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Concorrência desleal é resultado de falta de controle, diz indústria
Empresários dizem que, além de ações repressivas, é preciso "equalizar" os tributos brasileiros com os de países vizinhos
Setor do fumo estima que, com descaminho, 19 mil empregos formais sejam perdidos na indústria e no comércio de cigarros no país
DA REPORTAGEM LOCAL
A falta de controle na fronteira seca do país expõe a indústria e o comércio brasileiro à
concorrência desleal. Essa é a
avaliação de empresários ligados à Fiesp (federação das indústrias paulistas) e a entidades dos setores eletroeletrônico, de fumo e de brinquedos.
"O Mercosul não se consolidou como uma zona de livre comércio. Isso estimula e faz valer a pena o descaminho [entrada de produtos no país sem o
pagamento de impostos]", diz
Synésio Batista da Costa, presidente da Abrinq (associação da
indústria de brinquedos).
A indústria brasileira de
brinquedos já esteve em situação pior. Hoje os brinquedos
importados de forma irregular
representam cerca de 6,5% do
total do mercado brasileiro, de
R$ 2,8 bilhões em 2008. Há dez
anos esse percentual chegava a
25%, segundo a Abrinq. Os produtos irregulares chegam menos por portos e aeroportos e
mais pela fronteira seca do Brasil com a Bolívia e o Paraguai.
"A diferença chega a 30% entre o preço do produto brasileiro e o do que vem de fora sem o
pagamento de impostos."
No setor de cigarros, ainda há
muito o que melhorar, segundo
José Henrique Barreto, presidente do Sindifumo (sindicato
da indústria do fumo).
Além de equipar os postos da
Receita e reforçar a fiscalização, Barreto considera que é
preciso "equalizar" os tributos
brasileiros com os dos países
que têm fronteira com o Brasil.
"Não basta só combater o ilícito
com ação de fiscalização. A tributação tem de ser igualada para evitar concorrência desleal."
O Sindifumo estima que o cigarro que entra no país de forma irregular represente 30%
do mercado brasileiro. "Com o
descaminho, temos uma perda
de mais de 19 mil empregos formais na indústria e no comércio de cigarros no Brasil", diz o
presidente do Sindifumo.
Preço menor é atrativo
Antônio Hugo Valério Jr., diretor da área de informática da
Abinee (que reúne o setor de
eletroeletrônicos), também
acredita que as medidas para
combater a entrada de produtos de forma ilegal no país têm
de estar aliadas às ações para
reduzir seus preços.
"Após a MP do Bem [medida
provisória que retirou a cobrança de PIS e Cofins do preço
final dos computadores], houve
recuo na importação irregular e
o nosso segmento abriu cerca
de 10 mil postos de trabalho em
um período de quatro anos",
diz o diretor da associação.
Em 2004, o mercado ilegal de
computadores chegava a representar 73% do total no Brasil.
Hoje, participa com 34%, segundo informações do IDC (International Data Corporation)
de dezembro passado.
Mas a diferença de preço entre os produtos irregulares e os
regulares ainda é grande, segundo o empresário -e isso
atrai o consumidor. Um computador montado com componentes que entram de forma irregular no Brasil chega a custar
entre 20% e 25% menos do que
um produto regular.
(CR e FF)
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