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Espanha ameaça OHL por falha em obra
Vencedora de leilão de rodovias federais no Brasil é acusada de "inepta" por ministério devido a problemas em linha de trem
Empresa, que deverá ser processada, diz que erros que afetaram outra linha de trem já existente se devem
"à complexidade da obra"
Guido Manuilo - 4.out.07/Efe
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Passageira aguarda saída de trem em estação de Barcelona |
CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A MADRI
A OHL, a empresa espanhola
que ganhou cinco dos sete trechos de rodovias federais brasileiras concedidos ao setor privado, está nas manchetes de
ontem dos jornais espanhóis,
mas, ao contrário do que houve
no Brasil, por motivos nada festivos: o Ministério do Fomento
a acusa de "inepta" e ameaça
tomar medidas judiciais, ao
passo que a Generalitat da Catalunha (o governo dessa comunidade no Nordeste da Espanha) já decidiu que irá aos
tribunais.
Tudo porque a OHL, responsável pela construção de 1,1 km
da linha de trem de alta velocidade (o AVE, na sigla em espanhol) que ligará Madri a Barcelona, capital catalã, acabou provocando problemas em outra
linha, que serve os subúrbios, e
ficará dois meses fora de operação. No total, a ligação de alta
velocidade entre Madri e Barcelona terá 600 quilômetros e
reduzirá o tempo de percurso
das atuais seis horas para duas
horas e meia.
"A empresa deve pagar pelos
dois meses em que a linha estará fechada", reclama Joaquín
Nadal, conselheiro de Política
Territorial da Catalunha. A linha de subúrbios afetada pela
obra da OHL transporta 62 mil
passageiros por dia.
Já a ministra de Fomento,
Magdalena Álvarez, afirma: "É
preciso deixar claro que não estamos contentes com os trabalhos que se estão realizando
nesse trecho".
Os problemas no AVE ganharam forte conteúdo político
porque o governo do socialista
José Luis Rodríguez Zapatero
pretendia inaugurar a ligação
entre as duas principais cidades espanholas no dia 21 de dezembro, a dois meses e meio de
eleições gerais que prometem
ser muito disputadas.
Para o jornal "El País", simpático aos socialistas, trata-se
da "obra pública bandeira" de
Zapatero. Já o ABC, de oposição, ataca o que chama de
"inaugurações pré-eleitorais",
que, nos cálculos do jornal, reduziriam as provas de segurança a menos de um mês de duração, quando o AVE mais importante hoje em operação (Madri/Sevilha) foi testado durante
um ano.
O ambiente eleitoral levou o
PP (Partido Popular, o principal da oposição) a usar para a
ministra Magdalena Álvarez o
mesmo qualificativo por ela
empregado para a OHL, o de
"inepta" (além de "inútil" e
"ineficaz").
Mariano Rajoy, líder do PP e
candidato derrotado por Zapatero na eleição de 2004, diz que
a ministra trabalha para "cumprir um capricho de Zapatero".
Já a OHL se defende e foge do
minado campo político, para
refugiar-se no técnico. Os problema surgidos, diz nota da empresa, devem-se "à complexidade de uma obra subterrânea
que afeta numerosas infra-estruturas".
María Teresa Fernández de
la Vega, vice-presidente do governo espanhol, disse que não é
o caso de demonizar a empresa,
porque a obra envolve uma
enorme complexidade técnica,
o que não a impede de reconhecer que há, sim, problemas na
obra. Segundo ela, o governo da
Espanha ainda não decidiu que
providências adotará no caso.
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