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CAPITALISMO VERMELHO
PIB do país asiático atinge US$ 2,26 trilhões em 2005 e supera o da França e o da Inglaterra
China cresce 9,9% e já é 4ª maior economia
CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL
A China ultrapassou a França e
a Inglaterra e assumiu a quarta
colocação entre as maiores economias do mundo, atrás de Estados Unidos, Japão e Alemanha.
O governo de Pequim anunciou
oficialmente ontem que a economia cresceu 9,9% no ano passado
e atingiu o valor de US$ 2,26 trilhões (18,23 trilhões de yuans).
A forte alta do PIB, aliada a uma
ampla revisão de estatísticas, fez
com que a China saltasse da sétima para a quarta posição no ranking em pouco mais de um mês.
A expectativa para 2006 é que o
crescimento continue próximo de
9%, o que aproximará a China da
Alemanha, cujo PIB gira em torno
de US$ 2,8 trilhões.
As exportações e os investimentos continuaram a ter um peso decisivo na escalada chinesa. As
vendas externas registraram aumento de 28,4% e atingiram US$
762 bilhões. As importações se expandiram em ritmo mais moderado, 17,6%, para US$ 660 bilhões.
Entre os desafios do governo
para 2006 estará a redução do saldo comercial, que atingiu o recorde de US$ 102 bilhões em 2005. As
autoridades chinesas temem que
a manutenção do superávit neste
patamar termine por justificar a
adoção de medidas protecionistas
contra seus produtos por outros
países, especialmente os EUA.
Apesar da preocupação em relação ao superaquecimento da economia, os investimentos continuaram a crescer no ano passado
e somaram US$ 1,1 trilhão, 25,7%
acima do registrado em 2004. O
valor equivale a 49% do PIB. No
Brasil, o indicador é próximo de
20% do PIB.
Assim como o comércio exterior, o alto nível de investimentos
também preocupa o governo.
Desde o primeiro semestre de
2004 as autoridades tentam reduzir o ritmo da economia, temendo
que ele provoque desequilíbrios e
não se sustente no futuro.
O grande volume de investimentos pode levar à criação de capacidade de produção superior ao
que o consumo interno e as exportações conseguem absorver.
Se isso ocorrer, haverá uma redução brusca do nível de atividade
econômica, para que a oferta de
bens volte a se equiparar à demanda. Esse cenário é o que os
economistas chamam de "hard-landing" -aterrissagem forçada.
O objetivo do governo para os
próximos anos é reduzir a dependência do crescimento econômico em relação às exportações e aos
investimentos.
A avaliação do Partido Comunista é que as vendas externas estão sujeitas aos humores da economia global e a pressões protecionistas, enquanto o investimento pode levar à superoferta.
Para modificar esse cenário, a
meta é elevar o peso do consumo
interno na formação do PIB, o
que exigirá a redução da taxa de
poupança dos chineses, uma das
maiores do mundo.
No ano passado, o consumo interno de bens teve alta real de 12%
e somou US$ 833,5 bilhões, o
equivalente a 37% do PIB.
A renda disponível das famílias
urbanas chinesas registrou aumento real de 9,6%, para US$
1.300 ao ano. Na zona rural, onde
vivem 60% dos chineses, a renda
teve expansão menor, de 6,2%
real, para US$ 400.
A crescente disparidade de renda entre o campo e a cidade e entre ricos e pobres é outro problema diante do governo chinês. O
número de protestos na zona rural tem crescido a cada ano e o
Partido Comunista busca caminhos para elevar o rendimento
dos camponeses.
A redução da desigualdade é
uma das principais metas do Plano Qüinqüenal para o período
2006-2010, que será aprovado no
encontro do Congresso Nacional
do Povo em março.
Revisão
A ascensão da China no ranking
das maiores economias ganhou
impulso em dezembro de 2005,
quando o governo anunciou que
o PIB do país era 16,8% maior do
que se imaginava até então. A revisão estatística levou o país da sétima para a sexta posição, no lugar da Itália, em números de 2004.
Com o anúncio de ontem, a
China ultrapassou a França e a Inglaterra, que tiveram expansão inferior a 2% no mesmo período.
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