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Folhainvest
Bancos adotam taxas altas para aplicação no Tesouro
Para consultores, medida visa estimular investidor a preterir títulos públicos
Bradesco e Itaú cobram entre oito e 16 vezes mais que outras instituições de grande porte, que praticam taxas de 0,25% a 0,50%
MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
Os maiores bancos privados
do país, Bradesco e Itaú, cobram taxas para aplicação no
Tesouro Direto entre oito e 16
vezes maior que o mercado.
Ambos cobram taxa anual de
4% do valor dos títulos públicos
adquiridos pela internet, enquanto em outras instituições,
inclusive bancos de grande porte, as taxas vão de 0,25% a
0,50%. Há quem, como a corretora Socopa, não cobre taxa nenhuma para corretagem de títulos do Tesouro Direto.
E não é tudo: os dois bancos
cobram ainda uma taxa fixa de
R$ 25 sobre toda aplicação, e,
no caso do Bradesco, há um valor mínimo de R$ 20 a ser pago
de taxa de corretagem.
Numa aplicação de R$ 200
reais, por exemplo, a taxa de
custódia será de R$ 45: 4% de
R$ 200 são R$ 8, mas é cobrado
um mínimo de R$ 20, mais o fixo de R$ 25 por operação.
"É para não investir. Aplicações do Tesouro Direto vão para o Tesouro. Eles querem que
o investidor aplique em produtos do banco", diz a consultora
Márcia Dessen.
Clientes do Itaú Personalité
pagam uma taxa de 3%, um
pouco menor que a cobrada do
restante dos clientes do Banco
Itaú, mas ainda bem acima da
média do mercado. Durante
quase toda a semana passada,
assessores do Bradesco e do
Itaú declararam que os bancos
não poderiam se manifestar
porque fontes das corretoras
não estavam em São Paulo.
No Tesouro Direto, quem faz
a aplicação em títulos do governo federal é o investidor. Por isso, não se justificam taxas elevadas, como em muitos fundos
de investimento administrados
por instituições financeiras. A
corretora apenas faz o serviço
de liquidar a operação.
A taxa de custódia remunera
o agente pelo custo do cadastro,
dos registros de conta corrente,
do pagamento ao Tesouro Nacional, no caso das compras, e a
recepção de crédito em favor
dos clientes, quando há vendas,
juros e vencimentos dos títulos
públicos federais.
Shopping
"Compete ao investidor fazer
o "shopping", pesquisar preços
antes de escolher o prestador
do serviço", lembra Dessen.
"No caso de bancos e corretoras gestoras de fundos de investimento, a oferta de títulos públicos federais concorre com os
fundos de renda fixa e DIs, que
cobram, em média, taxas de administração entre 2,5% e 4,5%
ao ano. Uma taxa para o Tesouro Direto baixa implicaria em
perda de atratividade dos produtos dos bancos", diz André
Siqueira, da Fator Corretora.
Com uma taxa elevada, de
4%, somada ao IR cobrado, obtém-se uma rentabilidade líquida inferior à da caderneta de
poupança, tradicional lanterninha no ranking das aplicações.
O Tesouro Direto foi criado
pelo governo federal para atender ao pequeno investidor, que
não tinha acesso a títulos públicos a taxas convidativas.
O valor cobrado pelas corretoras vale para o primeiro ano.
Nos demais anos, o custo da
corretagem é descontado no
vencimento, na venda dos títulos ou no pagamento dos juros,
de acordo com o prazo em que o
investidor ficou com o título.
Além da taxa para a corretora, há ainda uma cobrada pela
CBLC (Companhia Brasileira
de Liquidação e Custódia), de
0,40%, relativa à guarda. "Instituição com taxa fora do padrão
procura ganhar em cima da
operação e visa menos atrair
clientes [para o Tesouro]", diz
Jonas Jaimovick, da Ágora.
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