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Amorim reclama a Hillary de protecionismo americano
Brasileiro diz a colega dos EUA que é preciso defender empregos sem prejudicar outros países
Reunião, a primeira entre o alto escalão dos 2 governos, antecede a encontro de Lula e Obama, que ocorre no mês que vem, em Washington
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
No primeiro encontro ao vivo entre dois membros do ministério de Luiz Inácio Lula da
Silva e Barack Obama, o ministro das Relações Exteriores
brasileiro, Celso Amorim, reclamou de emenda protecionista recém-aprovada pelo
Congresso dos EUA para sua
colega americana, a secretária
de Estado Hillary Clinton.
"Eu disse que é preciso que
nós encontremos uma maneira
de defendermos o emprego nos
nossos países sem criarmos
problema de emprego para os
outros países, porque, se não, o
problema volta para nós", relatou Amorim em entrevista coletiva depois da reunião, que foi
fechada à imprensa.
Segundo o brasileiro, Hillary
tomou notas e sua reação foi
"positiva". Em público, ao posar para fotos ao lado de Amorim, a chanceler norte-americana disse apenas o protocolar
"nossos países têm um conjunto grande de oportunidades e
responsabilidades".
Na semana retrasada, Obama
assinou medida de estímulo à
economia que inclui a cláusula
"Buy American" (compre produtos americanos, em tradução
livre), que prevê que obras de
infraestrutura que recebam dinheiro do pacotaço de US$ 787
bilhões usem ferro, aço e manufaturados nacionais ou de
parceiros de tratados comerciais, o que exclui o Brasil.
A versão aprovada foi amenizada depois de grita da comunidade internacional. Ainda assim, o assunto ocupou parte da
conversa dos dois diplomatas,
que durou cerca de 40 minutos,
segundo Amorim, que definiu o
encontro como amistoso, espontâneo e franco. "Não gosto
de usar a palavra franco, porque dá a impressão de um encontro cheio de críticas e reclamações, e não houve isso."
O ministro brasileiro pediu
também a aprovação rápida do
secretário especial de Comércio Exterior (USTR, na sigla em
inglês), já apontado por Obama, mas ainda não confirmado
pelo Senado. "A principal mensagem que eu dei nesse campo é
que é muito importante que o
governo americano dê prioridade à confirmação", disse.
Seu titular é Ron Kirk, ex-prefeito de Dallas, no Texas. Diferentemente de no Brasil, em
que o chanceler acumula as
duas funções, na estrutura do
Executivo norte-americano há
uma pasta específica para a
questão. "Enquanto não tivermos um negociador, não dá para combater o protecionismo
só no atacado, ele existe no varejo, temos de ver medida por
medida, aspecto por aspecto."
O brasileiro aproveitou para
pedir a retomada da Rodada
Doha, negociação de liberação
do comércio internacional emperrada há anos e que já havia
sido citada em conversa telefônica entre Obama e Lula. "Disse que é a melhor coisa que a
gente pode fazer em relação ao
"Buy American" e a qualquer
outra atitude protecionista."
O encontro serviu de preparação para a visita de Lula a
Washington, na segunda quinzena de março, quando será recebido por Obama. Hillary e
Amorim devem se encontrar de
novo, em reunião no Egito que
discutirá a situação na Faixa de
Gaza. Ontem, o brasileiro partiu de Washington para Paris,
onde será recebido pelo presidente francês, Nicolas Sarkozy.
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