São Paulo, domingo, 25 de outubro de 2009

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Cifras olímpicas mobilizam as empreiteiras

Corrida por uma fatia dos R$ 28,8 bilhões, orçamento prévio dos Jogos, movimenta construtoras em todo o país

Grupo CR Almeida estuda projetos em arenas; Mendes Júnior quer pelo menos 10% dos contratos que serão licitados para obras no Rio

DA REPORTAGEM LOCAL

Maratonas encerram Olimpíadas. Estas vão começar com as primeiras licitações em 2010. As cifras olímpicas projetadas pelo Comitê Organizador Rio 2016 já promovem uma corrida de fundo entre empreiteiras brasileiras e participação de estrangeiras. A meta é conquistar uma fatia dos R$ 28,8 bilhões, o tamanho do investimento para os Jogos. A maior parte desses bilhões, obras.
"Vai ser uma guerra", diz Adhemar Rodrigues Alves, diretor-superintendente da CR Almeida, uma das empresas que já se mobilizam para tentar ganhar não só contratos para obras de infraestrutura para o Rio de Janeiro mas também para a construção de arenas (o que, claro, inclui a Copa do Mundo de 2014). A CR Almeida negocia parcerias com construtoras internacionais para disputar contratos de construção de arenas esportivas. Acha que os acordos de transferência tecnológica para projetos de arenas podem se converter na diferença nas licitações.
A construção civil espera apenas o modelo que será empregado nas licitações pelos três níveis de governo, prefeitura, Estado e a União, que já anunciou o PAC da Copa e da Olimpíada.
Segundo os organizadores, dos R$ 28,8 bilhões estimados para os Jogos, R$ 24,5 bilhões serão projetos licitados pelos governos. A modelagem dessas licitações não está definida, mas as construtoras já rascunham projetos e ensaiam acordos. Algumas já consideram formação de consórcios para não só construir mas operar arenas multiuso.

Modelo indefinido
Licitação de obras, concessão e PPP (Parceria Público-Privada). As indefinições do modelo ainda tornam incerta qual será a taxa de retorno para atração do capital privado. Há construtoras que falam em remunerações de 8% ou 12% ao ano.
Em relação às obras de infraestrutura para mobilidade urbana (metrô, vias e aeroportos), a expectativa é que o pacote seja de uma licitação de obras. Quanto às arenas, há dúvidas sobre a modelagem.
"Somos uma empresa de construção de infraestrutura, mas avaliamos a criação de um braço dentro da construtora para estudar os negócios relacionados às arenas esportivas", diz Marco Aurélio Damha, diretor do Grupo Encalso. Com faturamento de R$ 1 bilhão por ano, o grupo definiu como meta obter contratos de mais R$ 1 bilhão entre Copa e Olimpíada.
Victório Duque Semionato, diretor-executivo da Mendes Júnior, anunciou negociações já em curso para a formação de parcerias internacionais a fim de tentar captar entre 10% e 15% dos contratos de obras para o Rio de Janeiro, seja para a Copa do Mundo ou para a Olimpíada. Isso representará de R$ 1,5 bilhão a R$ 4 bilhões em negócios.
Juan Quirós, ex-presidente da Apex (agência de promoção de exportações) e controlador da Construtora Serpal, refez a estratégia da empresa para os próximos anos. Incluirá na mira saneamento, projetos em aeroportos e arenas esportivas. No Rio, o foco até agora era petróleo e siderurgia. Agora, vai reforçar o escritório carioca.
Com o Credit Suisse e outros sete fundos como sócios, Quirós avalia que já tem como mobilizar capital. A Serpal negocia agora acordos com construtoras estrangeiras.
"Depois da decisão do COI, grupos internacionais passaram a contatar o país para conversas. São grandes projetos, e quem quiser disputar esses negócios sozinho não vai conseguir", diz Quirós.
(AGNALDO BRITO)


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