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FOMENTO
Aporte de R$ 15 bilhões do Tesouro aumentaria patrimônio e capacidade de financiamento
BNDES poderá ter R$ 170 bi para empréstimos
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Se conseguir do Tesouro Nacional a capitalização de R$ 15 bilhões que pretende, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) aumentará sua capacidade de financiamento para cerca de R$ 170 bilhões. O valor corresponde a 42%
do volume total de crédito em circulação no mercado, que é de
R$ 404,86 bilhões.
Segundo dados do Banco Central obtidos pela Folha, o BNDES
tinha até novembro (última informação disponível) um estoque de
empréstimos nas mãos de seus
clientes (especialmente grandes
empresas) de R$ 89,5 bilhões. Em
igual mês de 2002, a cifra era 7,4%
menor: R$ 83,3 bilhões.
O objetivo da capitalização é
justamente ampliar a capacidade
de financiamento do banco. Hoje,
a instituição, apesar do alto orçamento -R$ 47 bilhões em
2004-, tem menos fôlego para
alavancar empréstimos do que
muitos bancos privados.
Se sair o aporte, aumenta o patrimônio do banco. Como conseqüência, cresce também a capacidade de financiar o setor produtivo. Pelas regras do BC, os bancos
têm limites de alavancagem. Ou
seja: só podem emprestar dinheiro de acordo com o tamanho do
seu patrimônio.
Atualmente, o patrimônio do
banco é de cerca de R$ 14 bilhões.
Há 20 anos, permanece praticamente estável nesse patamar, de
acordo com o próprio BNDES.
Por considerar estratégico para
a instituição um nível maior de
alavancagem, a direção do banco
negocia desde o segundo semestre passado ampliar o patrimônio.
Esbarra, porém, nas limitações
de caixa do Tesouro, que detém
100% das ações do BNDES e recebe dividendos integrais quando a
instituição dá lucro. O BNDES deve fechar 2003 com um resultado
positivo superior ao de 2002 (R$
550 milhões).
Primeiro, o banco pediu R$ 15
bilhões ao Tesouro, que, à época,
disse que daria, no máximo, R$ 5
bilhões. Até agora não há uma definição sobre o assunto.
Para o economista Francisco
Pessoa, da LCA Consultores, o
crédito no Brasil é escasso, e o
pouco que resta é absorvido pelo
governo. Endividado, o Estado
lança títulos para financiar seu
déficit. Ao comprar os papéis, os
bancos obtêm boa rentabilidade
por causa dos juros altos. Sobram,
portanto, menos recursos para
emprestar aos clientes.
"Os bancos não estão interessados em emprestar dinheiro. Com
as altas taxas de juro, eles têm
uma rentabilidade melhor investindo em títulos do governo. Não
há estímulo para o crédito no Brasil", afirmou Pessoa.
Na avaliação dele, essa realidade
torna mais importante ainda o
papel do BNDES como praticamente único financiador de longo
prazo no país. Ampliar a capacidade de crédito do banco a partir
da capitalização, diz Pessoa, não é
um problema. O que tem de ser
feito é evitar "os erros do passado". Ele se refere a empréstimos
com garantias frágeis, nos quais o
BNDES perdeu dinheiro.
Para Pessoa, o fato de o crédito
ser escasso no Brasil obriga o país
a ter mecanismos de política industrial, mesmo que eles criem
certas distorções.
Empresas
Ainda de acordo com os dados
do Banco Central, o estoque dos
financiamentos do BNDES, o
maior financiador de longo prazo
do país, representa 35% do volume total dos empréstimos às empresas.
Essa modalidade de financiamento somava R$ 134,5 bilhões
até novembro, com uma queda de
1,6% em relação ao mesmo período de 2003 (R$ 136,8 bilhões).
A cifra exclui o crédito rural, cujos juros são diferenciados, as
operações de leasing e as do setor
público.
Apesar de alguns bancos repassadores estarem reclamando porque o BNDES decidiu emprestar
diretamente às grandes empresas
(o que reduz os gastos com intermediação), como a Petrobras,
cresceu o volume de crédito repassado por outras instituições.
Aumentou de R$ 42 bilhões para
R$ 47,3 bilhões, o que corresponde a um acréscimo de 12,6%.
Maiores expansões
O levantamento aponta ainda
que o volume total de crédito no
mercado cresceu 13,4% em relação a novembro de 2002 (R$
375,85 bilhões). A maior expansão foi registrada no segmento de
empréstimo rural: 33,7%, atingindo R$ 43,84 bilhões.
O financiamento às pessoas físicas -modalidade que abrange o
crédito ao consumidor-teve
uma expansão de 13,4%. Subiu de
R$ 77,16 bilhões para R$ 87,51 bilhões. Já o volume total de recursos em circulação destinados à
habitação cresceu 7,2% de novembro de 2002 para novembro
de 2003. Passou de R$ 21,5 bilhões
para R$ 23,1 bilhões.
Por outro lado, as operações de
leasing (financiamento para arrendar um bem, com possibilidade de compra futura) encolheram. O valor total de crédito no
mercado nessa modalidade diminuiu de R$ 9,8 bilhões para R$ 8,7
bilhões, o que representa uma redução de 11,7%.
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