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Preços de leite e derivados aumentam 34% no ano
Maiores altas foram registradas no leite pasteurizado (52%) e no leite em pó (29%)
Reajustes não provocaram grande variação no consumo, mas têm impacto direto sobre índice de alimentação
e a inflação no período
TATIANA RESENDE
DA REDAÇÃO
Os preços do leite e seus derivados já acumulam alta de 34%
no ano para o consumidor, puxando a inflação, contabilizada
em 2,85% até o último dia 15 segundo o IPCA-15 divulgado
nesta semana. O maior aumento foi registrado no leite pasteurizado (52,16%), seguido do
leite em pó (29,25%).
No atacado paulista, que considera as vendas da indústria ao
atacado e direto para o varejo e
do atacado ao varejo, os valores
deflacionados dos leites pasteurizado, longa vida, em pó e
dos queijos mussarela e prato
são os maiores da série do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada)
da USP, iniciada em junho de
2004. O preço pago ao produtor
pelo leite tipo C já aumentou
39,9%, na comparação de julho
com janeiro.
"A produção do leite é baseada no pasto. Quando cai a qualidade do pasto, diminui a quantidade produzida [pelas vacas],
por isso há entressafra", explica
o pesquisador do órgão Gustavo Beduschi. O pico de produção é em dezembro, com uma
queda gradativa que tem seu piso em maio. Neste ano, Beduschi avalia que as altas foram reforçadas pelo aumento das exportações, que "enxugaram" a
oferta no mercado interno.
Nos super e hipermercados
do país, o GfK Indicator, empresa de pesquisa que faz o índice da Associação Brasileira de
Supermercados, contabilizou
os aumentos no acumulado do
ano até julho no leite longa vida
(53,11%) e nos queijos mussarela (35,04%) e prato (27,48%),
que não constam discriminados no levantamento do IPCA.
"O leite é um item de primeira
necessidade, logo não há muita
flutuação no consumo apesar
desses aumentos", avaliou
Marco Aurélio Lima, da GfK.
Consumo
A empresa não contabiliza o
volume vendido nesses estabelecimentos, mas pesquisa da
LatinPanel com famílias de todo o país corrobora essa idéia,
registrando queda de apenas
5% no consumo do leite no primeiro semestre. As grandes redes de supermercados também
não detectaram variações significativas nas vendas do produto e seus derivados.
No Carrefour, o diretor Marcelo Mauro disse que os estoques e as promoções fizeram
com que a rede oferecesse os
itens "a preços competitivos".
Já o Grupo Pão de Açúcar
afirmou que trabalha com contratos de longo prazo que garantem o abastecimento de todas as unidades e "preços inferiores à média de mercado".
O Wal-Mart também não registrou variações, e explicou
que o racionamento ocorrido
neste mês na bandeira Bompreço, na Bahia, foi pontual e
restrito a uma loja e ao leite em
pó em sachê de 200 gramas, e
se normalizou no mesmo dia.
O presidente da Associação
Baiana de Supermercados, José Humberto Souza, disse que o
racionamento ainda existe em
algumas redes, mas para "melhor atender o cliente". Segundo ele, há pequenos comerciantes que querem fazer estoque
para suas lojas comprando de
grandes varejistas, que, às vezes, têm preços melhores do
que os atacadistas, mais rápidos no repasse dos aumentos.
"Mas a tendência é de regularização no próximo mês", disse.
Impacto nos juros
O mercado já começa a se
preocupar com o impacto que a
economia possa sofrer com as
altas nos itens que compõem o
índice alimentação. O segmento vem puxando a alta da inflação, um dos fatores analisados
pelo Copom (Comitê de Política Monetária), que se reúne em
setembro para decidir nova taxa de juros. No último encontro, o corte na Selic foi de 0,5
ponto percentual.
Para o economista André
Braz, da Fundação Getulio Vargas, o comportamento volátil
ao longo do ano de segmentos
como alimentos e combustíveis
é considerado pelo Copom. A
maior preocupação do comitê,
afirmou, deve ser avaliar o impacto no Brasil da crise imobiliária dos EUA.
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