São Paulo, segunda-feira, 26 de março de 2007

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"Dicas" batem Ibovespa, diz estudo da FGV

Uma das carteiras analisadas com sugestões do FolhaInvest subiu 249,4%, ante 72,3% da Bolsa de SP no mesmo período

Segundo autor, resultado mostra que analisar as sugestões das corretoras, e não apenas acatá-las, pode ser ainda mais proveitoso

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Estar atento às recomendações feitas pelos analistas pode ser uma boa opção na hora de aplicar no mercado de ações. Isso é o que aponta um estudo feito por professores da FGV (Fundação Getulio Vargas) com base nas sugestões que apareceram na seção "Dicas" do FolhaInvest.
O estudo, realizado pelos professores William Eid Júnior e Ricardo Ratner Rochman, considerou diferentes carteiras teóricas montadas a partir das sugestões feitas pelas instituições financeiras e mostrou ser possível superar (em muito, em alguns casos) o retorno dado pela Bolsa de Valores de São Paulo.
O levantamento levou em consideração as recomendações feitas por 23 corretoras e bancos no FolhaInvest em um período que se estende por 294 semanas, de maio de 1999 até julho de 2005.
"Podemos concluir que os analistas fazem um bom trabalho", afirma William Eid Júnior, coordenador do Centro de Estudos em Finanças da Fundação Getulio Vargas. "A pergunta que fizemos ao pensar no estudo era: o analista agrega valor ao investidor? A resposta foi positiva", diz.
Das seis carteiras teóricas criadas no estudo, a partir das recomendações, a de número 1, que levou em consideração todas as recomendações de ações feitas pelas instituições, conseguiu alcançar valorização de 144,1% no período analisado.
O Ibovespa -principal índice da Bolsa paulista, formado pelas 58 ações mais negociadas no pregão- teve valorização de 72,3% no período. O índice IBrX, índice das cem ações selecionadas entre as mais negociadas na Bovespa, teve alta de 125,2%.

Destaque
Dentre as outras carteiras criadas, a de melhor desempenho foi a de número 4 (veja tabela ao lado), que levou em consideração apenas as ações sugeridas que tinham preço-alvo entre 25% e 50% do valor da ação no momento da recomendação. O preço-alvo é o valor estimado pelos analistas que uma ação pode atingir em determinado período (normalmente até o fim de cada ano).
Essa carteira hipotética conseguiu apresentar uma valorização de 249,4% no período considerado pelo estudo.
O resultado mostra que analisar as sugestões das corretoras, e não apenas acatá-las de forma passiva, pode ser ainda mais proveitoso.
"Isso mostra que a melhor estratégia é a daquele investidor que não é não tão otimista [ou seja, que acha que o preço-alvo está muito distante do atual] nem tão pessimista", afirma Eid.
Além dessas carteiras (1 e 4), as criadas pelo estudo levaram em consideração os seguintes critérios: ações que tiveram mais de uma recomendação por semana (2); ações com a diferença entre valor e preço-alvo de até 25% (3); papéis com diferença de 50% a 75% entre preço na época da recomendação e alvo (5); e papéis sugeridos com diferença de valores superior a 75% (6).
De um modo geral, em todos os seis cenários criados o Ibovespa foi superado. O IBrX foi batido com as opções de carteiras 1, 4, 5 e 6.
Por semana foram feitas, em média, 20 sugestões de investimentos. Destas, 10 ações concentraram 42% das recomendações realizadas. O grande destaque foi a Petrobras, que concentrou 9,4% de todas as sugestões.
"Temos de partir do princípio de que o analista não dispõe de informações privilegiadas. Mas ele tem condições de analisar melhor as informações disponíveis [sobre empresas e cenários]", afirma o professor da Fundação Getulio Vargas.

Riscos
O que o investidor (ou candidato a investidor) nunca pode se esquecer é que o mercado acionário sempre carrega riscos. É impossível um analista garantir que determinada ação vai subir em certo período.
Turbulências imprevistas, quer no cenário nacional ou no internacional, podem fazer com que a Bolsa de Valores sofra quedas. E isso pode derrubar o valor de ações que, em muitos casos, são de companhias com balanços bastante positivos, com lucros e equilíbrio em suas contas -e que, em tese, deveriam conquistar altas no pregão.


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