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Anac libera tarifa de vôo ao exterior
Empresas poderão cobrar preços abaixo do limite mínimo em trechos internacionais
Agência reguladora diz que idéia é ampliar competição; sindicato das empresas, porém, argumenta que medida prejudicará o setor
FÁBIO AMATO
DA AGÊNCIA FOLHA,
EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS
PAULO DE ARAUJO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A Anac (Agência Nacional de
Aviação Civil) vai começar em
janeiro um processo de liberação dos preços das passagens
para vôos internacionais que
partem do Brasil. A medida,
que já existe para as rotas domésticas e nas ligações com
países da América do Sul, visa
aumentar a competição entre
as empresas aéreas, o que deve
resultar em descontos para os
passageiros.
Hoje as empresas aéreas, nacionais e estrangeiras, são obrigadas a praticar um valor mínimo nas tarifas (passagem menos taxas) para vôos internacionais partindo do Brasil.
Num deslocamento São Paulo-Nova York-São Paulo, por
exemplo, tanto a TAM quanto a
American Airlines cobram dos
passageiros pelo menos US$
708 (cerca de R$ 1.640, pela cotação de ontem).
A partir de 1º janeiro, as aéreas vão poder praticar descontos de até 20% sobre os valores
de referência estipulados pela
Anac. Em abril, o percentual
sobe para até 50% e, em julho,
para até 80%.
A partir de janeiro de 2010 a
tabela estará extinta, e as empresas ficarão livres para praticar o preço que quiserem. Os
descontos, no entanto, não são
obrigatórios.
"Não há nenhuma expectativa de impacto significativo no
preço das passagens. Mas as
empresas terão liberdade para
praticar tarifas menores e deverão fazer isso em certos momentos, como em períodos de
baixa estação, quando uma empresa nova está entrando no
mercado ou quando quiser
atrair consumidores para uma
nova rota", disse o diretor da
Anac Ronaldo Seroa da Motta.
A liberdade tarifária começou a ser praticada em 2002
nos vôos domésticos. Em setembro deste ano, a medida foi
estendida para os vôos que partem do Brasil com destino a
países da América do Sul. Segundo Motta, até agora não se
registraram grandes descontos
nessas rotas.
O diretor apontou que a legislação atual prejudica os passageiros e impede que empresas mais eficientes avancem no
mercado. Disse ainda que as aéreas nacionais vão se beneficiar
da liberdade tarifária e estarão
preparadas para competir com
as estrangeiras porque "têm
aviões mais novos e regime tributário mais favorável".
Para Lucia Helena Salgado,
coordenadora de estudos de regulação do Ipea (Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada),
porém, qualquer medida que
aumente a competitividade beneficia o consumidor.
Contestação
O Snea (sindicato das empresas aéreas) estuda entrar com
ação judicial para reverter a decisão da Anac.
Para o presidente do sindicato, José Márcio Mollo, o prazo
dado às empresas para se adaptarem à liberação tarifária é
muito curto. "A liberação tarifária para a América do Sul estava prevista desde 1996 e só foi
implementada neste ano. Será
impossível concorrer nas mesmas condições que as empresas
estrangeiras. Elas vão jogar os
preços para baixo e quebrar
nossas companhias", afirma.
Com as novas regras, diz Mollo, as companhias nacionais
devem começar a perder espaço no mercado ou operar "no
vermelho" já em 2009.
Na Justiça, o Snea deve argumentar que a Anac não fez audiência pública antes de baixar
o ato, o que, segundo Mollo,
contraria a legislação.
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