São Paulo, sábado, 25 de novembro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Gastos do Natal deste ano devem cair 15%

Consumidor de todas as classes sociais prevê gastar menos neste ano, segundo levantamento da Ipsos

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

O consumidor brasileiro prevê gastar, em 2006, 15% menos com as festas de final de ano na comparação com 2005, segundo levantamento da Ipsos Opinion realizado em outubro. A estimativa é de um gasto médio de R$ 269,68. No ano passado, esse valor foi de R$ 318.
A consulta feita pela Ipsos a mil consumidores, a pedido do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), mostra que a estimativa de gasto médio neste final de ano é menor, na comparação com 2005, em todas as classes sociais.
Nas classes A/B, a queda é de R$ 708,34 para R$ 577,97. Na classe C, de R$ 342,68 para R$ 251,39, e, nas classes D/E, de R$ 179,39 para R$ 145,97. Só na região Sul do país a previsão de gasto médio com o Natal é maior -de R$ 315,08. No ano passado, foi de R$ 213,81.
Para economistas e representantes do comércio, o que explica, em parte, a redução de gastos do brasileiro neste final de ano é o fato de ter havido antecipação de compras para o final de ano com o pagamento antecipado do 13º salário para algumas categorias profissionais e para os aposentados.
As lojas e as instituições financeiras, segundo informa, também esticaram os prazos de financiamento. E, se a prestação tem um valor menor, diminui a pressão de gastos sobre o orçamento do mês.
"O consumidor adiantou as compras e, portanto, vai ter menos gastos no final do ano", afirma Emílio Alfieri, economista da Associação Comercial de São Paulo (ACSP). "Vai gastar menos também porque o financiamento tem prazo maior e, portanto, uma prestação menor", diz Fabio Silveira, sócio-diretor da RC Consultores.
Para Alfieri, sinal de que houve antecipação de compras neste ano é o resultado do desempenho do volume de vendas do comércio em setembro -aumento de 10,1% sobre igual mês de 2005, segundo informa o IBGE. "Só pode ser resultado de antecipação de compra. Não há nada mais que possa explicar uma alta dessas", diz.
Gasto menor neste final de ano, na avaliação dos dois economistas, não quer dizer que o consumidor está mais pobre. A massa real de rendimentos da população ocupada cresceu 4,2% nos 12 meses terminados em setembro. Essa taxa de crescimento se mantém nos últimos três anos, segundo cálculos da RC Consultores, com base em dados do IBGE.
A estimativa da ACSP é que as vendas no comércio paulista devem crescer entre 4% e 5% neste ano. Para Silveira, o comércio no país deve vender entre 5,5% e 6% a mais do que no ano passado. "Na medida em que as taxas de juros vão caindo, as vendas vão subindo, tendência que vemos desde a metade deste ano", diz Silveira.
Na avaliação de Fábio Pina, assessor econômico da Fecomercio SP, o Natal deste ano não será diferente dos de anos anteriores. "Continuará sendo um Natal de presentinhos. E não pode ser diferente, pois a renda per capita do brasileiro é muito baixa, da ordem de R$ 500 a R$ 600 por mês. É claro que alguns vão dar até carro de presente, mas, na média, os presentes serão baratos", diz.
Na consulta aos consumidores feita pela Ipsos, o consumidor brasileiro vai gastar em média neste ano R$ 109 para a compra três presentes -cada presente vai custar, portanto, cerca de R$ 36. No ano passado, o gasto médio identificado na pesquisa foi de R$ 102,58.
Só com presentes, as classes A/B estimam gastar em média R$ 167,48 neste ano. A classe C, R$ 116,87, e as classes D/E, R$ 68,50.


Texto Anterior: Foco: Americanos lotam lojas em busca das promoções da "Sexta-Feira Negra"
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.