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São Paulo, quinta-feira, 25 de setembro de 2003

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Köhler, do FMI, defende em Dubai maior influência de países pobres

FERNANDO CANZIAN
LEONARDO SOUZA
ENVIADOS ESPECIAIS A DUBAI

O diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional, Horst Köhler, encerrou ontem a reunião do Fundo em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, com declarações de apoio aos países em desenvolvimento. Contrastando com a visão ortodoxa de outros anos, o número um do FMI pediu "um mundo melhor, de paz e prosperidade", com "visões e influências multilaterais".
Köhler afirmou que os países desenvolvidos devem chegar a um "consenso" para permitir o aumento da influência das nações mais pobres nas decisões do Fundo e chegou a elogiar governos que adotaram medidas à revelia do próprio FMI para sair de crises econômicas.
Köhler disse que a questão do peso de cada país nas decisões do Fundo deverá ser tratada na próxima reunião da instituição, em abril de 2004, em Washington.
Atualmente, o Brasil, que cobrou em Dubai uma participação maior nas deliberações do Fundo, tem apenas 1,7% dos votos no FMI e 2,1% no Banco Mundial.
"Espero que os países desenvolvidos tenham ouvido os apelos dos países em desenvolvimento, pois creio que seja possível atingir um consenso sobre o aumento do direito a voto [das nações mais pobres] no Fundo", disse o número um do FMI.
As declarações de Köhler, em entrevista ao final da reunião de uma semana do Fundo e do Banco Mundial, reforçaram a retórica de "mudanças" no FMI presente desde o início do encontro.
"As vozes do mundo em desenvolvimento devem ter mais peso", disse Köhler, ao citar a pressão exercida pelas nações mais pobres, lideradas pelo Brasil e Índia, há duas semanas durante as reuniões da OMC (Organização Mundial do Comércio) em Cancún, no México.
Köhler e o presidente do Bird (Banco Mundial), James Wolfensohn, voltaram a frisar que caberá aos países desenvolvidos tomar decisões para liberar o acesso dos países mais pobres a seus mercados, principalmente na área agrícola, como quer o Brasil.
"Estamos todos sentados no mesmo barco, países ricos, em desenvolvimento ou pobres", disse Köhler. "Não há como chegarmos a um mundo melhor, com paz e prosperidade, sem o reconhecimento de que o mundo hoje é interdependente e requer cooperação multilateral", disse.
O diretor-gerente do FMI afirmou ainda que a instituição deveria "aprender as lições" de crises onde os próprios países envolvidos tomaram medidas, mesmo que à revelia do Fundo, para tentar superá-las.
"Tiramos da Ásia a lição de que é importante que os países tirem suas próprias conclusões e assumam responsabilidades sobre o que é preciso fazer", disse Köhler.
No final de 1997, após a chamada crise asiática, alguns países da região adotaram o controle de capitais em suas economias à revelia da comunidade financeira internacional e do próprio FMI.
Segundo as mais recentes previsões do Fundo, os mercados emergentes asiáticos terão o maior crescimento previsto em todo o mundo em 2003 e 2004, de 6,4% e 6,5%, respectivamente.


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