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EUA dão prazo para banco levantar capital
JACK HEALY
DO "NEW YORK TIMES"
O governo dos EUA divulgou
ontem detalhes sobre o "teste
de estresse" a que serão submetidos os maiores bancos do
país. Uma das novidades é que,
caso necessário, as instituições
terão seis meses para levantar
capital com investidores privados -caso contrário, o governo
colocará dinheiro público.
Os 19 maiores bancos americanos, com ativos superiores a
US$ 100 bilhões, passarão por
um "teste de estresse" compulsório a fim de determinar se
eles dispõem de capital suficiente para sobreviver ao agravamento da recessão, a uma nova queda profunda nos preços
das casas e a uma piora da taxa
de desemprego.
Os que não passarem terão
seis meses para levantar dinheiro privado ou receberão
injeções de capital adicionais
do governo na forma de papéis
conversíveis que podem ser
transformados em ações ordinárias com um desconto de
10% ante o preço que vigorava
antes de 9 de fevereiro.
Para determinar a saúde financeira do banco, o "teste de
estresse" utilizará duas projeções econômicas para os próximos dois anos: uma que é o consenso atual entre analistas e
outra que é mais pessimista. No
primeiro caso, a estimativa é
que o PIB neste ano se contrairá em 2%, o desemprego chegará a 8,4% e os preços das casas
recuarão mais 14%. Na visão
pessimista, o PIB cai 3,3%, o
desemprego vai a 8,9% e o valor
das casas afunda 22%.
"Os bancos precisam submeter um plano sobre a maneira
pela qual pretendem utilizar
esse capital a fim de preservar e
reforçar sua capacidade de empréstimo especificamente, para elevar os empréstimos a níveis superiores aos que seriam
possíveis sem apoio governamental", afirmou o Tesouro
americano em comunicado.
As ações ordinárias têm direito de voto e podem conferir
ao governo maior influência sobre os bancos que receberem
dinheiro adicional ou sobre os
executivos que os dirigirão
-mas isso custará aos cofres
públicos a preferência no pagamento de dividendos e sua precedência nos pagamentos em
caso de colapso de um banco.
Além disso, os acionistas podem ver suas participações ainda mais diluídas caso o governo
opte por converter ações preferenciais em ordinárias.
A divulgação dos detalhes
ocorreu após o início do novo
depoimento no Congresso do
presidente do Fed (Federal Reserve, o banco central dos
EUA), Ben Bernanke, que mais
vez descartou a ideia de que o
governo pretende usar o plano
para estatizar grandes bancos.
Ele disse que o governo terminaria controlando participações maiores nos bancos, mas
que estatização "é quando o governo toma o controle, zera a
posição dos acionistas e começa a administrar ou dirigir o
banco". "E nós não pretendemos fazer nada parecido."
A necessidade dos "testes de
estresse" foi anunciada há duas
semanas pelo secretário do Tesouro, Timothy Geithner.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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