São Paulo, quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

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EUA dão prazo para banco levantar capital

JACK HEALY
DO "NEW YORK TIMES"

O governo dos EUA divulgou ontem detalhes sobre o "teste de estresse" a que serão submetidos os maiores bancos do país. Uma das novidades é que, caso necessário, as instituições terão seis meses para levantar capital com investidores privados -caso contrário, o governo colocará dinheiro público.
Os 19 maiores bancos americanos, com ativos superiores a US$ 100 bilhões, passarão por um "teste de estresse" compulsório a fim de determinar se eles dispõem de capital suficiente para sobreviver ao agravamento da recessão, a uma nova queda profunda nos preços das casas e a uma piora da taxa de desemprego.
Os que não passarem terão seis meses para levantar dinheiro privado ou receberão injeções de capital adicionais do governo na forma de papéis conversíveis que podem ser transformados em ações ordinárias com um desconto de 10% ante o preço que vigorava antes de 9 de fevereiro.
Para determinar a saúde financeira do banco, o "teste de estresse" utilizará duas projeções econômicas para os próximos dois anos: uma que é o consenso atual entre analistas e outra que é mais pessimista. No primeiro caso, a estimativa é que o PIB neste ano se contrairá em 2%, o desemprego chegará a 8,4% e os preços das casas recuarão mais 14%. Na visão pessimista, o PIB cai 3,3%, o desemprego vai a 8,9% e o valor das casas afunda 22%.
"Os bancos precisam submeter um plano sobre a maneira pela qual pretendem utilizar esse capital a fim de preservar e reforçar sua capacidade de empréstimo especificamente, para elevar os empréstimos a níveis superiores aos que seriam possíveis sem apoio governamental", afirmou o Tesouro americano em comunicado.
As ações ordinárias têm direito de voto e podem conferir ao governo maior influência sobre os bancos que receberem dinheiro adicional ou sobre os executivos que os dirigirão -mas isso custará aos cofres públicos a preferência no pagamento de dividendos e sua precedência nos pagamentos em caso de colapso de um banco.
Além disso, os acionistas podem ver suas participações ainda mais diluídas caso o governo opte por converter ações preferenciais em ordinárias. A divulgação dos detalhes ocorreu após o início do novo depoimento no Congresso do presidente do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA), Ben Bernanke, que mais vez descartou a ideia de que o governo pretende usar o plano para estatizar grandes bancos.
Ele disse que o governo terminaria controlando participações maiores nos bancos, mas que estatização "é quando o governo toma o controle, zera a posição dos acionistas e começa a administrar ou dirigir o banco". "E nós não pretendemos fazer nada parecido." A necessidade dos "testes de estresse" foi anunciada há duas semanas pelo secretário do Tesouro, Timothy Geithner.


Tradução de PAULO MIGLIACCI


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