São Paulo, terça-feira, 25 de agosto de 2009

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Itaú desbanca Bradesco e se associa à Porto Seguro

Maior seguradora de veículos do país, que negociava com o Bradesco, fecha acordo com o rival

Itaú Unibanco ficará com 30% do capital da seguradora, em negócio avaliado em R$ 1,7 bi; ações da Porto Seguro na Bolsa avançam mais de 9%

TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

O Itaú Unibanco fechou uma associação com a Porto Seguro, maior seguradora de veículos do país e que, até a semana passada, negociava oficialmente uma parceria com o Bradesco, líder absoluto no país. Com o negócio, o banco ficará com 30% do capital da seguradora e terá a exclusividade para vender seus produtos em sua rede.
Para entrar na Porto Seguro, o Itaú Unibanco decidiu ceder a sua própria carteira de seguros de veículos e residências, avaliada em R$ 950 milhões e que tinha uma participação modesta no mercado. No segmento de veículos, o banco tinha 10,2% do total de prêmios, enquanto a Porto Seguro tinha 20,2% no final de 2008, segundo a Susep.
Pela carteira, o Itaú Unibanco receberá a participação de 30% na Porto, que seguirá administrada pela família Garfunkel, que já a controlava.
Segundo Roberto Setubal, presidente do Itaú Unibanco, o negócio é avaliado em cerca de R$ 1,7 bilhão e não envolve desembolso de dinheiro, só ações.
De acordo com Jayme Garfunkel, presidente do conselho da Porto Seguro, o negócio com o Bradesco começou a ser tratado no final do ano passado, mas não foi adiante porque o banco tinha intenção de manter forte presença na gestão.
"O banco queria compartilhar mais [a gestão]. A gente queria ficar controlando o negócio mesmo. O Itaú é mais democrático nesse aspecto. Fiquei com receio de não ter essa liberdade [com o Bradesco]."
Procurado, o Bradesco não quis se pronunciar.
Para analistas, o negócio tem o potencial para aprofundar a consolidação do setor de seguros, que vive um boom desde o ano passado com a chegada de empresas estrangeiras e abertura do mercado de resseguro.
"Nós estamos buscando uma presença maior. É um salto muito importante no negócio de seguros. Isso provocará algum rearranjo no mercado. É uma decisão estratégica de cada um", disse Pedro Moreira Salles, presidente do conselho de administração do Itaú.
A Porto Seguro era a última das grandes seguradoras independentes de um grupo financeiro no país. Nos últimos meses, o setor foi sacudido por uma série de fusões. O grupo alemão Zurich comprou a Minas Brasil; e o Liberty, a Indiana. A japonesa Yasuda comprou uma participação na Marítima, e o Santander retomou a parte que a Tokio Marine tinha em uma parceria no setor.
A Sul América Seguros, que tem 21,2% de seu capital nas mãos do grupo holandês ING, também negocia uma associação parecida com o Banco do Brasil, com quem tem uma parceria na área de veículos e saúde. "Sempre conversamos sobre o futuro da parceria. Não existe nada de concreto no momento", disse Arthur Farme, vice-presidente da Sul América. Ele negou que o ING esteja vendendo sua participação.
Para Leoncio Arruda, presidente do Sincor-SP (sindicato dos corretores), não há mais espaço no mercado para as seguradoras que não tenham por trás um grupo financeiro.
"Quanto menos seguradoras, é pior [para negociar]. Mas é benéfico para o mercado ter grandes seguradoras. A Porto era a única que sempre ganhou dinheiro com seguro de automóvel. Tem a melhor expertise. Todos queriam aprender com ela. Tinha uma fila [de bancos] atrás dela", diz Arruda.
"Quem é aliado a banco ganha mais agilidade financeira e gestão eficiente para baixar preços. Sem falar que tem fonte de capital quase ilimitada", disse Ricardo Almeida, economista do núcleo de seguros da FIA.
Ontem, a ação PN do Itaú Unibanco subiu 0,90%, e o papel ON da Porto saltou 9,37%.


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