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Köhler, do FMI, defende em Dubai
maior influência de países pobres
FERNANDO CANZIAN
LEONARDO SOUZA
ENVIADOS ESPECIAIS A DUBAI
O diretor-gerente do Fundo
Monetário Internacional, Horst
Köhler, encerrou ontem a reunião
do Fundo em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, com declarações de apoio aos países em desenvolvimento. Contrastando
com a visão ortodoxa de outros
anos, o número um do FMI pediu
"um mundo melhor, de paz e
prosperidade", com "visões e influências multilaterais".
Köhler afirmou que os países
desenvolvidos devem chegar a
um "consenso" para permitir o
aumento da influência das nações
mais pobres nas decisões do Fundo e chegou a elogiar governos
que adotaram medidas à revelia
do próprio FMI para sair de crises
econômicas.
Köhler disse que a questão do
peso de cada país nas decisões do
Fundo deverá ser tratada na próxima reunião da instituição, em
abril de 2004, em Washington.
Atualmente, o Brasil, que cobrou em Dubai uma participação
maior nas deliberações do Fundo,
tem apenas 1,7% dos votos no
FMI e 2,1% no Banco Mundial.
"Espero que os países desenvolvidos tenham ouvido os apelos
dos países em desenvolvimento,
pois creio que seja possível atingir
um consenso sobre o aumento do
direito a voto [das nações mais
pobres] no Fundo", disse o número um do FMI.
As declarações de Köhler, em
entrevista ao final da reunião de
uma semana do Fundo e do Banco Mundial, reforçaram a retórica
de "mudanças" no FMI presente
desde o início do encontro.
"As vozes do mundo em desenvolvimento devem ter mais peso",
disse Köhler, ao citar a pressão
exercida pelas nações mais pobres, lideradas pelo Brasil e Índia,
há duas semanas durante as reuniões da OMC (Organização
Mundial do Comércio) em Cancún, no México.
Köhler e o presidente do Bird
(Banco Mundial), James Wolfensohn, voltaram a frisar que caberá
aos países desenvolvidos tomar
decisões para liberar o acesso dos
países mais pobres a seus mercados, principalmente na área agrícola, como quer o Brasil.
"Estamos todos sentados no
mesmo barco, países ricos, em desenvolvimento ou pobres", disse
Köhler. "Não há como chegarmos
a um mundo melhor, com paz e
prosperidade, sem o reconhecimento de que o mundo hoje é interdependente e requer cooperação multilateral", disse.
O diretor-gerente do FMI afirmou ainda que a instituição deveria "aprender as lições" de crises
onde os próprios países envolvidos tomaram medidas, mesmo
que à revelia do Fundo, para tentar superá-las.
"Tiramos da Ásia a lição de que
é importante que os países tirem
suas próprias conclusões e assumam responsabilidades sobre o
que é preciso fazer", disse Köhler.
No final de 1997, após a chamada crise asiática, alguns países da
região adotaram o controle de capitais em suas economias à revelia
da comunidade financeira internacional e do próprio FMI.
Segundo as mais recentes previsões do Fundo, os mercados
emergentes asiáticos terão o
maior crescimento previsto em
todo o mundo em 2003 e 2004, de
6,4% e 6,5%, respectivamente.
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