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Crédito entre bancos cai pela metade em um mês
SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O arsenal do Banco Central
não tem sido suficiente para
quebrar a posição defensiva
dos bancos diante do caos diário vivido nos mercados financeiros aqui e no exterior. O volume de transações entre as
instituições financeiras no chamado mercado interbancário
caiu à metade do patamar que
vigorava antes de a crise externa se agravar, no final de setembro, e a taxa cobrada nessas
transações disparou.
Bancos não querem emprestar para outros bancos mesmo
com o BC garantindo dinheiro
adicional para essa finalidade.
No início do mês passado, as
negociações interbancárias giravam em torno de uma média
de R$ 2 bilhões por dia e a taxa
máxima cobrada era de cerca
de 13,2% ao ano, próxima da Selic, de 13,75% ao ano fixada pelo
Copom (Comitê de Política
Monetária, do Banco Central).
Esse valor máximo subiu à
medida que as notícias externas pioraram e disparou após o
anúncio da quebra do Lehman
Brothers, o quarto maior banco
de investimento dos EUA. Chegou a 17,60% ao ano, no dia 6
deste mês, enquanto o volume
médio recuou para cerca de R$
1 bilhão, segundo registros da
Cetip, responsável pelo registro e negociação de títulos públicos e privados.
"A taxa subiu por uma questão defensiva. O volume ter caído nesse caso, mostra que nem
todos estão tomando dinheiro
emprestado a qualquer preço",
argumenta Jorge Sant"Anna,
diretor de relações com participantes da Cetip.
O BC aumentou a munição.
Desde o dia 24 de setembro, já
liberou R$ 111 bilhões, recursos
que ficariam recolhidos na instituição a título de depósitos
compulsórios. O custo das
transações interbancárias recuou nesta semana e fechou em
14,15% na última quinta-feira.
Na semana passada, o BC
adotou novas medidas para
tentar destravar essas negociações. O leque de garantias que
podem ser aceitas nos empréstimos do interbancário inclui
praticamente todos os ativos
que uma instituição pode ter:
vai de papéis emitidos por empresas (debêntures) a títulos
públicos, contratos de adiantamento de receitas, entre elas
exportação, alguns tipos de
fiança e créditos concedidos de
pessoa física e empresas. Basta
que o emprestador aceite.
Segundo a Folha apurou, a
avaliação no governo é que o
dinheiro liberado pelo BC até
agora tem funcionado como
oxigênio para os pacientes com
problema de respiração -no
caso, os bancos pequenos que
ficaram com mais recursos em
caixa provisoriamente-, mas
não tem feito os pulmões deles
voltarem a funcionar por conta
própria.
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