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ANO BOM
Várias empresas terão em 2005 seus melhores resultados da história ou em muitos anos; Vale deve liderar ranking
Apesar de câmbio e juros, lucros crescem
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
Apesar dos juros altos e do câmbio valorizado, este será um ano
de lucros recordes para empresas
brasileiras de capital aberto. Das
382 companhias listadas na Bovespa (Bolsa de Valores de São
Paulo), 34 já haviam superado
seus melhores resultados históricos até setembro e outras 30 estavam beirando seus recordes, segundo levantamento feito pela
Economática para a Folha.
Entre as recordistas, 14 estão obtendo os maiores lucros em um
período de 10 a 20 anos. Os ganhos excepcionais são
confirmados pelas projeções dos
resultados até dezembro de empresas como Vale do Rio Doce,
Caemi, Arcelor, Bradesco e Banco
do Brasil, feitas por analistas.
"No mínimo, 2005 empatará
com 2004 -que também mostrou lucros excepcionais. Foi um
ano ótimo para as empresas",
afirma Einar Rivero, coordenador
da Economática para a América
Latina. O levantamento exclui a
Petrobras, que, por seu porte, distorce a amostra.
Embora tenha crescido pouco o
número de companhias recordistas em relação a 2004, o volume
total de lucros é quase o dobro do
registrado no ano passado. Em
2004, 32 empresas tiveram lucros
recordes em nove meses do ano.
No total, elas obtiveram ganho de
R$ 13,1 bilhões. Neste ano, a soma
dos lucros das 34 recordistas chegou a R$ 25,6 bilhões no período.
"Os resultados de muitas empresas foram estratosféricos", diz Rivero. Para o setor industrial, 2005
também significou rentabilidade
recorde. A rentabilidade média
sobre o patrimônio líquido da indústria atingiu 12,2% até setembro -o maior desde 1994.
A Vale do Rio Doce lidera o ranking das empresas recordistas de
2005. Segundo projeção da Gap
Asset Management, deve encerrar
o ano com lucro de R$ 12,5 bilhões. Em 2004, seu lucro foi de
R$ 6,4 bilhões e até setembro deste ano estava em R$ 7,8 bilhões.
Outra empresa do setor de mineração, a Caemi, deve fechar o
ano com lucro líquido de R$ 1,6
bilhão, de acordo com as projeções da Gap. No ano passado, o
lucro ficou em R$ 1,38 bilhão, segundo dados da Economática.
O que impulsionou os resultados dessas companhias foi o aumento de 71% nos preços do minério de ferro, que vigorou a partir de maio, e a expansão das vendas. A Vale, por exemplo, vendeu
7% a mais do que no ano passado,
segundo André Vainer, analista
da Gap. "A valorização do real comeu um pouco o reajuste dos preços do minério, mas, como a alta
foi forte, mais do que compensou
o câmbio", diz Vainer.
No caso da Vale, a queda do dólar beneficiou a empresa ao reduzir suas dívidas em moeda estrangeira. A combinação de aumento
das receitas e queda das despesas
financeiras deve elevar para 38% a
rentabilidade sobre o patrimônio
líquido da Vale no ano, segundo
projeção da Gap. Em 2004, a rentabilidade foi de 31,5%.
Vainer diz que o cenário para
2006 é positivo para o setor de mineração. "A negociação do reajuste de preços com as siderúrgicas já
começou e há boas chances de
permanecerem altos por alguns
anos", diz o analista. "Há um ciclo
de geração de caixa muito forte
pela frente." Todos os anos, as
grandes mineradoras negociam
com as maiores siderúrgicas internacionais os preços a serem
praticados. A projeção da Gap é
que seja acertado um aumento
entre 15% e 20% para o minério
de ferro, a vigorar em 2006.
No ranking dos recordistas da
Economática, a Belgo Mineira é a
quarta colocada -mas a segunda
entre as empresas não-financeiras. Antes dela, estão o Bradesco e
o Banco do Brasil.
Os resultados da Belgo espelham o processo de consolidação
com a CST e a Vega do Sul, compradas em 2004. As três empresas
estão, agora, sob o mesmo guarda-chuva, da Arcelor Brasil, subsidiária da segunda maior siderúrgica do mundo, a européia Arcelor. Segundo projeção de resultados da companhia, feita pela
corretora do Banco Real, o lucro
líquido de 2005 pode chegar a
R$ 2,398 bilhões, e a rentabilidade
patrimonial, a 14,6%.
Pedro Galdi, analista da corretora, diz que "a constituição da
Arcelor Brasil trouxe uma profunda modificação no ranking
das siderúrgicas brasileiras com a
consolidação da CST, Belgo e Vega. A Arcelor Brasil nasce com
uma capacidade de produção de
11 milhões de toneladas de aço
por ano, em 25 unidades industriais, e será o maior grupo siderúrgico da América Latina".
As empresas do setor siderúrgico viveram momentos difíceis
neste ano devido à alta dos preços
do minério, do carvão e do coque
-seus principais insumos- e à
queda de preços dos produtos siderúrgicos, segundo Galdi. Por isso, o lucro recorde da Belgo deve-se à comparação dos resultados
da siderúrgica mineira com os dados consolidados das três siderúrgicas da Arcelor a partir do terceiro trimestre deste ano.
Para 2006, Galdi projeta lucro líquido de R$ 2,9 bilhões para Arcelor Brasil, com rentabilidade de
15,9%. Segundo ele, os prognósticos levam em conta uma recuperação dos preços internacionais.
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