São Paulo, domingo, 25 de setembro de 2005

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OUTRO LADO

Para companhias, negócio é legal

DA SUCURSAL DO RIO

O grupo Coinbra (Comércio e Indústrias Brasileiras Coinbra S.A.) confirmou a veracidade do contrato de venda de T-Bills, no valor de R$ 3,048 milhões, que a Bombril apresentou à polícia paulista. O vice-presidente do grupo, Fernando Morais, disse que documentos que comprovam a procedência dos T-Bills foram apresentados à Receita, em 2003, e serão reapresentados à polícia, se ela for intimada a explicar a operação.
Segundo ele, os títulos que a Coinbra vendeu à Bombril, em 99, foram adquiridos no exterior pelo grupo francês Dreiffus, que controla a subsidiária brasileira.
O diretor das Organizações Globo Jorge Nóbrega informou que os contratos citados pela Bombril estão no arquivo morto da companhia, porque já se passaram seis anos desde que as operações foram realizadas. Por esse motivo, segundo o diretor, a empresa não tem como confirmar, de imediato, a veracidade dos documentos.
Nóbrega disse que a compra e a venda de T-Bills foram "um produto de tesouraria" criado por grandes bancos nos anos 90, para financiamento das empresas. O negócio ficou conhecido no mercado financeiro como ""blue chip swap", que significa algo como troca de ativos de primeira linha.
Segundo especialistas ouvidos pela reportagem, as operações floresceram na última metade dos anos 90 como uma alternativa de captação sem pagamento de IOF. Empresas que tinham títulos no exterior e precisavam de reais no Brasil trocavam os papéis por moeda nacional e não era exigido o registro da operação no BC. Essas operações caíram em desuso.
A Odebrecht, que negociou R$ 11,5 milhões em T-Bills com a Bombril, disse que o negócio foi intermediado por bancos de primeira linha e que a operação foi aprovada por advogados.
Em relação às operações realizadas pela OPP Petroquímica, a Braskem informou o seguinte: a OPP foi uma das seis empresas que deram origem à Braskem, em agosto de 2002, e cada uma tinha gestão independente.
Segundo a empresa, a OPP realizou operações de compra e venda de T-Bills entre 99 e 2001, mas cujo valor ela não sabe precisar.
A TecBan disse que não possui relacionamento direto com a Bombril e que vendeu títulos de sua propriedade para a empresa, em 2001, em operação de rotina e de conhecimento do BC.
Procurada, na sexta, a Daslu disse não ter condição de informar se o contrato citado pela Folha é verdadeiro ou não.
Os ex-diretores da Bombril que comandavam a empresa no período em que houve as operações declararam à polícia que os negócios foram iniciativa dos italianos Sérgio Cragnotti e de Edoardo Battista, que vivem na Itália.
O ex-presidente da empresa Joamir Alves, que assina grande parte dos contratos apresentados pela Bombril, disse à polícia, em julho, que a empresa teve pareceres de advogados renomados de São Paulo no sentido de que havia respaldo legal para as operações.


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