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BB tem lucro recorde com dinheiro da Previ
Banco trouxe R$ 3 bi em receitas de ajuste de conta com fundo de pensão, o que permitiu melhorar resultado em 2009
No ano da crise, banco teve crescimento acima do mercado no crédito, com maior rentabilidade e menor inadimplência
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Banco do Brasil se apropriou de R$ 3 bilhões da Previ, o
fundo de pensão dos seus funcionários, e encerrou 2009 com
um lucro líquido anual recorde
de R$ 10,15 bilhões, o maior já
apurado por um banco no país,
segundo a consultoria Economática. Sem o impacto desse
adiantamento e de outros ganhos extras, o lucro cairia para
R$ 6,9 bilhões no ano passado.
Esse ganho decorre de dinheiro que "sobra" no caixa da
Previ após os pagamentos aos
aposentados. É um ajuste de
contas que o BB costuma fazer
como patrocinador da aposentadoria dos funcionários, que,
normalmente, representa despesas.
Um desses planos, porém, já
fechado para adesão após mudança de regras, passou a ter
cada vez menos desembolsos
com a morte dos beneficiários.
Como o número de aposentados vai cair mais, a tendência
é que esse plano se torne cada
vez mais superavitário. Desde
2008, os patrocinadores de
fundos de pensão podem recalcular as despesas, com base em
projeções da expectativa de vida dos atuais aposentados, e se
"apropriar" do superavit que só
poderiam obter quando morresse o último beneficiário.
O ganho tem efeito apenas
contábil -não entra no caixa-,
mas gera lucro, impostos e PLR
(participação nos lucros) aos
funcionários. Também permite
ao banco somar R$ 1 bilhão ao
patrimônio, elevando assim a
sua capacidade de conceder novos empréstimos.
"Só estamos fazendo o que a
lei permite", disse Marco Geovanne, gerente de Relações
com Investidores do BB.
O executivo reconhece que
essa apropriação "traz alguma
volatilidade para o resultado do
banco". No entanto, argumenta
que a tendência é que o plano
mantenha boa rentabilidade.
"Só se houver uma catástrofe.
Num ano difícil como 2009, tivemos um excelente ganho."
Ganho de mercado
Em 2009, o BB teve um desempenho superior ao dos concorrentes. Enquanto o mercado teve crescimento de 14,5%
no crédito, o BB expandiu em
33,8% sua carteira de empréstimos, que atingiu R$ 320 bilhões, incluindo avais e fianças.
Estimulado pelo governo a
ser mais agressivo nos empréstimos para enfrentar a crise
global que amedrontou os bancos privados, o crédito ao consumidor cresceu 88,1% no BB e
atingiu R$ 91,8 bilhões, somando parte das operações do Votorantim e da Nossa Caixa.
Os empréstimos para empresas somaram R$ 125,3 bilhões,
29% mais do que em 2008.
Apesar da agressividade, o
banco não incorreu em risco de
inadimplência acima dos demais bancos -maior temor das
instituições privadas na crise.
O banco também não comprometeu suas margens de ganho.
A rentabilidade, indicador de
retorno do investimento do
acionista, subiu de 24,7% para
25,8% de 2008 para 2009. Itaú
Unibanco, Bradesco e Santander tiveram rentabilidade de
21,4%, 21,8% e 19,3%.
A inadimplência do BB girou
em 3,3%, enquanto a do sistema financeiro total ficou em
4,4%. Na pessoa física, os pagamentos em atraso acima de 90
dias atingem 7,8% dos empréstimos. Para as empresas, 3,8%.
Para 2010, o banco prevê um
acirramento na concorrência
entre os bancos, com maior
apetite dos privados pelo crédito. A expectativa é que os financiamentos cresçam 23%. "Queremos manter ou crescer um
pouco, mas não esperamos um
crescimento tão forte quanto
2009, já que a concorrência estará mais acirrada", disse Aldemir Bendine, presidente do BB.
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