São Paulo, sábado, 25 de outubro de 2008

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"Paremos de piadas", afirma Meirelles

Durante palestra a investidores nos Estados Unidos, presidente do Banco Central diz que a situação é "muito, muito séria'

Para Meirelles, Brasil "tem sido, até agora, um estabilizador, junto com outros emergentes," durante a crise global

DANIEL BERGAMASCO
ENVIADO ESPECIAL A MIAMI

"Não há dúvidas sobre ela [a crise econômica global]. Paremos de fazer piadas a respeito. É uma situação muito, muito séria", disse ontem o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, durante palestra a investidores em Miami.
O banqueiro citava a preocupação com a turbulência americana, que está "afetando a todos", e continuava a defender que o Brasil está em uma situação favorável no contexto global. "Por muitas décadas, o Brasil foi, em muitas ocasiões, uma das fontes do problema. E hoje tem sido, até agora, um estabilizador [...] junto com outros emergentes", disse ele.
"Todos estão analisando, observando [...] no Brasil, como em todos os outros lugares. Mas a diferença é que agora o Brasil está em melhor condição para encarar o problema [...] em razão da estabilização nos últimos anos", disse, citando a busca pelo cumprimento da meta de inflação.
No telão da palestra, intitulada "As Respostas do Brasil às Tensões do Mercado Global", Meirelles exibiu outros indicativos da economia brasileira nos últimos anos e citou as medidas do Banco Central para combater a crise após sua fase de agravamento, em setembro.
Ele citou a venda de dólares como forma "saudável" para prover liquidez da moeda, mas não falou sobre preocupação com o câmbio.
Logo no início, foi recebido com risos ao dizer que não daria dicas sobre o próxima encontro do Comitê de Política Monetária, na terça e na quarta-feira. Após sua fala, disse à Folha: "Se você entendeu uma coisa [sobre o futuro da taxa básica de juros], é que o correto é o contrário", brincou.
No púlpito, ele não falou sobre a proposta de concessão de poderes para que Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil possam adquirir instituições financeiras em dificuldades. Questionado, após o evento, sobre a possibilidade de ceder aos apelos da oposição no Congresso por restrições ao projeto, ele sorriu e disse: "Não posso falar nada, se não ela [uma assessora de imprensa do Banco Central] me mata", disse ele, que não concedeu entrevistas e não respondeu às perguntas dos investidores. Com alguns deles, deveria ter encontros reservados durante a tarde de ontem.
A agenda de Meirelles previa comparecimento à cerimônia de entrega do prêmio Bravo, da revista de economia "Latin Trade", no qual foi vencedor como "financista do ano".


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