|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Exportador tem menor ganho desde 1985
Apesar do avanço em dólar nas vendas externas, receita em reais cai em razão do câmbio; embarque de industrializados já é afetado
Estudo da Fiesp indica que
um terço dos exportadores
enfrenta redução de
rentabilidade em reais;
entidade pede desoneração
CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL
A valorização do real em relação ao dólar diminuiu a rentabilidade dos exportadores ao
menor patamar em duas décadas e já começa a afetar os embarques de produtos industrializados, como celulares, automóveis e motores de carros.
Apesar de as exportações terem batido recorde em outubro, com US$ 15,76 bilhões, a
receita obtida pelos exportadores em reais foi inferior à registrada em junho de 2004, quando os embarques foram de apenas US$ 9,4 bilhões, mostra estudo da Fiesp (Federação das
Indústrias do Estado de São
Paulo) obtido pela Folha.
Nesse período de 41 meses, a
cotação do dólar saiu de R$ 3,11
para R$ 1,80, o que encolheu a
quantidade de reais para cada
dólar que termina no caixa das
empresas. Em outubro, os exportadores conseguiram receita de R$ 28,38 bilhões, menos
que os R$ 29,24 bilhões obtidos
em meados de 2004.
"No acumulado de janeiro de
2003 até novembro de 2007, o
real ganhou cerca de 47% em
relação ao dólar, anulando os
benefícios da alta dos preços
internacionais para o exportador", diz o estudo da Fiesp.
O índice de rentabilidade das
exportações calculado pela
Funcex (Fundação Centro de
Estudos do Comércio Exterior)
atingiu em novembro 78,07, o
menor patamar desde janeiro
de 1985, quando o indicador
começou a ser calculado. Um
ano antes, o índice estava em
85,35. Em junho de 2004, com
o dólar a R$ 3,11, foi de 107,42.
"Alguns exportadores de manufaturados têm registrado
perdas, porque não conseguem
compensar a valorização do
real com aumento de preços",
observa Fernando Ribeiro,
economista-chefe da Funcex.
O estudo da Fiesp indica que
um terço dos exportadores enfrenta queda de sua rentabilidade em reais.
O principal efeito desse movimento é a desaceleração do
ritmo de expansão das exportações. Roberto Giannetti da
Fonseca, diretor do Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior da
Fiesp, acredita que as vendas
podem registrar queda dentro
de 18 meses. Ele ressalta que a
alta nas exportações é sustentada pelo aumento de preços.
As quantidades exportadas
têm crescido em ritmo inferior
ao do comércio mundial e, em
alguns setores, estão em queda.
José Augusto de Castro, vice-presidente da Associação de
Comércio Exterior do Brasil,
observa que o número de carros embarcados até outubro
caiu 6,9% ante igual período de
2006. A receita subiu 0,3% em
razão do aumento dos preços.
Para 2008, Castro prevê forte desaceleração nas exportações, com expansão de apenas
5%. O ano de 2007 deve fechar
em alta de 16%, patamar semelhante ao de 2006.
"Se o dólar estivesse em R$
2,50, o crescimento das exportações neste ano seria de 22%",
diz Pedro Pedrossian Neto, supervisor de Análise Econômica
do Comércio Exterior da Fiesp.
A lista de produtos que mais
perderam receita nas exportações é liderada pelos celulares.
Pedrossian afirma que foram
R$ 2 bilhões a menos no período de novembro de 2006 a outubro de 2007 em relação aos
12 meses anteriores. Em seguida aparecem óleo e gasolina
(R$ 1,1 bilhão a menos) e veículos (R$ 969 milhões a menos).
Para compensar a perda de
competitividade provocada pela alta do real, a Fiesp propõe a
desoneração tributária de investimentos em logística, o que
envolve portos e ferrovias.
Texto Anterior: Mercado Aberto Próximo Texto: Câmbio afeta bens de alta e baixa tecnologia Índice
|