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São Paulo, quinta-feira, 25 de setembro de 2003

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TRABALHO

Jaques Wagner demonstra otimismo com renda mais alta em relação a julho; OIT fala em problema crônico

Ministro diz que só crescimento resolve desemprego de vez

LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

O ministro Jaques Wagner (Trabalho) disse ontem em Salvador que somente o crescimento do país poderá resolver o problema do desemprego.
"Enquanto o Brasil não retomar o crescimento, não haverá solução definitiva para o desemprego", afirmou o ministro, antes de analisar a pesquisa divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que apontou um patamar recorde de 13% de desemprego no mês passado.
Em julho, a taxa havia registrado queda, de 13% para 12,8%. Apesar do aumento no índice de desemprego, o ministro demonstrou otimismo em relação ao crescimento da renda do trabalhador, outro dado constatado pela pesquisa. "Agora, preciso analisar melhor os números antes de fazer outras declarações", acrescentou Wagner.
Pela manhã, o ministro participou de três reuniões preparatórias à realização da 13ª Conferência Interamericana de Ministros do Trabalho, que seria aberta ontem à noite, na capital baiana.
O ex-presidente da Colômbia e secretário-geral da OEA (Organização dos Estados Americanos), César Gaviria, defendeu ontem a criação de um fundo para bancar a realização de cursos profissionalizantes em todos os 34 países do órgão -Cuba está afastada da OEA desde 1962.
"Não podemos mais trabalhar com o pacto social estabelecido na década de 40. É preciso que os governos de todos os países, principalmente os mais ricos, como Estados Unidos e Canadá, transfiram recursos para que sejam aplicados em cursos de capacitação", afirmou Gaviria.

Na América Latina
Segundo a OIT (Organização Internacional do trabalho), o índice de desemprego na América Latina é de 11% (dados de agosto último). No mesmo período de 2002, a taxa era de 11,3%.
"Os números demonstram que a redução foi insignificante e que existe desemprego crônico na região", disse o diretor-geral da OIT, Juan Somavia.
O Panorama Social 2002-03 da Cepal (Comissão Econômica para a América Latina) indicou que a região tem cerca de 220 milhões de pobres, dos quais 95 milhões são indigentes. De acordo com a Cepal, "o processo de superação da pobreza na América Latina estancou nos últimos cinco anos".
O diretor-geral da OIT pediu aos governantes da América Latina que assumam um compromisso público para mudar o enfoque das políticas econômicas.
"Quase todas as políticas econômicas adotadas na América Latina estão centradas no financeiro. Nós precisamos gerar trabalho e superar a pobreza implica entrar em um novo ciclo de oportunidades", afirmou.

Muito tempo
Segundo Somavia, o trabalho para reduzir o desemprego na região é muito longo.
"Ninguém pode impor, por meio de uma legislação, que haja trabalho e que desapareça a pobreza. Os governantes, empregadores e trabalhadores precisam lançar iniciativas conjuntas contra a pobreza. Não há substituto para o diálogo legal", disse.
Em seu discurso na abertura da conferência, César Gaviria disse que a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi fundamental "para o fortalecimento das dimensões trabalhistas na América Latina". "O presidente Lula será fundamental para dar mais justiça social à região", disse o ex-presidente colombiano.


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