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Itaú desbanca Bradesco e se associa à Porto Seguro
Maior seguradora de veículos do país, que negociava com o Bradesco, fecha acordo com o rival
Itaú Unibanco ficará com 30% do capital da seguradora, em negócio avaliado em R$ 1,7 bi; ações da Porto Seguro na Bolsa avançam mais de 9%
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
O Itaú Unibanco fechou uma
associação com a Porto Seguro,
maior seguradora de veículos
do país e que, até a semana passada, negociava oficialmente
uma parceria com o Bradesco,
líder absoluto no país. Com o
negócio, o banco ficará com
30% do capital da seguradora e
terá a exclusividade para vender seus produtos em sua rede.
Para entrar na Porto Seguro,
o Itaú Unibanco decidiu ceder a
sua própria carteira de seguros
de veículos e residências, avaliada em R$ 950 milhões e que
tinha uma participação modesta no mercado. No segmento de
veículos, o banco tinha 10,2%
do total de prêmios, enquanto a
Porto Seguro tinha 20,2% no final de 2008, segundo a Susep.
Pela carteira, o Itaú Unibanco receberá a participação de
30% na Porto, que seguirá administrada pela família Garfunkel, que já a controlava.
Segundo Roberto Setubal,
presidente do Itaú Unibanco, o
negócio é avaliado em cerca de
R$ 1,7 bilhão e não envolve desembolso de dinheiro, só ações.
De acordo com Jayme Garfunkel, presidente do conselho
da Porto Seguro, o negócio com
o Bradesco começou a ser tratado no final do ano passado,
mas não foi adiante porque o
banco tinha intenção de manter forte presença na gestão.
"O banco queria compartilhar mais [a gestão]. A gente
queria ficar controlando o negócio mesmo. O Itaú é mais democrático nesse aspecto. Fiquei com receio de não ter essa
liberdade [com o Bradesco]."
Procurado, o Bradesco não
quis se pronunciar.
Para analistas, o negócio tem
o potencial para aprofundar a
consolidação do setor de seguros, que vive um boom desde o
ano passado com a chegada de
empresas estrangeiras e abertura do mercado de resseguro.
"Nós estamos buscando uma
presença maior. É um salto
muito importante no negócio
de seguros. Isso provocará algum rearranjo no mercado. É
uma decisão estratégica de cada um", disse Pedro Moreira
Salles, presidente do conselho
de administração do Itaú.
A Porto Seguro era a última
das grandes seguradoras independentes de um grupo financeiro no país. Nos últimos meses, o setor foi sacudido por
uma série de fusões. O grupo
alemão Zurich comprou a Minas Brasil; e o Liberty, a Indiana. A japonesa Yasuda comprou uma participação na Marítima, e o Santander retomou
a parte que a Tokio Marine tinha em uma parceria no setor.
A Sul América Seguros, que
tem 21,2% de seu capital nas
mãos do grupo holandês ING,
também negocia uma associação parecida com o Banco do
Brasil, com quem tem uma parceria na área de veículos e saúde. "Sempre conversamos sobre o futuro da parceria. Não
existe nada de concreto no momento", disse Arthur Farme,
vice-presidente da Sul América. Ele negou que o ING esteja
vendendo sua participação.
Para Leoncio Arruda, presidente do Sincor-SP (sindicato
dos corretores), não há mais espaço no mercado para as seguradoras que não tenham por
trás um grupo financeiro.
"Quanto menos seguradoras,
é pior [para negociar]. Mas é
benéfico para o mercado ter
grandes seguradoras. A Porto
era a única que sempre ganhou
dinheiro com seguro de automóvel. Tem a melhor expertise.
Todos queriam aprender com
ela. Tinha uma fila [de bancos]
atrás dela", diz Arruda.
"Quem é aliado a banco ganha mais agilidade financeira e
gestão eficiente para baixar
preços. Sem falar que tem fonte
de capital quase ilimitada", disse Ricardo Almeida, economista do núcleo de seguros da FIA.
Ontem, a ação PN do Itaú
Unibanco subiu 0,90%, e o papel ON da Porto saltou 9,37%.
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