São Paulo, sábado, 26 de janeiro de 2008

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Morales diz que oferta de gás depende de investimento

Presidente da Bolívia afirma que cumpre contratos, mas não garante fornecimento

Boliviano lança apelo às empresas para acelerarem investimentos e diz que na Bolívia essas aplicações são respeitadas e garantidas

RODRIGO RÖTZSCH
DE BUENOS AIRES

O presidente da Bolívia, Evo Morales, disse que é "compromisso do povo boliviano" cumprir contratos de fornecimento de gás natural, mas ressaltou que são necessários investimentos para atender o crescimento da demanda. Evo não garantiu, porém, que entregará o volume de que o Brasil precisa e disse que é preciso encontrar "equilíbrio" entre a produção boliviana e as necessidades de Brasil, Bolívia e Argentina.
"No tema energia devemos nos manejar com certo equilíbrio. Não podemos atuar com egoísmo, com sectarismo, ou ler o tema desde um ponto de vista econômico, de querer ganhar mais dinheiro. Temos, sim, que atender as demandas que têm nossos povos", disse o presidente boliviano depois de se reunir com sua colega argentina, Cristina Fernández de Kirchner, em Buenos Aires.
A energia foi o tema único da reunião. O boliviano participou do anúncio da licitação do gasoduto do Nordeste argentino, de 1.400 quilômetros e custo estimado de US$ 1,9 bilhão, que teria capacidade para 28 milhões de metros cúbicos de gás natural/ dia a partir de 2010.
Na entrevista, Evo não foi categórico ao ser questionado pela Folha se a Bolívia está em condição de cumprir os contratos com o Brasil. Consultou o ministro dos Hidrocarbonetos, Carlos Villegas, que estava a seu lado, e disse: "O meu ministro informa que estamos cumprindo com os contratos correspondentes. Mas eu falava de investimentos porque esse é o único caminho de ampliar a produção, não somente para o mercado interno mas também para os compromissos que o povo boliviano tem com Brasil e Argentina. E por isso meu pedido público e respeitoso às empresas para que acelerem os investimentos, reiterando que na Bolívia garantimos e respeitamos esses investimentos".
"Eu sei que vão seguir crescendo as demandas na Argentina, no Brasil, na Bolívia. Embora na Bolívia sejamos poucos frente à Argentina, ao Brasil, especialmente, isso não significa ignorar o mercado interno. Mas sobretudo nossa obrigação como governo é cumprir os compromissos", completou.
Morales diz que os investimentos e as descobertas de novas jazidas de gás "levam a crer que, a médio prazo, vamos resolver o problema da energia".


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