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CNBB anuncia oposição ao projeto da hidrelétrica de Belo Monte, no Pará
GABRIELA GUERREIRO
DA FOLHA ONLINE, EM BRASÍLIA
A CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil)
defendeu ontem a paralisação
do processo que autoriza a
construção da hidrelétrica de
Belo Monte (PA), maior projeto do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).
Os bispos defendem que, antes da execução da obra, os índios, os ribeirinhos e a população de Altamira (PA) sejam ouvidos a respeito da construção.
"Queremos sensibilizar a sociedade e esperamos que as
autoridades tomem as devidas
providências a fim de que não
tenha início a execução do projeto antes de proporcionar
reais oportunidades para que
as populações implicadas possam debatê-lo, apresentar suas
propostas e tenham suas considerações respeitadas", afirmou o presidente da CNBB,
Dom Geraldo Lyrio Rocha.
Reunidos em conselho, os
bispos da CNBB criticaram a
concessão de licença ambiental do Ibama para a construção
da hidrelétrica ao argumentarem que as obras vão destruir
1.500 km2 na Amazônia. Dom
Geraldo saiu em defesa do bispo católico da região do Xingu,
dom Erwin Kräutler, para
quem a construção da usina
hidrelétrica de Belo Monte
trará o "caos" para a região.
"O bispo está sendo ameaçado de morte por causa das suas
posições em favor dos povos
indígenas, na mesma região
onde atuou a irmã Dorothy
Stang [assassinada em Anapu
(PA) em 2005]", afirmou.
A CNBB disse que o governo
federal, ao autorizar a construção, ignorou as argumentações do MPF (Ministério Público Federal) contrárias à
execução das obras. O MPF
disse que vai entrar o mais rápido possível com uma ação
pedindo a anulação da licença.
Procurada no final do dia de
ontem para comentar as declarações das CNBB, a assessoria de imprensa do Ministério de Minas e Energia informou que não localizou o ministro Edison Lobão para falar
sobre o assunto.
De acordo com o procurador da República em Belém
(PA) Daniel Avelino, há também a possibilidade de que o
técnico que assinou a licença
seja processado sob a acusação
de improbidade administrativa. Desde 2001, o MPF já moveu oito ações contra as obras
da hidrelétrica.
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