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INVESTIMENTO
Aplicações em fundos de ações superam os resgates pelo terceiro mês consecutivo; pessoas físicas investem mais
Classe média redescobre a Bolsa de Valores
ISABEL CAMPOS
DA REPORTAGEM LOCAL
As aplicações em fundos de
ações estão superando os resgates
pelo terceiro mês consecutivo.
Em outubro, até o dia 22, essa categoria captou R$ 119,36 milhões.
Em agosto, as entradas foram de
R$ 58 milhões e, em setembro, de
R$ 334,62 milhões, segundo dados do site Fortuna.
"Não se trata de um boom de investimento em Bolsa. Mas as aplicações têm sido pulverizadas entre vários fundos e mantido ritmo
constante nos últimos três meses", diz Marcelo D'Agosto, diretor do Fortuna.
De acordo com administradores de recursos, as pessoas físicas,
basicamente de classe média, é
que estão puxando esse movimento. Os investidores institucionais, como os fundos de pensão e
seguradoras, também estão aplicando, mas em menor escala.
"As aplicações de investidores
institucionais estão dentro do esperado, pois as ações estão baratas e faz parte de sua estratégia investir no mercado acionário. O
que surpreende é o crescimento
da pessoa física, mesmo com a
perda da Bolsa no ano. É uma
mudança de mentalidade", diz
Julio Ziegelmann, da BankBoston
Asset Management.
Dados divulgados pela Bovespa
também confirmam o maior interesse das pessoas físicas e dos investidores institucionais.
Em outubro, até o dia 18, as pessoas físicas compraram diretamente R$ 1,093 bilhão em ações e
venderam R$ 1,072 bilhão no
mercado à vista da Bolsa paulista,
o que resulta num saldo positivo
de R$ 21 milhões. Os investidores
institucionais e os fundos de
ações, incluindo os direcionados
a pessoas físicas (a Bolsa não faz
distinção entre os dois), compraram R$ 965,53 milhões e venderam R$ 710,89 milhões - saldo
positivo de R$ 254,64 milhões.
"Na minha opinião, o que tem
atraído os investidores é a combinação dos preços baixos das ações
com a perspectiva de melhora a
longo prazo", afirma Irvando
Hoff, gerente-executivo de investimentos do Banco do Brasil.
Para Ziegelmann, o investidor
também está olhando o curto prazo. A provável vitória do PT nas
eleições presidenciais e o pessimismo do mercado já estão embutidos nas cotações das ações.
Após a eleição, explica, a expectativa é que o primeiro passo do PT
seja acalmar os agentes financeiros, apresentando a nova linha de
governo e os principais nomes de
sua equipe. Isso deverá melhorar
o humor do mercado -a melhora dos últimos dias já seria um indício- pelo menos até o início do
próximo ano.
A Hedging-Griffo, que está entre as administradoras de fundos
de ações que mais têm captado,
recomendou aos seus clientes
maior exposição ao mercado
acionário. "Achamos que ainda
pode haver turbulência pela frente, mas as chances de ganhar com
ações são maiores do que as de
perder. A alta é mais provável do
que a baixa", observa Pino Marco
Di Segni, assessor de investimentos da Hedging-Griffo.
Prejuízo
Conforme dados do Fortuna, os
fundos de ações estão, em média,
com rentabilidade negativa de
11,38% no ano. Somente nos meses de fevereiro, agosto e outubro
(até o dia 22), essa categoria conseguiu rendimento médio positivo. Já a captação de recursos, apesar da melhora dos últimos três
meses, continua negativa em R$
196,40 milhões em 2002.
Até ontem, o Ibovespa (Índice
da Bolsa de Valores de São Paulo)
estava com variação negativa acumulada de 27,83% no ano e alta de
13,65% em outubro.
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