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Decisão sobre concessões ficará para sucessor de Lula
Governo desistiu de buscar brecha para renovar contrato de usinas por mais de uma vez
Avaliação é que hidrelétricas como as da Cesp já deram retorno do investimento, e abrir nova licitação poderia baixar tarifa ao consumidor
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A decisão de alterar a legislação e permitir que haja renovação de contratos de concessão
de usinas hidrelétricas que já
foram prorrogados uma vez ficará para o próximo governo.
"Isso vai ocorrer depois do
atual governo. Não podemos
falar pelo novo governo", disse
o ministro de Minas e Energia,
Edison Lobão. "É uma decisão
do próximo governo e, sobretudo, do próximo Congresso."
Um dos fatores que levaram
ao fracasso do leilão da Cesp foi
o fato de duas de suas principais usinas -Jupiá e Ilha Solteira- ficarem sem contrato de
concessão em 2015. Essas duas
hidrelétricas, que respondem
por 67% da capacidade de geração da estatal, já tiveram o contrato de concessão renovado
uma vez e, pela lei atual, não
podem obter outra renovação.
Ou seja, seriam novamente licitadas daqui a sete anos.
Por trás da discussão de renovar ou não a concessão de
usinas hidrelétricas está a
questão da tarifa. As usinas que
estão com seus contratos de
concessão vencendo, sem possibilidade de renovação, foram
construídas há mais de 30 anos
e já estão pagas. Ou seja, a energia produzida por elas poderá
ser bem mais barata do que o
valor cobrado hoje.
Significa que o governo poderia condicionar a renovação a
um preço menor da energia, o
que pode beneficiar o consumidor e a indústria nacional, porque diminuiria os custos de
produção. "Se tivesse aberto
exceção no caso da Cesp, no
fundo o Brasil estaria abrindo
mão desse recurso que o consumidor poderia ter praticamente para sempre, porque, uma
vez aberta a exceção a uma usina, teria que abrir para todas",
disse Maurício Tolmasquim,
presidente da EPE (Empresa
de Pesquisa Energética, estatal
federal que planeja o setor).
Tolmasquim não defendeu
nem uma possibilidade extra
de renovação (além da prevista
em lei) nem a necessidade de
fazer nova licitação. De acordo
com o presidente da EPE, qualquer uma das opções pode ser
tomada pelo governo, desde
que a tarifa das usinas hidrelétricas antigas, já amortizadas,
seja bem menor do que a atual.
Com o fracasso do leilão de
privatização da Cesp, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
avaliou que não faz mais sentido dar emergência ao pedido
feito pelo governador de São
Paulo, José Serra, para estender o prazo de concessão de
duas usinas da Cesp.
O governo estudava o pleito
do tucano, mas encontrava dificuldade para dar segurança jurídica a uma decisão desse tipo.
Serra pediu a renovação das
concessões das usinas de Jupiá
e Ilha Solteira. A área técnica
chegou a estudar uma fórmula
para nova renovação dessas
concessões, mas, como a estatal
não será mais privatizada, Lula
achou melhor deixar a decisão
para o próximo governo. Serra
aparece como o nome mais forte nas pesquisas para suceder
Lula em 2010.
O governo federal também
tem interesse em modificar a
lei, porque opera 16 usinas que
ficam sem contrato em 2015.
Na atual estratégica do governo, de fortalecer a Eletrobrás
(controladora de Chesf e Furnas), não faz sentido licitar essas usinas. Por isso, o CNPE
(Conselho Nacional de Política
Energética) irá estudar o tema.
"O grupo Eletrobrás precisa
muito dessa renovação", afirmou ontem José Antônio Muniz Lopes, presidente da estatal. De acordo com Lopes, a questão precisa ser tratada com
cuidado, levando em conta a
"modicidade tarifária" (preço
mais baixo pela energia gerada)
e a sobrevivência das empresas.
Colaborou KENNEDY ALENCAR ,
da Sucursal de Brasília
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