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Gasto agrícola do Tesouro pode cair à metade
Despesa anual do governo, que é de R$ 4 bi, cairia para R$ 2 bi, chegando, no máximo, a R$ 2,5 bi, diz BB
SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
As mudanças na forma de financiamento do setor rural em
discussão no governo poderão
reduzir praticamente à metade
os gastos do Tesouro Nacional
com subsídio de taxa de juros
aos agricultores e políticas de
proteção de preço, na avaliação
do vice-presidente de Agronegócios do Banco do Brasil, Luís
Carlos Guedes Pinto.
Atualmente, a despesa anual
do governo com equalização de
juros e compras de produtos
para garantir preços mínimos,
evitando queda na renda dos
produtores, é de cerca de R$ 4
bilhões. Segundo o vice-presidente do BB, o valor pode cair
para R$ 2 bilhões, chegando, no
máximo, a R$ 2,5 bilhões com a
introdução de novos instrumentos de mercado na estrutura de financiamento agrícola.
Responsável por 63% do crédito agrícola no país, o BB, apesar não ser um órgão formulador de políticas, tem uma participação importante no debate
da equipe econômica sobre alterações nas regras de financiamento para o setor rural.
A crise financeira mundial,
que retraiu o mercado de crédito, na avaliação de Guedes Pinto, mostrou que o modelo atual
está ultrapassado e requer mudanças. Um ponto central, para
ele, é justamente reduzir a volatilidade da atividade agrícola,
o que, acredita, atrairá o interesse de instituições privadas
para o financiamento da safra.
Para isso, o vice-presidente
do BB destaca como essencial
criar mecanismos de garantia
de renda para os produtores,
com a utilização de instrumentos financeiros modernos, como o mercado de derivativos.
Essa questão, diz, aborda
duas pontas. Uma delas é o seguro rural que prevê indenizações contra problemas climáticos e outras catástrofes. Esse
instrumento já existe, conta
com subsídio do governo, permite cobrir até 70% da expectativa de produção, mas precisa
ser atualizado.
"É preciso modernizar e ampliar esse seguro", diz, explicando que o modelo atual não
reflete adequadamente o aumento da produtividade no
campo, reduzindo o valor da
cobertura final. "Será preciso
usar medidas de produtividade
para cada município em vez da
região. No futuro, caminharemos para avaliar a produtividade de cada propriedade."
Garantia de renda
Mais importante ainda para
ele, é ter um seguro de proteção
da renda. Em vez de o governo
desembolsar recursos para a
Conab (Companhia Nacional
de Abastecimento) comprar
produtos e garantir determinado preço, ele passaria a cobrir
parte do custo do produtor com
contratos de derivativos, negociados na Bolsa de Mercadorias
& Futuros. Esses contratos servem justamente para assegurar
um preço mínimo no momento
da venda da produção.
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