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"Paremos de piadas", afirma Meirelles
Durante palestra a investidores nos Estados Unidos, presidente do Banco Central diz que a situação é "muito, muito séria'
Para Meirelles, Brasil
"tem sido, até agora, um estabilizador, junto com outros emergentes," durante a crise global
DANIEL BERGAMASCO
ENVIADO ESPECIAL A MIAMI
"Não há dúvidas sobre ela [a
crise econômica global]. Paremos de fazer piadas a respeito.
É uma situação muito, muito
séria", disse ontem o presidente do Banco Central, Henrique
Meirelles, durante palestra a
investidores em Miami.
O banqueiro citava a preocupação com a turbulência americana, que está "afetando a todos", e continuava a defender
que o Brasil está em uma situação favorável no contexto global. "Por muitas décadas, o Brasil foi, em muitas ocasiões, uma
das fontes do problema. E hoje
tem sido, até agora, um estabilizador [...] junto com outros
emergentes", disse ele.
"Todos estão analisando, observando [...] no Brasil, como
em todos os outros lugares.
Mas a diferença é que agora o
Brasil está em melhor condição
para encarar o problema [...]
em razão da estabilização nos
últimos anos", disse, citando a
busca pelo cumprimento da
meta de inflação.
No telão da palestra, intitulada "As Respostas do Brasil às
Tensões do Mercado Global",
Meirelles exibiu outros indicativos da economia brasileira
nos últimos anos e citou as medidas do Banco Central para
combater a crise após sua fase
de agravamento, em setembro.
Ele citou a venda de dólares
como forma "saudável" para
prover liquidez da moeda, mas
não falou sobre preocupação
com o câmbio.
Logo no início, foi recebido
com risos ao dizer que não daria dicas sobre o próxima encontro do Comitê de Política
Monetária, na terça e na quarta-feira. Após sua fala, disse à
Folha: "Se você entendeu uma
coisa [sobre o futuro da taxa básica de juros], é que o correto é
o contrário", brincou.
No púlpito, ele não falou sobre a proposta de concessão de
poderes para que Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil possam adquirir instituições
financeiras em dificuldades.
Questionado, após o evento, sobre a possibilidade de ceder aos
apelos da oposição no Congresso por restrições ao projeto, ele
sorriu e disse: "Não posso falar
nada, se não ela [uma assessora
de imprensa do Banco Central]
me mata", disse ele, que não
concedeu entrevistas e não respondeu às perguntas dos investidores. Com alguns deles, deveria ter encontros reservados
durante a tarde de ontem.
A agenda de Meirelles previa
comparecimento à cerimônia
de entrega do prêmio Bravo, da
revista de economia "Latin
Trade", no qual foi vencedor
como "financista do ano".
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