São Paulo, sexta-feira, 25 de outubro de 2002

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INVESTIMENTO

Aplicações em fundos de ações superam os resgates pelo terceiro mês consecutivo; pessoas físicas investem mais

Classe média redescobre a Bolsa de Valores

ISABEL CAMPOS
DA REPORTAGEM LOCAL

As aplicações em fundos de ações estão superando os resgates pelo terceiro mês consecutivo. Em outubro, até o dia 22, essa categoria captou R$ 119,36 milhões. Em agosto, as entradas foram de R$ 58 milhões e, em setembro, de R$ 334,62 milhões, segundo dados do site Fortuna.
"Não se trata de um boom de investimento em Bolsa. Mas as aplicações têm sido pulverizadas entre vários fundos e mantido ritmo constante nos últimos três meses", diz Marcelo D'Agosto, diretor do Fortuna.
De acordo com administradores de recursos, as pessoas físicas, basicamente de classe média, é que estão puxando esse movimento. Os investidores institucionais, como os fundos de pensão e seguradoras, também estão aplicando, mas em menor escala.
"As aplicações de investidores institucionais estão dentro do esperado, pois as ações estão baratas e faz parte de sua estratégia investir no mercado acionário. O que surpreende é o crescimento da pessoa física, mesmo com a perda da Bolsa no ano. É uma mudança de mentalidade", diz Julio Ziegelmann, da BankBoston Asset Management.
Dados divulgados pela Bovespa também confirmam o maior interesse das pessoas físicas e dos investidores institucionais.
Em outubro, até o dia 18, as pessoas físicas compraram diretamente R$ 1,093 bilhão em ações e venderam R$ 1,072 bilhão no mercado à vista da Bolsa paulista, o que resulta num saldo positivo de R$ 21 milhões. Os investidores institucionais e os fundos de ações, incluindo os direcionados a pessoas físicas (a Bolsa não faz distinção entre os dois), compraram R$ 965,53 milhões e venderam R$ 710,89 milhões - saldo positivo de R$ 254,64 milhões.
"Na minha opinião, o que tem atraído os investidores é a combinação dos preços baixos das ações com a perspectiva de melhora a longo prazo", afirma Irvando Hoff, gerente-executivo de investimentos do Banco do Brasil.
Para Ziegelmann, o investidor também está olhando o curto prazo. A provável vitória do PT nas eleições presidenciais e o pessimismo do mercado já estão embutidos nas cotações das ações. Após a eleição, explica, a expectativa é que o primeiro passo do PT seja acalmar os agentes financeiros, apresentando a nova linha de governo e os principais nomes de sua equipe. Isso deverá melhorar o humor do mercado -a melhora dos últimos dias já seria um indício- pelo menos até o início do próximo ano.
A Hedging-Griffo, que está entre as administradoras de fundos de ações que mais têm captado, recomendou aos seus clientes maior exposição ao mercado acionário. "Achamos que ainda pode haver turbulência pela frente, mas as chances de ganhar com ações são maiores do que as de perder. A alta é mais provável do que a baixa", observa Pino Marco Di Segni, assessor de investimentos da Hedging-Griffo.

Prejuízo
Conforme dados do Fortuna, os fundos de ações estão, em média, com rentabilidade negativa de 11,38% no ano. Somente nos meses de fevereiro, agosto e outubro (até o dia 22), essa categoria conseguiu rendimento médio positivo. Já a captação de recursos, apesar da melhora dos últimos três meses, continua negativa em R$ 196,40 milhões em 2002.
Até ontem, o Ibovespa (Índice da Bolsa de Valores de São Paulo) estava com variação negativa acumulada de 27,83% no ano e alta de 13,65% em outubro.


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