São Paulo, sábado, 25 de outubro de 2008

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Crédito entre bancos cai pela metade em um mês

SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O arsenal do Banco Central não tem sido suficiente para quebrar a posição defensiva dos bancos diante do caos diário vivido nos mercados financeiros aqui e no exterior. O volume de transações entre as instituições financeiras no chamado mercado interbancário caiu à metade do patamar que vigorava antes de a crise externa se agravar, no final de setembro, e a taxa cobrada nessas transações disparou.
Bancos não querem emprestar para outros bancos mesmo com o BC garantindo dinheiro adicional para essa finalidade. No início do mês passado, as negociações interbancárias giravam em torno de uma média de R$ 2 bilhões por dia e a taxa máxima cobrada era de cerca de 13,2% ao ano, próxima da Selic, de 13,75% ao ano fixada pelo Copom (Comitê de Política Monetária, do Banco Central).
Esse valor máximo subiu à medida que as notícias externas pioraram e disparou após o anúncio da quebra do Lehman Brothers, o quarto maior banco de investimento dos EUA. Chegou a 17,60% ao ano, no dia 6 deste mês, enquanto o volume médio recuou para cerca de R$ 1 bilhão, segundo registros da Cetip, responsável pelo registro e negociação de títulos públicos e privados.
"A taxa subiu por uma questão defensiva. O volume ter caído nesse caso, mostra que nem todos estão tomando dinheiro emprestado a qualquer preço", argumenta Jorge Sant"Anna, diretor de relações com participantes da Cetip.
O BC aumentou a munição. Desde o dia 24 de setembro, já liberou R$ 111 bilhões, recursos que ficariam recolhidos na instituição a título de depósitos compulsórios. O custo das transações interbancárias recuou nesta semana e fechou em 14,15% na última quinta-feira.
Na semana passada, o BC adotou novas medidas para tentar destravar essas negociações. O leque de garantias que podem ser aceitas nos empréstimos do interbancário inclui praticamente todos os ativos que uma instituição pode ter: vai de papéis emitidos por empresas (debêntures) a títulos públicos, contratos de adiantamento de receitas, entre elas exportação, alguns tipos de fiança e créditos concedidos de pessoa física e empresas. Basta que o emprestador aceite.
Segundo a Folha apurou, a avaliação no governo é que o dinheiro liberado pelo BC até agora tem funcionado como oxigênio para os pacientes com problema de respiração -no caso, os bancos pequenos que ficaram com mais recursos em caixa provisoriamente-, mas não tem feito os pulmões deles voltarem a funcionar por conta própria.


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