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AFOGANDO EM NÚMEROS
Planejamento divulga esperar subida de 0,8%; documento ligado à Fazenda projeta só 0,4%
Governo diverge sobre alta do PIB neste ano
SÍLVIA MUGNATTO
ANDRÉ SOLIANI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
ÉRICA FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL
Essa previsão menor, elaborada
pela SPE (Secretaria de Política
Econômica do Ministério da Fazenda), foi qualificada por Mantega, num tom de brincadeira, como tendo sido feita num momento de "mau humor". "Foi um pouco pessimista."
Para o ministro, a SPE olhou
muito os números antigos de produção industrial. Antes da nova
estimativa, havias duas previsões
para este ano: o Banco Central
previa alta de 0,6% e o Ministério
do Planejamento esperava subida
de 0,98% (número de setembro).
O Ministério da Fazenda não
quis se pronunciar oficialmente
sobre o comentário de Mantega,
mas assessores preferiram qualificá-lo, extra-oficialmente, como
uma brincadeira. Admitem que
às vezes são mal-humorados.
O Ministério da Fazenda admite
que a projeção de 0,4% está defasada, mas teve de adotá-la para
cumprir o prazo de enviar ao
Congresso o relatório de receitas e
despesas, que terminou no dia 23.
Esse relatório permitiu a liberação
de R$ 835 milhões neste ano.
A assessoria de imprensa do Ministério da Fazenda informou que
está aguardando os novos números sobre crescimento econômico
do IBGE, que vão ser divulgados
amanhã, para refazer as estimativas deste ano. Com a revisão, a
nova previsão deverá convergir
para o crescimento de 0,8%.
Embora as receitas variem com
o PIB, Mantega afirmou ontem
que a projeção do PIB não é tão
importante no momento porque
o governo já tem dez meses completos de arrecadação.
Mas o próprio relatório de receitas e despesas explica que a
projeção de superávit primário
(economia de receitas para pagamento de juros) para o ano foi revista de R$ 38,2 bilhões para R$ 38
bilhões porque o PIB caiu. É que
as metas fiscais são calculadas em
relação ao PIB. Com a queda do
superávit, o governo está tendo
mais espaço neste ano para aumentar seus gastos.
No mercado, as estimativas para o desempenho do PIB em 2003
ainda oscilam entre 0,3% e 0,5%.
Economistas admitem a hipótese
de rever os números, mas só após
os resultados de amanhã.
Embora concordem sobre o resultado da economia no ano, falta
consenso entre especialistas sobre
os rumos do PIB no terceiro trimestre deste ano. As projeções sobre o desempenho da economia
nesse período em relação ao mesmo em 2002 vão de retração de
0,8% a crescimento de 0,9%.
"A economia está se recuperando. Mas a retração no primeiro semestre deste ano foi forte e, mesmo no terceiro trimestre, ainda
estivemos num patamar inferior
ao do mesmo período do ano passado", diz Paulo Levy, diretor do
Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), que espera
queda de 0,8% do PIB no terceiro
trimestre de 2003 em relação ao
mesmo período do ano passado.
Na ponta oposta, a consultoria
LCA Consultores estima expansão de 0,9% do PIB para o mesmo
período. De acordo com Francisco Pessoa, economista da LCA, o
bom desempenho do setor agropecuário será o grande responsável por esse crescimento. Para ele,
o PIB do setor agropecuário crescerá 7,8%, contra uma estimativa
de retração de 0,6% do Ipea.
"A forte colheita de trigo, somada a outros fatores, explica o forte
resultado do setor agropecuário
no terceiro trimestre", diz Pessoa.
Para outros bancos, o PIB deverá ter expansão entre 0,2% e 0,3%
no último trimestre em comparação ao mesmo período do ano
passado.
Quando se trata da variação do
PIB entre julho e setembro deste
ano em relação ao segundo tri
mestre também de 2003, as projeções são mais convergentes. Há
consenso, por exemplo, sobre o
início de um processo de retomada da economia. Mas, ainda assim, as projeções de crescimento
variam de 1,5% a 2,4%.
"O terceiro trimestre deverá
marcar a virada para o crescimento", diz o economista Juan Jensen,
da consultoria Tendências.
Jensen projeta expansão de
2,3% do PIB no terceiro trimestre
em relação ao trimestre imediatamente anterior. O dado desconta
as chamadas variações sazonais
(de cada período do ano).
Para Alexandre Bassoli, economista-chefe do HSBC Investment
Bank, a expansão do PIB deverá
ser de 2,4%, na comparação entre
dois trimestre consecutivos.
Já Marcelo Cypriano, economista sênior do BankBoston, e
Levy, do Ipea, esperam expansão
menor, próxima de 1,5%.
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