São Paulo, segunda-feira, 25 de agosto de 2008

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Ação que caiu pode ter dividendo maior

Papéis que mais perderam no Ibovespa tendem a oferecer retorno maior em dividendos, aponta estudo da Economática

Projeção leva em conta que empresas mantenham a mesma política para a distribuição de dividendos e os lucros no semestre

MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

Quem comprou, na semana passada, as ações do Ibovespa que mais caíram nos últimos 12 meses poderá ter um retorno em dividendos maior do que o investidor que as adquiriu há um ano, se as empresas mantiverem os lucros e a mesma política para pagar dividendos.
Para Einar Rivero, da consultoria Economática, que elaborou, a pedido da Folha, um estudo que relaciona queda de ações e pagamento de dividendos, há boas chances de que as companhias correspondam às projeções de retorno superior em dividendos.
"Os lucros tiveram um crescimento [em boa parte dos setores] no primeiro semestre em relação ao mesmo semestre de 2007. Se a política de distribuição de dividendos se repetir, o investidor que comprou a ação na quinta passada, e espera receber o mesmo volume de dividendos dos últimos 12 meses, vai ter ganho", diz Rivero.
A pesquisa da Economática inclui apenas as 66 ações que compõem o índice da Bovespa.
O retorno do investimento em forma de dividendos e juros sobre capital próprio é conhecido no mercado pela expressão em inglês "dividend yield".
O preço da ação interfere no "dividend yield", que é a razão do total de dividendos e juros sobre capital próprio pagos pelo preço da ação, no último dia 21. Quanto menor o valor do papel, maior o "dividend yield". É o caso da projeção de dividendos da Gol, ação que mais caiu nos últimos 12 meses.
Quem comprou ações da companhia em 21 de agosto de 2007 recebeu 2,13% na forma de dividendos, segundo a Economática. Se a empresa mantiver a atual política de pagamentos, o investidor que as adquiriu em 21 de agosto passado deverá obter 6,78%.
A mediana dos "dividend yields" das companhias do Ibovespa mostra que há projeção de alta de 3,58% para 3,83%.
Entre as melhores pagadoras de dividendos, porém, estão empresas que se valorizaram, apesar do cenário de queda da Bolsa neste ano.
Empresas de energia elétrica, seguidas por algumas de telecomunicações, destacam-se na distribuição de dividendos: a Eletropaulo subiu 24,37% em 12 meses e tem, segundo o estudo, a maior expectativa de "dividend yield", de 21,46%; Light com alta de 2,68%, tem "dividend yield" projetado em 15,42%; e Transmissão Paulista, que subiu 43,30%, tem expectativa de "dividend yield" de 13,19%, sempre com a ressalva de que as projeções se concretizarão se as empresas mantiverem sua política de distribuição de dividendos.
No período, o Ibovespa acumula alta de 12,28%.
Muitas empresas, porém, não seguem uma política definida de distribuição.
"Mesmo lá fora há o efeito clientela: há ações "de viúvas" e outras que são compradas com vistas apenas na valorização. A IBM demorou "séculos" para pagar um dividendo", diz William Eid Júnior, coordenador do Centro de Estudos em Finanças da FGV.


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