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Conta externa tem 4º ano de saldo positivo
Exportação leva transações do Brasil com exterior a registrar saldo de US$ 13,5 bi em 2006, só superado pelo de 2005
Primeiro mandato de Lula fecha com saldo acumulado de R$ 43 bi; já o segundo termo de FHC registrou déficit de US$ 80 bi
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apesar da queda do dólar, as
contas externas fecharam 2006
com um dos melhores resultados já apurados pelas estatísticas do Banco Central. A conta
de transações correntes, que
contabiliza a negociação de
bens e serviços com outros países, registrou um superávit de
US$ 13,528 bilhões, o segundo
maior da história.
Com isso, as contas tiveram
saldo positivo em cada um dos
quatro anos do primeiro mandato do presidente Lula, algo
inédito. Na segunda metade do
governo FHC (1999-2002), as
transações correntes -um dos
principais indicadores de vulnerabilidade externa de um
país- acumularam déficit de
US$ 80,4 bilhões.
Os resultados positivos refletem, principalmente, o aumento das exportações e o baixo
crescimento da economia, que
impediu que as importações
crescessem de maneira mais
acelerada mesmo com a queda
do dólar nos últimos anos.
A conta de transações correntes é composta pela balança
comercial (exportações menos
importações), balança de serviços e rendas (gastos com viagens internacionais, juros da
dívida externa, fretes realizados por empresas estrangeiras,
entre outros) e por transferências unilaterais (dinheiro enviado ao Brasil por residentes
no exterior e vice-versa).
Nos últimos anos, o item de
maior peso nas transações correntes tem sido a balança comercial. E parte do impulso dados às exportações remonta
ainda à política cambial adotada no governo FHC.
No primeiro mandato do tucano, entre 1995 e 1998, a cotação do dólar era controlada pelo BC e se mantinha próxima de
R$ 1. Aos poucos, isso foi reduzindo a competitividade dos
produtos brasileiros no exterior, levando a um crescente
déficit na balança comercial
-e, conseqüentemente, nas
contas externas.
Em janeiro de 1999, essa política foi abandonada, e a taxa
de câmbio passou a flutuar de
acordo com as condições do
mercado. O preço em dólar dos
produtos brasileiros ficou mais
baixo, aumentando as chances
de sucesso dos exportadores.
Mas, depois de anos longe do
mercado internacional, as empresas precisaram de tempo
para se adaptar às novas condições. Além disso, crises no mercado internacional dificultavam o fluxo de recursos para
países emergentes.
Já em 2002 -quando a crise
que antecedeu as eleições presidenciais levou a cotação do
dólar para quase R$ 4-, observava-se uma tendência de recuperação da balança comercial e
das contas externas como um
todo. Essa tendência se consolidou em 2003, início do governo Lula, quando a conta de
transações correntes teve superávit pela primeira vez em 11
anos.
Além do aumento das exportações, também colaborou para
essa recuperação o fraco crescimento da economia. Depois da
crise de 2002, a cotação do dólar voltou a cair, o que, em tese,
levaria a uma maior procura
por bens importados, que ficaram mais baratos em reais. Mas
como a economia cresceu pouco, esse aumento na demanda
não foi muito forte, e as importações ficaram sob controle.
A expectativa do governo é
que o quadro comece a se reverter neste ano: nas contas do
BC, o saldo da balança comercial deve cair dos US$ 46,1 bilhões de 2006 para US$ 35 bilhões, em boa parte por causa
do aumento esperado das importações. Nesse cenário, a
conta de transações correntes
continuaria positiva, mas seu
superávit se reduziria para US$
4,5 bilhões.
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