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agrofolha
Milho terá menor área desde
os anos 60
Abastecimento interno vai depender do bom desempenho da safrinha, que é uma incógnita devido aos problemas climáticos
Produtores caminham para a soja, cuja área plantada pode subir para 22,8 mi de hectares; a de milho, porém, deverá recuar para 8,3 mi
MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO
O Brasil vai plantar neste verão a menor área de milho desde a década de 1960. Essa redução na área destinada ao milho
ocorrerá porque o produtor está caminhando perigosamente
para a soja.
Perigosamente porque coloca uma pressão de produção
muito grande na safrinha do
próximo ano para o abastecimento interno. E a safrinha
sempre é uma incógnita devido
aos problemas climáticos, principalmente geadas, avalia André Pessôa, da Agroconsult.
Perigosamente, ainda, porque, se confirmada essa tendência, haverá grande oferta de
soja e queda na de milho. Com
esse cenário, a situação vai estar mais favorável para os produtores de milho do que para os
de soja, diz Leonardo Sologuren, da consultoria Céleres.
Os números confirmam as
preocupações desses analistas.
A área destinada à soja pode subir para 22,8 milhões de hectares, enquanto a de milho deverá
recuar para 8,3 milhões.
Esses números ficam ainda
mais preocupantes porque a
Argentina, outro país importante na oferta mundial de
grãos, deve elevar a área de soja
para até 19 milhões de hectares
e reduzir a de milho para apenas 2 milhões de hectares.
Os produtores brasileiros de
soja têm notícias ruins também
do mercado norte-americano,
onde a produção deve subir para 87 milhões de toneladas.
Na soma total, os principais
produtores de soja das Américas devem atingir 214 milhões
de toneladas da oleaginosa na
safra 2009/10.
Se confirmado, esse volume
supera em 36 milhões o da safra
anterior. Ou seja, o correspondente às importações da China,
país que consegue influenciar
os preços internacionais devido ao elevado volume de importações. Diante desse cenário, já há previsões para uma
soja a apenas US$ 6 por bushel
-hoje o preço é de US$ 10,80.
Sologuren diz que o produtor
está olhando apenas para o momento atual, quando a soja é
mais rentável que o milho. Este
último tem altos estoques, exportações reduzidas e preços
baixos. O mercado está sem liquidez. "Olhando apenas para
hoje, o produtor plantará soja."
Mercado nervoso
O Brasil tem um potencial de
exportação de 8 milhões a 9 milhões de toneladas de milho no
próximo ano. Se conseguir, os
preços estarão aquecidos no segundo semestre de 2010, diz
Sologuren.
Com essa queda na safra de
verão, "a safrinha, que está
sempre sujeita a riscos maiores, tem obrigação de ir bem",
acrescenta Pessôa. Se hoje os
estoques estão folgados e os
preços, baixos, daqui a um ano
a situação pode estar mais complicada na oferta desse produto, segundo ele.
Mas se o clima for bom na safrinha do próximo ano e o país
não conseguir exportar, o cenário para o milho, a exemplo do
da soja, também poderá não ser
satisfatório. "São muitas as variantes", diz Sologuren.
Se a médio prazo a situação é
incerta, a curto é pior ainda. Segundo Pessôa, os produtores de
Mato Grosso deveriam ter um
subsídio para sustentar os gastos com o frete. Mesmo com a
ida de várias indústrias de carnes para a região, há uma sobra
grande de milho que precisa
sair rápido da região.
Citando dados do Imea (Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária), Pessôa
diz que já são 520 mil toneladas
de milho amontoadas ao ar livre. "Isso torna o mercado nervoso e traz desânimo ao produtor, que acaba indo na mesma
direção da maioria, sem uma
avaliação correta do mercado",
diz Sologuren.
Mas nem todas as previsões
indicam para preços bons para
o milho no próximo ano. Os Estados Unidos estão produzindo
a segunda maior safra da história e terão 55 milhões de toneladas para exportação, o que
pode inibir a presença brasileira no mercado externo.
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