São Paulo, sexta-feira, 26 de janeiro de 2007

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Conta externa tem 4º ano de saldo positivo

Exportação leva transações do Brasil com exterior a registrar saldo de US$ 13,5 bi em 2006, só superado pelo de 2005

Primeiro mandato de Lula fecha com saldo acumulado de R$ 43 bi; já o segundo termo de FHC registrou déficit de US$ 80 bi

NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Apesar da queda do dólar, as contas externas fecharam 2006 com um dos melhores resultados já apurados pelas estatísticas do Banco Central. A conta de transações correntes, que contabiliza a negociação de bens e serviços com outros países, registrou um superávit de US$ 13,528 bilhões, o segundo maior da história.
Com isso, as contas tiveram saldo positivo em cada um dos quatro anos do primeiro mandato do presidente Lula, algo inédito. Na segunda metade do governo FHC (1999-2002), as transações correntes -um dos principais indicadores de vulnerabilidade externa de um país- acumularam déficit de US$ 80,4 bilhões.
Os resultados positivos refletem, principalmente, o aumento das exportações e o baixo crescimento da economia, que impediu que as importações crescessem de maneira mais acelerada mesmo com a queda do dólar nos últimos anos.
A conta de transações correntes é composta pela balança comercial (exportações menos importações), balança de serviços e rendas (gastos com viagens internacionais, juros da dívida externa, fretes realizados por empresas estrangeiras, entre outros) e por transferências unilaterais (dinheiro enviado ao Brasil por residentes no exterior e vice-versa).
Nos últimos anos, o item de maior peso nas transações correntes tem sido a balança comercial. E parte do impulso dados às exportações remonta ainda à política cambial adotada no governo FHC.
No primeiro mandato do tucano, entre 1995 e 1998, a cotação do dólar era controlada pelo BC e se mantinha próxima de R$ 1. Aos poucos, isso foi reduzindo a competitividade dos produtos brasileiros no exterior, levando a um crescente déficit na balança comercial -e, conseqüentemente, nas contas externas.
Em janeiro de 1999, essa política foi abandonada, e a taxa de câmbio passou a flutuar de acordo com as condições do mercado. O preço em dólar dos produtos brasileiros ficou mais baixo, aumentando as chances de sucesso dos exportadores.
Mas, depois de anos longe do mercado internacional, as empresas precisaram de tempo para se adaptar às novas condições. Além disso, crises no mercado internacional dificultavam o fluxo de recursos para países emergentes.
Já em 2002 -quando a crise que antecedeu as eleições presidenciais levou a cotação do dólar para quase R$ 4-, observava-se uma tendência de recuperação da balança comercial e das contas externas como um todo. Essa tendência se consolidou em 2003, início do governo Lula, quando a conta de transações correntes teve superávit pela primeira vez em 11 anos.
Além do aumento das exportações, também colaborou para essa recuperação o fraco crescimento da economia. Depois da crise de 2002, a cotação do dólar voltou a cair, o que, em tese, levaria a uma maior procura por bens importados, que ficaram mais baratos em reais. Mas como a economia cresceu pouco, esse aumento na demanda não foi muito forte, e as importações ficaram sob controle.
A expectativa do governo é que o quadro comece a se reverter neste ano: nas contas do BC, o saldo da balança comercial deve cair dos US$ 46,1 bilhões de 2006 para US$ 35 bilhões, em boa parte por causa do aumento esperado das importações. Nesse cenário, a conta de transações correntes continuaria positiva, mas seu superávit se reduziria para US$ 4,5 bilhões.


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