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ACORDO
Missão do FMI chega em fevereiro, e Brasil terá que explicar como cumprirá a meta de superávit primário sem CPMF
Governo deve negociar inflação e receita
Lula Marques - 20.jan.03/ Folha Imagem
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O ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, que terá de renegociar com o FMI pontos do pacote |
LEONARDO SOUZA
SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Na primeira revisão do acordo
com o FMI (Fundo Monetário Internacional) na gestão do novo
governo, a equipe do ministro
Antonio Palocci Filho (Fazenda)
terá de renegociar com a missão
do Fundo, no mês que vem, pelo
menos dois pontos previstos no
termo de entendimento técnico
que balizou o empréstimo de US$
30 bilhões no final de 2002.
A inflação no mês passado ficou
acima do limite acertado com o
Fundo e, muito provavelmente,
ultrapassará o teto previsto nas
três revisões trimestrais do acordo neste ano. Além disso, o governo dificilmente encaminhará ao
Congresso até março deste ano
-como consta do termo de entendimento técnico- proposta
de emenda constitucional para
suprir parte da perda de receita
com a CPMF a partir de 2004.
Os dois pontos não impedem o
saque da segunda parcela (no valor de US$ 4,178 bilhões) do empréstimo. Mas, no caso da inflação, o governo terá de consultar a
diretoria-executiva do Fundo sobre medidas a serem tomadas para recolocar o nível do aumento
de preços na trajetória desejada
ou negociar novas metas com o
Fundo. Sem essa consulta, o governo não pode solicitar o desembolso das demais parcelas.
Em dezembro, quando foi concluída a primeira revisão do acordo, a equipe econômica (ainda do
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso) negociou com o
FMI o aumento, em dois pontos
percentuais, da meta de inflação
para o mês passado e nos três primeiros trimestres deste ano.
O limite superior da meta subiu
de 9% para 11% em dezembro (no
acumulado em 12 meses). Para
março deste ano, foi de 8,5% para
10,5%. Os novos limites para junho e setembro subiram para,
respectivamente, 10% e 9,5%.
No ano passado, a inflação, medida pelo IPCA (Índice de Preços
ao Consumidor Amplo), ficou em
12,5%, o que representou estouro
de 1,5 ponto percentual em relação à meta com o Fundo.
A média das expectativas do
mercado financeiro para a inflação em março está em torno de
15%. Para junho e setembro, em
15,5% e 16%, aproximadamente.
Ou seja, projeções muito acima
das três metas trimestrais previstas para este ano.
A questão da CPMF depende
dos planos do governo para a reforma tributária, segundo Palocci. O ministro disse na semana
passada que "o conjunto das
questões tributárias, CPMF [prorrogação ou não", Imposto de Renda, vai ser tratado no âmbito da
reforma".
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva definiu como prioridade
neste ano a reforma da Previdência. Integrantes do governo chegaram a imaginar que a reforma
tributária ficaria para o ano que
vem. Depois da repercussão negativa no mercado financeiro e no
empresariado, o governo voltou
atrás e anunciou que ela também
seria tocada neste ano.
O ministro da Previdência, Ricardo Berzoini, disse na semana
passada que enviará a proposta da
reforma ao Congresso somente
em maio. Se a reforma da Previdência é a prioritária para o governo e só será apresentada no final do primeiro semestre, a tributária, na melhor das hipóteses, será encaminhada na segunda metade do ano.
Não apresentar a proposta para
a CPMF no prazo acertado não
impede os saques do empréstimo,
mas obriga o governo a dar satisfações ao Fundo. A perda de arrecadação pode comprometer a
meta de superávit primário (economia de receitas para pagamento de juros da dívida) do governo,
principal meta do acordo.
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