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São Paulo, terça-feira, 25 de novembro de 2003

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O VÔO DA ÁGUIA

Para agência, déficit público ameaça nota, que hoje é Aaa; crescimento do país deve passar de 4% em 2004

EUA podem perder nota máxima, diz Moody's

DA REDAÇÃO

A agência de classificação de crédito Moody's informou que os Estados Unidos, se não reverterem a deterioração de suas finanças, poderão perder a categoria de país "triple A". A nota Aaa é a mais elevada no ranking de classificação de risco e indica probalidade quase nula de inadimplência e moratória.
A própria agência reconhece que é improvável que os EUA percam seu status de porto seguro para os investidores internacionais. Mas, segundo a Moody's, mais cedo ou mais tarde o governo terá que aumentar impostos e/ou cortar despesas, para conter o aprofundamento do déficit fiscal (gastos superiores às receitas).
Em uma nota divulgada ontem, a Moody's disse que, apesar do "crescente déficit federal dos EUA, não é provável que os "ratings" [notas" sejam afetados no curto prazo". Mas ressalvou: "Corte nos gastos, aumento de impostos ou uma combinação das duas medidas serão necessários, em algum momento, para que o governo federal evite níveis de endividamento não compatíveis com a categoria Aaa".
Dificilmente países que recebem a classificação máxima sofrem uma redução no "rating". Mas isso já ocorreu com o Japão, no início da década passada, justamente por causa dos elevados déficit públicos do país.
No ano fiscal encerrado no dia 30 de setembro, os EUA registraram um saldo negativo no Orçamento de US$ 374 bilhões, ou 3,5% do PIB (Produto Interno Bruto). A combinação de queda nas receitas e aumento nos gastos deverá elevar o déficit para perto de 5% ao final deste ano.
Ainda assim, o país está longe de atingir o recorde de 6% de déficit registrado em 1983. Nas últimas cinco décadas, o país ultrapassou a marca de 3,5% do PIB em um a cada cinco anos.
Um eventual rebaixamento norte-americano provocaria um choque nos mercados financeiros do planeta. Boa parte dos US$ 3,3 trilhões em títulos do Tesouro em circulação está nas mãos de investidores estrangeiros, públicos e privados. O dólar perderia valor, e as taxas de juros subiriam.
A Moody's afirmou que o país precisa adotar reformas antes de 2020, por causa dos elevados gastos em seguridade social e assistência médica que serão demandados pela chamada geração do "baby boom". O abrupto aumento no número de aposentados poderá ter um efeito explosivo.
Nos anos pós-Segunda Guerra Mundial (1939-45), houve um vertiginoso crescimento populacional. Essa geração começa a se aposentar na próxima década.
"O governo dos EUA deverá agir bem antes de o déficit fiscal chegar a níveis não compatíveis com a nota Aaa", afirmou Vicent Truglia, diretor para a análise de risco soberano da Moody's.
Segundo a agência, o déficit fiscal norte-americano está ligeiramente acima da média dos países "triple A". O endividamento público equivale a 64% do PIB.

Retomada
Um levantamento feito trimestralmente pelo Federal Reserve de Filadélfia com 34 economistas dos principais bancos e consultorias apontou que os EUA deverão crescer 4,3% no ano que vem. Na pesquisa anterior, os economistas previam uma expansão de 3,7%.
A OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) publicará amanhã seu relatório semestral de perspectivas econômicas. Segundo dados vazados pela imprensa, a organização prevê que os EUA vão crescer 4,2% no ano que vem (a estimativa anterior era de 4%).


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