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Epson inflou lucros no Brasil por nove anos
Alteração de balanço também ocorreu no México; perda é de US$ 45,2 mi
Fabricante japonesa considera que o "incidente" aconteceu por diferenças contábeis entre os países e pela falta de controle na AL
ÁLVARO FAGUNDES
DA REDAÇÃO
JULIO WIZIACK
DA REPORTAGEM LOCAL
A Epson, fabricante japonesa
de equipamentos eletrônicos,
como impressoras e projetores
de imagens, anunciou ontem os
resultados financeiros do terceiro trimestre de 2008 com
uma surpresa: diretores nas
subsidiárias do Brasil e do México manipularam os balanços,
provocando perdas de US$ 45,2
milhões, sendo US$ 13,4 milhões no ano em exercício e o
restante (US$ 31,8 milhões)
nos nove anos anteriores.
Em comunicado, a empresa
afirma que três executivos brasileiros inflaram os lucros em
US$ 42 milhões por nove anos,
incluindo o ano fiscal corrente.
Uma equipe de investigação
do escritório da Epson nos
EUA afirmou que o "incidente"
foi causado por um erro na hora
de ajustar os diferentes padrões contábeis do Brasil e dos
EUA. Mas o mesmo comunicado afirma que os executivos
brasileiros devem ter tentado
"cobrir suas posições", um jargão que no mercado significa
"disfarçar perdas".
No México, um executivo está envolvido acusado de aumentar os lucros em US$ 4,1
milhões por quatro anos. Segundo a Epson, os executivos
foram demitidos ou afastados,
mas nomes e a situação de cada
um não foram revelados.
Como os números divulgados não impactam os balanços
anteriores, segundo a Epson, os
US$ 45,2 milhões lançados indevidamente serão computados como perdas extraordinárias no balanço do quarto trimestre de 2008. Até setembro
de 2008, as receitas fecharam
em US$ 9,9 bilhões, queda de
12,6% em relação ao mesmo período de 2007.
Entre os motivos alegados
pela matriz japonesa estão a
fragilidade do mercado de tecnologia na América Latina, a
falta de controle da contabilidade pelos presidentes das subsidiárias e até a diferença geográfica e de cultura dos países.
Ainda segundo a Epson, os
presidentes da filial no Brasil e
no México terão de aprimorar o
controle da contabilidade. A assessoria da Epson no Brasil disse que o presidente comentaria
o caso, mas não retornou até o
fechamento desta edição. O escritório dos EUA também não
respondeu.
É a segunda vez que uma empresa global do setor admite
manipulação contábil em dois
meses. Em janeiro, o presidente do conselho da Satyam Computer Services, admitiu cometer uma fraude de US$ 1 bilhão.
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