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Cortes crescem em janeiro, dizem sindicatos
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A onda de demissões que começou no final do ano passado
se repete nas primeiras semanas de janeiro, de acordo com
um levantamento com 30 sindicatos de trabalhadores ouvidos pela Folha. Os cortes crescem em diversas regiões do
país e se espalham por setores
como metalurgia, construção,
mineração e alimentação.
O presidente do Sindicato
dos Metalúrgicos do Município
do Rio de Janeiro, Alex dos
Santos, diz que as demissões
homologadas no sindicato
avançaram 35% em janeiro
deste ano sobre o mesmo período de 2008. Até quarta-feira, foram 473 dispensas.
Apenas trabalhadores com
pelo menos um ano de tempo
de serviço têm que homologar
a demissão no sindicato da categoria à qual pertence. As demissões homologadas em janeiro não significam que as dispensas foram feitas somente
neste mês. Segundo o Ministério do Trabalho, não há prazo
para que as empresas agendem
a homologação nos sindicatos.
Os desligamentos de empregados temporários também
não são registrados pelos sindicatos. Apesar da falta de controle, a estimativa do Sindicato
dos Metalúrgicos de Campinas
-com 53 mil trabalhadores na
base- é que o dobro de metalúrgicos foi dispensado entre
novembro e janeiro, incluindo
os temporários. "De novembro
até agora, há cerca de 2.500
trabalhadores demitidos na região", destaca Jair dos Santos,
presidente da entidade.
Em janeiro deste ano, Santos
afirma que as demissões também dobraram em relação ao
mesmo mês de 2008, puxadas
principalmente pelos cortes no
setor de autopeças. Neste mês,
790 funcionários efetivos foram desligados na região.
"Os motivos que os empresários alegam para demitir não
são reais. Não há motivo para
demitir nessas proporções.
Eles estão criando pânico entre
os trabalhadores", diz ele.
Os desligamentos de metalúrgicos também aumentaram
em Minas Gerais. Em Belo Horizonte e Contagem, o sindicato da categoria, que representa
50 mil trabalhadores, homologou 800 dispensas até a semana passada. O número supera a
média dos últimos quatro meses de 2008. Em setembro, foram 623 dispensas, contra 712
em outubro, 601 em novembro
e 631 em dezembro.
Construção civil
Representantes da construção civil, embora não relatem
cortes recordes de postos de
trabalho, preveem avanço das
demissões. No Maranhão, o
presidente do sindicato da categoria Humberto Mendes destaca que, até terça passada, 870
trabalhadores homologaram
demissões no sindicato.
Segundo ele, empreiteiras
contratadas em obras de expansão industrial ficarão sem
contrato após o término das
obras que estão em curso. "A
partir de junho, vamos ter mais
gente desempregada. Muitos
trabalhadores precisam procurar serviço em outros Estados."
Antonio de Souza Ramalho,
presidente do Sindicato da
Construção Civil de São Paulo,
que tem 300 mil trabalhadores
na base, acrescenta que ainda
há empresas contratando em
janeiro, o que ameniza o efeito
das demissões. Na entidade, as
demissões homologadas neste
mês mantêm a proporção registrada no ano passado. Até
terça-feira, foram aproximadamente 550 dispensas, o que significa 71% das 778 demissões
homologadas na entidade em
todo o mês de janeiro de 2008.
Apesar do otimismo do sindicalista paulista, o Sinduscon-SP, que representa as empresas
do setor, já procurou os trabalhadores para discutir alternativas como redução de salário e
suspensão de contratos.
Acordos de flexibilização das
relações de trabalho também
são discutidos por trabalhadores do setor de alimentos e bebidas. Na categoria, perderam
o emprego, principalmente,
funcionários de frigoríficos dependentes das exportações.
Em Campo Grande (MS),
cerca de 400 trabalhadores homologaram demissões em janeiro, segundo o sindicato dos
trabalhadores da indústria da
carne, que tem cerca de 2.000
trabalhadores na base.
Em Chapecó (SC), empregados do setor se reuniram na semana passada para discutir
propostas de flexibilização do
emprego.
Miguel Padilha, presidente
da federação que reúne 13 mil
trabalhadores trabalhadores
da indústria de carnes e derivados de Santa Catarina, destaca
que há empresas pedindo diminuição de horas trabalhadas e
de salário. "Não aceitamos isso.
O trabalhador não ganha muito. Imagine se abaixar o salário."
(VERENA FORNETTI)
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