São Paulo, terça-feira, 26 de janeiro de 2010

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País consome 1,1% menos energia em 2009

Declínio é provocado pela retração da indústria, que diminuiu produção e cortou postos de trabalho durante a crise

Na contramão, consumo de eletricidade nas residências e no comércio avança mais de 6%; calor eleva a demanda em dezembro

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Num sinal do forte impacto da crise sobre a economia brasileira -em especial sobre a indústria-, o consumo de energia elétrica no Brasil caiu 1,1% em 2009, segundo a EPE (Empresa de Pesquisa Energética).
Ao todo, o país demandou 388.204 GWh de energia no ano passado. E todo o declínio foi provocado exclusivamente pela indústria, setor mais afetado pela crise.
A recessão fez a indústria pisar no freio: o setor demitiu, cortou linhas de produção e, desse modo, consumiu menos energia. Na indústria, a queda foi de 8% em 2009. A retração levou a indústria ao padrão de consumo de 2006. Ou seja, a crise enterrou o crescimento de dois anos inteiros.
O desempenho só não foi pior graças ao mercado interno, cuja demanda se manteve aquecida e impulsionou o consumo doméstico e comercial de energia elétrica. A expansão da oferta de energia e o programa de eletrificação Luz para Todos também ajudaram a alavancar a demanda residencial. Diante desses fatores, o consumo das residências brasileiras terminou o ano com aumento de 6,2% em relação a 2008.
A EPE ressalta que cresceu também o gasto médio dos consumidores de energia, além da expansão do total de usuários. Em 2009, foram incorporadas à rede elétrica 1,807 milhão de unidades domiciliares.
O consumo comercial registrou expansão de 6,1% no período, puxado pelo "contínuo processo de abertura de pontos comerciais", afirma a EPE.

Recuperação gradual
Em seu relatório, a EPE destaca que, apesar da queda do consumo, "o indicador foi se recuperando ao longo do ano" com a melhora do cenário e a retomada -ainda que lenta- da produção fabril.
Apesar da queda no acumulado do ano, o consumo nacional de energia elétrica teve um forte crescimento -de 8,4%- em dezembro de 2009 em relação ao mesmo mês de 2008.
Um dos motivos de tal expansão é justamente a fraca base de comparação -ao final de 2008, a demanda despencou com a crise.
Mais uma vez, residências e comércios lideraram a expansão do consumo em dezembro, com taxas de crescimento de 11,7% e 13,4%, respectivamente, ante dezembro de 2008. Diferentemente do acumulado do ano, período em que teve forte queda, a região Sudeste foi a maior responsável por esses resultados em dezembro.
De acordo com a EPE, a forte onda de calor foi o principal fator de estímulo ao consumo de energia elétrica tanto no comércio como na indústria.


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