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Cifras olímpicas mobilizam as empreiteiras
Corrida por uma fatia dos R$ 28,8 bilhões, orçamento prévio dos Jogos, movimenta construtoras em todo o país
Grupo CR Almeida estuda projetos em arenas; Mendes Júnior quer pelo menos 10% dos contratos que serão licitados para obras no Rio
DA REPORTAGEM LOCAL
Maratonas encerram Olimpíadas. Estas vão começar com
as primeiras licitações em
2010. As cifras olímpicas projetadas pelo Comitê Organizador
Rio 2016 já promovem uma
corrida de fundo entre empreiteiras brasileiras e participação
de estrangeiras. A meta é conquistar uma fatia dos R$ 28,8
bilhões, o tamanho do investimento para os Jogos. A maior
parte desses bilhões, obras.
"Vai ser uma guerra", diz
Adhemar Rodrigues Alves, diretor-superintendente da CR
Almeida, uma das empresas
que já se mobilizam para tentar
ganhar não só contratos para
obras de infraestrutura para o
Rio de Janeiro mas também para a construção de arenas (o
que, claro, inclui a Copa do
Mundo de 2014). A CR Almeida
negocia parcerias com construtoras internacionais para disputar contratos de construção
de arenas esportivas. Acha que
os acordos de transferência
tecnológica para projetos de
arenas podem se converter na
diferença nas licitações.
A construção civil espera
apenas o modelo que será empregado nas licitações pelos
três níveis de governo, prefeitura, Estado e a União, que já
anunciou o PAC da Copa e da
Olimpíada.
Segundo os organizadores,
dos R$ 28,8 bilhões estimados
para os Jogos, R$ 24,5 bilhões
serão projetos licitados pelos
governos. A modelagem dessas
licitações não está definida,
mas as construtoras já rascunham projetos e ensaiam acordos. Algumas já consideram
formação de consórcios para
não só construir mas operar
arenas multiuso.
Modelo indefinido
Licitação de obras, concessão
e PPP (Parceria Público-Privada). As indefinições do modelo
ainda tornam incerta qual será
a taxa de retorno para atração
do capital privado. Há construtoras que falam em remunerações de 8% ou 12% ao ano.
Em relação às obras de infraestrutura para mobilidade
urbana (metrô, vias e aeroportos), a expectativa é que o pacote seja de uma licitação de
obras. Quanto às arenas, há dúvidas sobre a modelagem.
"Somos uma empresa de
construção de infraestrutura,
mas avaliamos a criação de um
braço dentro da construtora
para estudar os negócios relacionados às arenas esportivas",
diz Marco Aurélio Damha, diretor do Grupo Encalso. Com
faturamento de R$ 1 bilhão por
ano, o grupo definiu como meta
obter contratos de mais R$ 1 bilhão entre Copa e Olimpíada.
Victório Duque Semionato,
diretor-executivo da Mendes
Júnior, anunciou negociações
já em curso para a formação de
parcerias internacionais a fim
de tentar captar entre 10% e
15% dos contratos de obras para o Rio de Janeiro, seja para a
Copa do Mundo ou para a
Olimpíada. Isso representará
de R$ 1,5 bilhão a R$ 4 bilhões
em negócios.
Juan Quirós, ex-presidente
da Apex (agência de promoção
de exportações) e controlador
da Construtora Serpal, refez a
estratégia da empresa para os
próximos anos. Incluirá na mira saneamento, projetos em aeroportos e arenas esportivas.
No Rio, o foco até agora era petróleo e siderurgia. Agora, vai
reforçar o escritório carioca.
Com o Credit Suisse e outros
sete fundos como sócios, Quirós avalia que já tem como mobilizar capital. A Serpal negocia
agora acordos com construtoras estrangeiras.
"Depois da decisão do COI,
grupos internacionais passaram a contatar o país para conversas. São grandes projetos, e
quem quiser disputar esses negócios sozinho não vai conseguir", diz Quirós.
(AGNALDO BRITO)
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