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"Dicas" batem Ibovespa, diz estudo da FGV
Uma das carteiras analisadas com sugestões do FolhaInvest subiu 249,4%, ante 72,3% da Bolsa de SP no mesmo período
Segundo autor, resultado mostra que analisar as sugestões das corretoras, e não apenas acatá-las, pode ser ainda mais proveitoso
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Estar atento às recomendações feitas pelos analistas pode
ser uma boa opção na hora de
aplicar no mercado de ações.
Isso é o que aponta um estudo
feito por professores da FGV
(Fundação Getulio Vargas)
com base nas sugestões que
apareceram na seção "Dicas"
do FolhaInvest.
O estudo, realizado pelos
professores William Eid Júnior
e Ricardo Ratner Rochman,
considerou diferentes carteiras
teóricas montadas a partir das
sugestões feitas pelas instituições financeiras e mostrou ser
possível superar (em muito, em
alguns casos) o retorno dado
pela Bolsa de Valores de São
Paulo.
O levantamento levou em
consideração as recomendações feitas por 23 corretoras e
bancos no FolhaInvest em um
período que se estende por 294
semanas, de maio de 1999 até
julho de 2005.
"Podemos concluir que os
analistas fazem um bom trabalho", afirma William Eid Júnior, coordenador do Centro de
Estudos em Finanças da Fundação Getulio Vargas. "A pergunta que fizemos ao pensar no
estudo era: o analista agrega valor ao investidor? A resposta foi
positiva", diz.
Das seis carteiras teóricas
criadas no estudo, a partir das
recomendações, a de número 1,
que levou em consideração todas as recomendações de ações
feitas pelas instituições, conseguiu alcançar valorização de
144,1% no período analisado.
O Ibovespa -principal índice
da Bolsa paulista, formado pelas 58 ações mais negociadas no
pregão- teve valorização de
72,3% no período. O índice
IBrX, índice das cem ações selecionadas entre as mais negociadas na Bovespa, teve alta de
125,2%.
Destaque
Dentre as outras carteiras
criadas, a de melhor desempenho foi a de número 4 (veja tabela ao lado), que levou em consideração apenas as ações sugeridas que tinham preço-alvo
entre 25% e 50% do valor da
ação no momento da recomendação. O preço-alvo é o valor
estimado pelos analistas que
uma ação pode atingir em determinado período (normalmente até o fim de cada ano).
Essa carteira hipotética conseguiu apresentar uma valorização de 249,4% no período
considerado pelo estudo.
O resultado mostra que analisar as sugestões das corretoras, e não apenas acatá-las de
forma passiva, pode ser ainda
mais proveitoso.
"Isso mostra que a melhor
estratégia é a daquele investidor que não é não tão otimista
[ou seja, que acha que o preço-alvo está muito distante do
atual] nem tão pessimista",
afirma Eid.
Além dessas carteiras (1 e 4),
as criadas pelo estudo levaram
em consideração os seguintes
critérios: ações que tiveram
mais de uma recomendação
por semana (2); ações com a diferença entre valor e preço-alvo de até 25% (3); papéis com
diferença de 50% a 75% entre
preço na época da recomendação e alvo (5); e papéis sugeridos com diferença de valores
superior a 75% (6).
De um modo geral, em todos
os seis cenários criados o Ibovespa foi superado. O IBrX foi
batido com as opções de carteiras 1, 4, 5 e 6.
Por semana foram feitas, em
média, 20 sugestões de investimentos. Destas, 10 ações concentraram 42% das recomendações realizadas. O grande
destaque foi a Petrobras, que
concentrou 9,4% de todas as
sugestões.
"Temos de partir do princípio de que o analista não dispõe
de informações privilegiadas.
Mas ele tem condições de analisar melhor as informações disponíveis [sobre empresas e cenários]", afirma o professor da
Fundação Getulio Vargas.
Riscos
O que o investidor (ou candidato a investidor) nunca pode
se esquecer é que o mercado
acionário sempre carrega riscos. É impossível um analista
garantir que determinada ação
vai subir em certo período.
Turbulências imprevistas,
quer no cenário nacional ou no
internacional, podem fazer
com que a Bolsa de Valores sofra quedas. E isso pode derrubar o valor de ações que, em
muitos casos, são de companhias com balanços bastante
positivos, com lucros e equilíbrio em suas contas -e que, em
tese, deveriam conquistar altas
no pregão.
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