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OUTRO LADO
Para companhias, negócio é legal
DA SUCURSAL DO RIO
O grupo Coinbra (Comércio e
Indústrias Brasileiras Coinbra
S.A.) confirmou a veracidade do
contrato de venda de T-Bills, no
valor de R$ 3,048 milhões, que a
Bombril apresentou à polícia paulista. O vice-presidente do grupo,
Fernando Morais, disse que documentos que comprovam a procedência dos T-Bills foram apresentados à Receita, em 2003, e serão
reapresentados à polícia, se ela for
intimada a explicar a operação.
Segundo ele, os títulos que a
Coinbra vendeu à Bombril, em 99,
foram adquiridos no exterior pelo
grupo francês Dreiffus, que controla a subsidiária brasileira.
O diretor das Organizações Globo Jorge Nóbrega informou que
os contratos citados pela Bombril
estão no arquivo morto da companhia, porque já se passaram
seis anos desde que as operações
foram realizadas. Por esse motivo,
segundo o diretor, a empresa não
tem como confirmar, de imediato, a veracidade dos documentos.
Nóbrega disse que a compra e a
venda de T-Bills foram "um produto de tesouraria" criado por
grandes bancos nos anos 90, para
financiamento das empresas. O
negócio ficou conhecido no mercado financeiro como ""blue chip
swap", que significa algo como
troca de ativos de primeira linha.
Segundo especialistas ouvidos
pela reportagem, as operações
floresceram na última metade dos
anos 90 como uma alternativa de
captação sem pagamento de IOF.
Empresas que tinham títulos no
exterior e precisavam de reais no
Brasil trocavam os papéis por
moeda nacional e não era exigido
o registro da operação no BC. Essas operações caíram em desuso.
A Odebrecht, que negociou
R$ 11,5 milhões em T-Bills com a
Bombril, disse que o negócio foi
intermediado por bancos de primeira linha e que a operação foi
aprovada por advogados.
Em relação às operações realizadas pela OPP Petroquímica, a
Braskem informou o seguinte: a
OPP foi uma das seis empresas
que deram origem à Braskem, em
agosto de 2002, e cada uma tinha
gestão independente.
Segundo a empresa, a OPP realizou operações de compra e venda de T-Bills entre 99 e 2001, mas
cujo valor ela não sabe precisar.
A TecBan disse que não possui
relacionamento direto com a
Bombril e que vendeu títulos de
sua propriedade para a empresa,
em 2001, em operação de rotina e
de conhecimento do BC.
Procurada, na sexta, a Daslu
disse não ter condição de informar se o contrato citado pela Folha é verdadeiro ou não.
Os ex-diretores da Bombril que
comandavam a empresa no período em que houve as operações
declararam à polícia que os negócios foram iniciativa dos italianos
Sérgio Cragnotti e de Edoardo
Battista, que vivem na Itália.
O ex-presidente da empresa
Joamir Alves, que assina grande
parte dos contratos apresentados
pela Bombril, disse à polícia, em
julho, que a empresa teve pareceres de advogados renomados de
São Paulo no sentido de que havia
respaldo legal para as operações.
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