não provocaram grande variação no consumo, mas têm impacto direto sobre índice de alimentação e a inflação no período

TATIANA RESENDE
DA REDAÇÃO

Os preços do leite e seus derivados já acumulam alta de 34% no ano para o consumidor, puxando a inflação, contabilizada em 2,85% até o último dia 15 segundo o IPCA-15 divulgado nesta semana. O maior aumento foi registrado no leite pasteurizado (52,16%), seguido do leite em pó (29,25%).
No atacado paulista, que considera as vendas da indústria ao atacado e direto para o varejo e do atacado ao varejo, os valores deflacionados dos leites pasteurizado, longa vida, em pó e dos queijos mussarela e prato são os maiores da série do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) da USP, iniciada em junho de 2004. O preço pago ao produtor pelo leite tipo C já aumentou 39,9%, na comparação de julho com janeiro.
"A produção do leite é baseada no pasto. Quando cai a qualidade do pasto, diminui a quantidade produzida [pelas vacas], por isso há entressafra", explica o pesquisador do órgão Gustavo Beduschi. O pico de produção é em dezembro, com uma queda gradativa que tem seu piso em maio. Neste ano, Beduschi avalia que as altas foram reforçadas pelo aumento das exportações, que "enxugaram" a oferta no mercado interno.
Nos super e hipermercados do país, o GfK Indicator, empresa de pesquisa que faz o índice da Associação Brasileira de Supermercados, contabilizou os aumentos no acumulado do ano até julho no leite longa vida (53,11%) e nos queijos mussarela (35,04%) e prato (27,48%), que não constam discriminados no levantamento do IPCA. "O leite é um item de primeira necessidade, logo não há muita flutuação no consumo apesar desses aumentos", avaliou Marco Aurélio Lima, da GfK.

Consumo
A empresa não contabiliza o volume vendido nesses estabelecimentos, mas pesquisa da LatinPanel com famílias de todo o país corrobora essa idéia, registrando queda de apenas 5% no consumo do leite no primeiro semestre. As grandes redes de supermercados também não detectaram variações significativas nas vendas do produto e seus derivados.
No Carrefour, o diretor Marcelo Mauro disse que os estoques e as promoções fizeram com que a rede oferecesse os itens "a preços competitivos".
Já o Grupo Pão de Açúcar afirmou que trabalha com contratos de longo prazo que garantem o abastecimento de todas as unidades e "preços inferiores à média de mercado".
O Wal-Mart também não registrou variações, e explicou que o racionamento ocorrido neste mês na bandeira Bompreço, na Bahia, foi pontual e restrito a uma loja e ao leite em pó em sachê de 200 gramas, e se normalizou no mesmo dia.
O presidente da Associação Baiana de Supermercados, José Humberto Souza, disse que o racionamento ainda existe em algumas redes, mas para "melhor atender o cliente". Segundo ele, há pequenos comerciantes que querem fazer estoque para suas lojas comprando de grandes varejistas, que, às vezes, têm preços melhores do que os atacadistas, mais rápidos no repasse dos aumentos. "Mas a tendência é de regularização no próximo mês", disse.

Impacto nos juros
O mercado já começa a se preocupar com o impacto que a economia possa sofrer com as altas nos itens que compõem o índice alimentação. O segmento vem puxando a alta da inflação, um dos fatores analisados pelo Copom (Comitê de Política Monetária), que se reúne em setembro para decidir nova taxa de juros. No último encontro, o corte na Selic foi de 0,5 ponto percentual.
Para o economista André Braz, da Fundação Getulio Vargas, o comportamento volátil ao longo do ano de segmentos como alimentos e combustíveis é considerado pelo Copom. A maior preocupação do comitê, afirmou, deve ser avaliar o impacto no Brasil da crise imobiliária dos EUA.

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