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O VÔO DA ÁGUIA
Para agência, déficit público ameaça nota, que hoje é Aaa; crescimento do país deve passar de 4% em 2004
EUA podem perder nota máxima, diz Moody's
DA REDAÇÃO
A agência de classificação de
crédito Moody's informou que os
Estados Unidos, se não reverterem a deterioração de suas finanças, poderão perder a categoria de
país "triple A". A nota Aaa é a
mais elevada no ranking de classificação de risco e indica probalidade quase nula de inadimplência
e moratória.
A própria agência reconhece
que é improvável que os EUA percam seu status de porto seguro
para os investidores internacionais. Mas, segundo a Moody's,
mais cedo ou mais tarde o governo terá que aumentar impostos
e/ou cortar despesas, para conter
o aprofundamento do déficit fiscal (gastos superiores às receitas).
Em uma nota divulgada ontem,
a Moody's disse que, apesar do
"crescente déficit federal dos
EUA, não é provável que os "ratings" [notas" sejam afetados no
curto prazo". Mas ressalvou:
"Corte nos gastos, aumento de
impostos ou uma combinação
das duas medidas serão necessários, em algum momento, para
que o governo federal evite níveis
de endividamento não compatíveis com a categoria Aaa".
Dificilmente países que recebem a classificação máxima sofrem uma redução no "rating".
Mas isso já ocorreu com o Japão,
no início da década passada, justamente por causa dos elevados
déficit públicos do país.
No ano fiscal encerrado no dia
30 de setembro, os EUA registraram um saldo negativo no Orçamento de US$ 374 bilhões, ou
3,5% do PIB (Produto Interno
Bruto). A combinação de queda
nas receitas e aumento nos gastos
deverá elevar o déficit para perto
de 5% ao final deste ano.
Ainda assim, o país está longe
de atingir o recorde de 6% de déficit registrado em 1983. Nas últimas cinco décadas, o país ultrapassou a marca de 3,5% do PIB
em um a cada cinco anos.
Um eventual rebaixamento
norte-americano provocaria um
choque nos mercados financeiros
do planeta. Boa parte dos US$ 3,3
trilhões em títulos do Tesouro em
circulação está nas mãos de investidores estrangeiros, públicos e
privados. O dólar perderia valor, e
as taxas de juros subiriam.
A Moody's afirmou que o país
precisa adotar reformas antes de
2020, por causa dos elevados gastos em seguridade social e assistência médica que serão demandados pela chamada geração do
"baby boom". O abrupto aumento no número de aposentados poderá ter um efeito explosivo.
Nos anos pós-Segunda Guerra
Mundial (1939-45), houve um
vertiginoso crescimento populacional. Essa geração começa a se
aposentar na próxima década.
"O governo dos EUA deverá
agir bem antes de o déficit fiscal
chegar a níveis não compatíveis
com a nota Aaa", afirmou Vicent
Truglia, diretor para a análise de
risco soberano da Moody's.
Segundo a agência, o déficit fiscal norte-americano está ligeiramente acima da média dos países
"triple A". O endividamento público equivale a 64% do PIB.
Retomada
Um levantamento feito trimestralmente pelo Federal Reserve de
Filadélfia com 34 economistas
dos principais bancos e consultorias apontou que os EUA deverão
crescer 4,3% no ano que vem. Na
pesquisa anterior, os economistas
previam uma expansão de 3,7%.
A OCDE (Organização para
Cooperação e Desenvolvimento
Econômico) publicará amanhã
seu relatório semestral de perspectivas econômicas. Segundo
dados vazados pela imprensa, a
organização prevê que os EUA
vão crescer 4,2% no ano que vem
(a estimativa anterior era de 4%).
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