São Paulo, terça-feira, 25 de novembro de 2008

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Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br

Governo Obama não deve poupar gastos

Apesar de não ter sido bem uma surpresa, a escolha dos nomes para compor a equipe econômica de Barack Obama foi muito bem recebida pelo mercado e explica em boa parte o otimismo das Bolsas ontem. A ajuda do governo americano ao Citigroup também teve um peso importante na recuperação do mercado financeiro.
O fato é que os nomes que vão estar à frente da economia a partir de 20 de janeiro do ano que vem, quando Barack Obama assume a Presidência dos Estados Unidos, indicam que o governo terá uma forte atuação para conter os efeitos da crise econômica. A equipe não deverá poupar esforços e dinheiro para tirar a economia americana da recessão o mais rápido possível.
O futuro secretário do Tesouro americano, Timothy Geithner, por exemplo, como presidente do Fed de Nova York, teve forte participação em todas as negociações envolvendo compras e vendas dos bancos americanos durante a crise financeira.
Experiente, Geithner foi também um dos maiores defensores da ajuda ao Citi pelo governo americano. Foi ele que articulou também a venda do Bear Stearns para o JPMorgan.
Mais conhecido dos brasileiros, Larry Summers, que foi secretário do Tesouro no governo de Bill Clinton, será a voz da experiência no governo de Barack Obama ao estar à frente do Conselho Econômico Nacional, cargo diretamente ligado à Casa Branca. Em seus artigos, Summers tem sido um dos maiores defensores do aumento de gastos para conter a crise.
Outro nome importante do trio que comandará a economia é o de Christina Romer, da Universidade de Berkeley, na Califórnia, que também é de tendência keynesiana.
"Não há dúvida de que os Estados Unidos vão praticar uma política fiscal altamente expansionista", diz o economista Ilan Goldfajn, ex-diretor do Banco Central. "Todos eles são defensores do aumento de gastos."

Empresas de SC são afetadas pelas chuvas

As enchentes em Santa Catarina já afetaram as fábricas no Estado. A Teka, de cama, mesa e banho, suspendeu o expediente ontem em Blumenau porque a fábrica está isolada por áreas alagadas.
As unidades de Itajaí e Blumenau da WEG, também estão isoladas, mas a produção continuou. A cerâmica Porto Bello, de Tijucas, registrou uma ausência de 20% do pessoal no fim de semana.
Em Joinville, os executivos da Totvs perderam um evento corporativo em Curitiba porque não conseguiram sair da cidade.
Para a Fiesc, as maiores perdas virão dos problemas logísticos provocados pela chuva e da falta de gás pelo rompimento do gasoduto.

SOCIEDADE
O Ibmec-SP lança hoje o livro "Direito Societário -Desafios Atuais" (editora Quartier Latin, 472 págs.), na livraria ParaLer, no campus Ibmec, às 19h. Coordenada por Rodrigo Monteiro de Castro e Leandro Santos de Aragão, do Instituto de Direito Societário Aplicado, a obra aborda, em 19 capítulos, temas como a qualidade institucional do mercado de capitais e as aquisições e tomadas hostis de controle.

DAVOS BOMBANDO
O encontro anual 2009 do Fórum Econômico Mundial está registrando um recorde de participações de alto nível, desde que o tema foi mudado para "Moldando o Mundo Pós-Crise". Até agora já são 41 chefes de Estado/ governo com presenças confirmadas, além da tradicional audiência das reuniões de Davos, que são os homens de negócio (1.200 irão desta vez). Davos está dando um forte aval ao G20, do qual o Brasil é parte, como novo "gerente" do sistema financeiro: 10 chefes de governo e 12 banqueiros centrais dos países do G20 confirmaram a presença, entre eles Henrique Meirelles, do Brasil, aliás um freqüentador habitual de Davos, antes e depois de se tornar banqueiro central. O encontro anual será realizado entre o próximo dia 27 de janeiro e 1º de fevereiro de 2009.

CONCILIAÇÃO
A câmara de mediação e conciliação da Fiesp vai ajudar os seus membros que tiveram prejuízos com contratos de derivativos cambiais a negociar com os bancos credores. Após muita discussão, o departamento jurídico da entidade não chegou a um consenso sobre o que pode haver de ilegal nos instrumentos, por isso avalia que é melhor evitar disputas na Justiça. As empresas que quiserem se utilizar do serviço de assistência devem procurar a câmara. A Febraban (Federação Brasileira de Bancos) também será convidada a participar do processo.

NO TEMPO
O Corecon-SP (Conselho Regional de Economia) apresenta hoje o estudo "O impacto do Plano Verão nas instituições financeiras", elaborado pelo economista Roberto Luis Troster, em São Paulo.

TACADA
A General Motors encerrou ontem seu contrato de patrocínio com Tiger Woods, um dos maiores jogadores de golfe do mundo. A separação foi considerada mútua e amigável pelo jogador e pela montadora. A decisão foi justificada pelo desejo de Woods de ficar mais tempo com sua família e pela situação da montadora diante da crise global, que tem sofrido com uma queda expressiva na demanda dos consumidores e cortes na produção. A montadora não descarta a possibilidade de em breve voltar a ter o nome do fenômeno do golfe associado aos seus produtos.

SINISTRO

CSN RECEBERÁ US$ 500 MI NA MAIOR INDENIZAÇÃO DE SEGURO DO PAÍS
O Unibanco Seguros, o IRB e resseguradores estrangeiros liderados pela Swiss Re pagarão mais de US$ 500 milhões para a CSN ainda neste ano no sinistro referente ao acidente com o alto-forno 2 da usina Presidente Vargas, em 2006. Trata-se da maior indenização de seguro já pactuada no Brasil. O acordo foi assinado na última sexta-feira.

Mercado imobiliário de escritórios ainda cresce, mas deve parar

O mercado imobiliário de escritórios está colhendo os últimos efeitos positivos dos bons tempos que o setor vivia antes do aprofundamento da crise, em setembro.
O terceiro trimestre de 2008 foi o melhor período que o mercado imobiliário de escritórios já teve, tanto em São Paulo como no Rio, segundo Celina Antunes, presidente da Cushman & Wakefield, uma das maiores empresas privadas de serviços imobiliários do mundo. Valores de locação subiram, taxas de vacância caíram e a absorção líquida foi a mais alta em um único trimestre, segundo pesquisa da empresa.
"O resultado da pesquisa reflete o bom momento que o Brasil vinha passando. O nosso mercado estava superaquecido desde 2005, com a entrada das empresas na Bolsa e muito capital estrangeiro no país", afirma Celina. Mas, a partir do terceiro ou do quarto trimestre de 2009, o que será refletido nos números é a estagnação, de acordo com Celina.
Por enquanto, os valores dos contratos de aluguel ainda estão vivendo a alta do mercado. Como esses contratos são reajustados a cada três anos, muitos inquilinos ainda não puderam renegociá-los para baixo. "Nos últimos três anos, se o inquilino viesse pedir renegociação para baixar o aluguel, era tirado do imóvel. O proprietário trocava de inquilino, tinha muita gente para entrar", diz.
Os novos contratos e as renegociações que forem fechadas a partir de agora deverão pressionar o mercado para baixo, o que deve aparecer em 2009.

com JOANA CUNHA, MARINA GAZZONI e DENYSE GODOY


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