São Paulo, segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

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Cortes crescem em janeiro, dizem sindicatos

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A onda de demissões que começou no final do ano passado se repete nas primeiras semanas de janeiro, de acordo com um levantamento com 30 sindicatos de trabalhadores ouvidos pela Folha. Os cortes crescem em diversas regiões do país e se espalham por setores como metalurgia, construção, mineração e alimentação.
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Município do Rio de Janeiro, Alex dos Santos, diz que as demissões homologadas no sindicato avançaram 35% em janeiro deste ano sobre o mesmo período de 2008. Até quarta-feira, foram 473 dispensas.
Apenas trabalhadores com pelo menos um ano de tempo de serviço têm que homologar a demissão no sindicato da categoria à qual pertence. As demissões homologadas em janeiro não significam que as dispensas foram feitas somente neste mês. Segundo o Ministério do Trabalho, não há prazo para que as empresas agendem a homologação nos sindicatos.
Os desligamentos de empregados temporários também não são registrados pelos sindicatos. Apesar da falta de controle, a estimativa do Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas -com 53 mil trabalhadores na base- é que o dobro de metalúrgicos foi dispensado entre novembro e janeiro, incluindo os temporários. "De novembro até agora, há cerca de 2.500 trabalhadores demitidos na região", destaca Jair dos Santos, presidente da entidade.
Em janeiro deste ano, Santos afirma que as demissões também dobraram em relação ao mesmo mês de 2008, puxadas principalmente pelos cortes no setor de autopeças. Neste mês, 790 funcionários efetivos foram desligados na região.
"Os motivos que os empresários alegam para demitir não são reais. Não há motivo para demitir nessas proporções. Eles estão criando pânico entre os trabalhadores", diz ele.
Os desligamentos de metalúrgicos também aumentaram em Minas Gerais. Em Belo Horizonte e Contagem, o sindicato da categoria, que representa 50 mil trabalhadores, homologou 800 dispensas até a semana passada. O número supera a média dos últimos quatro meses de 2008. Em setembro, foram 623 dispensas, contra 712 em outubro, 601 em novembro e 631 em dezembro.

Construção civil
Representantes da construção civil, embora não relatem cortes recordes de postos de trabalho, preveem avanço das demissões. No Maranhão, o presidente do sindicato da categoria Humberto Mendes destaca que, até terça passada, 870 trabalhadores homologaram demissões no sindicato.
Segundo ele, empreiteiras contratadas em obras de expansão industrial ficarão sem contrato após o término das obras que estão em curso. "A partir de junho, vamos ter mais gente desempregada. Muitos trabalhadores precisam procurar serviço em outros Estados."
Antonio de Souza Ramalho, presidente do Sindicato da Construção Civil de São Paulo, que tem 300 mil trabalhadores na base, acrescenta que ainda há empresas contratando em janeiro, o que ameniza o efeito das demissões. Na entidade, as demissões homologadas neste mês mantêm a proporção registrada no ano passado. Até terça-feira, foram aproximadamente 550 dispensas, o que significa 71% das 778 demissões homologadas na entidade em todo o mês de janeiro de 2008.
Apesar do otimismo do sindicalista paulista, o Sinduscon-SP, que representa as empresas do setor, já procurou os trabalhadores para discutir alternativas como redução de salário e suspensão de contratos.
Acordos de flexibilização das relações de trabalho também são discutidos por trabalhadores do setor de alimentos e bebidas. Na categoria, perderam o emprego, principalmente, funcionários de frigoríficos dependentes das exportações.
Em Campo Grande (MS), cerca de 400 trabalhadores homologaram demissões em janeiro, segundo o sindicato dos trabalhadores da indústria da carne, que tem cerca de 2.000 trabalhadores na base.
Em Chapecó (SC), empregados do setor se reuniram na semana passada para discutir propostas de flexibilização do emprego.
Miguel Padilha, presidente da federação que reúne 13 mil trabalhadores trabalhadores da indústria de carnes e derivados de Santa Catarina, destaca que há empresas pedindo diminuição de horas trabalhadas e de salário. "Não aceitamos isso. O trabalhador não ganha muito. Imagine se abaixar o salário." (VERENA FORNETTI)


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